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13/Mai/2022

Dólar em baixa na contramão da tendência global

A onda de valorização global da moeda norte-americana, em meio a um forte movimento de liquidação de ativos de risco, não se traduziu em corrida pelo dólar no mercado doméstico de câmbio, como se podia esperar. O tom positivo da bolsa brasileira, em um possível movimento de rotação de carteiras, e a valorização de algumas commodities agrícolas deram certo suporte a moeda brasileira. Houve também relatos de redução de posições defensivas no mercado futuro e de entrada de exportadores. O dólar abriu em alta e chegou a tocar no patamar de R$ 5,20 nos primeiros negócios. Mas, perdeu fôlego logo em seguida e desceu até a mínima de R$ 5,10. Mesmo com as bolsas em Nova York tendo amargado perdas superiores a 1% em certos momentos e a moeda norte-americana batendo máximas contra o euro, o dólar não foi capaz de apresentar um desempenho robusto no Brasil. Alternando entre altas e baixas, o dólar fechou a R$ 5,14, com leve queda de 0,08%.

Nesta semana, a divisa acumula valorização de 1,28%, o que leva os ganhos em maio para 4%. Em 2022, o dólar apresenta perda de 7,81%. Segundo a SVN, o dólar trabalhou em queda por conta da alta do Ibovespa. Os balanços do setor financeiro foram bem positivos. Ressalta-se que a moeda norte-americana já acumula uma alta forte frente ao Real. Entre as demais divisas emergentes, apenas o peso mexicano mostrou fôlego similar ao do Real, na esteira da decisão do Banco Central do México de elevar a taxa de juros em 0,50%, para 7% ao ano. As maiores perdas ficaram para as moedas do Leste Europeu, como florim húngaro e o zloty polonês, em razão do recrudescimento das tensões geopolíticas na região. Os atritos entre Rússia e Ocidente se agravam com a perspectiva de que Finlândia e Suécia aderirem à OTAN. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) chegou a subir mais de 1% e registrar máxima aos 104,925 pontos, graças sobretudo ao tombo do euro.

Isso a despeito de declarações mais duras dirigentes do Banco Central Europeu (BCE). As taxas dos Treasuries caíram em bloco, com a T-note de 10 anos trabalhando na faixa de 2,80%, em claro sintoma de fuga para a qualidade. A aversão ao risco e a volatilidade extremada dos mercados tem como pano de fundo a possibilidade de perda de fôlego da economia global em meio a aperto monetário nos países desenvolvidos, sobretudo nos Estados Unidos, para conter a inflação. Nos Estados Unidos, o índice de preços ao produtor (PPI) em abril veio em linha com as expectativas, mas o resultado de março foi revisado para cima, de 1,4% para 1,6%. Na comparação anual, o PPI subiu 11%, um nível muito elevado. Embora haja a leitura de que a inflação nos Estados Unidos possa ter atingido seu pico, é dado como certo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá que promover altas consecutivas da taxa de juros e até mesmo levar a política monetária a campo restritivo.

Após alívio com redução expressiva de casos de Covid-19 na China, voltaram os temores de desaceleração mais acentuada da economia chinesa, em meio à política Covid-zero que sustenta medidas restritivas em Xangai. Foram reportados dois novos casos de Covid-19 fora do centro de isolamento administrado pelo governo chinês. O Banco Original não vê um gatilho específico para o movimento mais forte de fuga do risco nesta quinta-feira (12/05), pois não houve fatos novos. O impacto do lockdown na China, a alta de juros nos Estados Unidos e essa questão de Finlândia e Suécia na OTAN não são uma surpresa. Apesar de o Real ter se portado bem nesta quinta-feira (12/05), o cenário é de alta para o dólar nos próximos meses no Brasil. A taxa de câmbio deve ser de R$ 5,50 no fim do ano. Três são os propulsores do dólar. O primeiro, e mais relevante, é a alta de juros nos Estados Unidos. Para segurar a inflação, a taxa norte-americana deveria ir para cerca de 4% ou 4,5%, bem acima do nível neutro. Também joga contra a moeda brasileira a possibilidade de uma acomodação dos preços das commodities (que dispararam com a guerra na Ucrânia), com a desaceleração da economia global e menos demanda chinesa.

E o terceiro fator, de menor impacto, são as eleições presidenciais, que podem provocar turbulências e aumentar o risco-país. De toda forma, a fala de Jerome Powell, presidente do Fed, descartando alta de 75 pontos-base, pode fazer um ajuste mais lento da política monetária para não descarrilar os mercados. Certos gargalos de oferta fazem com que a acomodação dos preços das commodities seja mais lenta. A taxa de juros doméstica elevada ainda dá certa sustentação ao Real, ao tornar muito custoso o carregamento de posições compradas em dólar. Além disso, caso o Fed opte por seguir com altas de 50 pontos-base da taxa básica norte-americana, o diferencial de juros local e externo vai se estreitar mais devagar. A previsão é de que o fim do ciclo do aperto monetário no Brasil ocorra em junho, com uma alta da Selic em 0,50%, para 13,25%. O Copom deve dizer que quer tecnicamente parar para olhar o impacto do aperto na inflação. O juro deve ficar nesse patamar por um bom tempo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.