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11/Mai/2022

Inflação acelerada trava o crescimento econômico

Desastrosa para as famílias, forçadas a gastar cada vez mais para sobreviver, a inflação elevada é também um desafio para a atividade empresarial e um freio ao crescimento econômico. A acelerada alta de preços torna difícil planejar os negócios, ampliar e modernizar a produção, manter o volume de vendas e atender às demandas salariais dos empregados. Além de comprometer o bem-estar dos consumidores, principalmente dos mais pobres, a insegurança inflacionária corrói o potencial produtivo, entrava a prosperidade e reduz o emprego, problemas raramente lembrados pelo governo federal. Está difícil acertar as previsões, pois todas as matérias-primas subiram muito nos últimos meses. Com a redução de margens e o resultado abaixo do esperado, o investimento que muitas empresas gostariam de fazer fica para outro momento. Alguns dos maiores desafios estão retratados, numericamente, no Índice Geral de Preços (IGP) elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os preços por atacado subiram 7,69% nos primeiros quatro meses deste ano e 14,52% nos 12 meses até abril. Nesse período, os produtos de origem agropecuária encareceram 14,94%. Os de origem industrial, 14,35%. No setor imobiliário, antecipar as compras de materiais tem sido uma forma de contornar os aumentos de preços. Também nessa área o impulso inflacionário tem sido forte. Nos 12 meses terminados em abril, materiais de construção, equipamentos e serviços encareceram 14,94%. O custo da mão de obra, nesse período, subiu 8,02%. Parte da inflação é importada. Preços de matérias-primas e de bens intermediários têm subido, no mercado internacional, desde 2020, período da grande onda da pandemia de Covid-19. O enfrentamento do coronavírus produziu, como efeito secundário, um amplo desarranjo nas cadeias produtivas e nos sistemas de transportes dessas mercadorias. O quadro poderia ter melhorado neste ano, mas o suprimento de produtos importantes foi desarranjado, de novo, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia.

No Brasil, fatores internos complicaram os desajustes de custos e de preços finais. Já havia pressões inflacionárias de origem doméstica e, além disso, a instabilidade cambial ampliou os efeitos das cotações em alta no mercado internacional. O dólar chegou a recuar durante algum tempo, neste ano, mas com repiques de alta em vários momentos. A insegurança cambial tem sido alimentada em parte por fatores externos, como a guerra na Ucrânia e a alta de juros nos Estados Unidos. Mas, incertezas internas também afetam, e muito fortemente, as decisões de investidores capazes de movimentar, com rapidez, bilhões de dólares. As incertezas internas estão associadas principalmente a decisões tomadas pelo governo federal. Exportações do agronegócio e da mineração continuam garantindo robustos superávits comerciais. O volume de reservas cambiais pouco tem oscilado, de um mês para outro, e as contas externas permanecem seguras.

Mas, a ação dos investidores no dia a dia afeta o câmbio e, de forma indireta, os preços internos, elevando o custo de vida dos brasileiros e inflando os custos de produção. Os sustos dos investidores são atribuíveis principalmente a palavras e ações do presidente Jair Bolsonaro, mais dedicado a seus objetivos eleitorais do que aos interesses e às necessidades do País. São explicáveis também por desmandos praticados no Congresso, quase sempre em colaboração com o gabinete presidencial. Sem ser intencional, a mensagem resultante dessa colaboração é com frequência um desestímulo à manutenção de dólares no Brasil. Enquanto a insegurança permanece, a inflação se prolonga, o investimento produtivo fica emperrado e a economia derrapa, sem acompanhar os avanços externos e sem gerar empregos e bem-estar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.