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10/Mai/2022

Amazônia: desmatamento recorde para mês de abril

O desmatamento na Amazônia bateu novo recorde. Pela primeira vez, a área derrubada da floresta ficou acima de 1 mil Km² em abril, segundo dados de alertas do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Ao todo, foram 1.012 Km² perdidos, valor 74% maior do que o recorde anterior para o mês (580 Km² atingidos em abril do ano passado). A área de 1 mil Km² equivale a mais de 140 mil campos de futebol. O valor da perda deve ser ainda maior, uma vez que os dados do Inpe são para 29 dias do mês. O que chamou a atenção de especialistas é que abril é um mês chuvoso na Amazônia, o que historicamente costuma conter o avanço do desmatamento.

A área desmatada em abril de 2022 é 165% maior em comparação com a média para o mês. Desde agosto do ano passado, os alertas de desmate estão batendo sucessivos recordes: em outubro, janeiro, fevereiro e agora em abril. O Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, afirma que os resultados trazem consequências negativas não só para o meio ambiente, mas também para a economia nacional. O recorde de desmatamento em abril deste ano confirma uma triste sequência de aumento da perda das florestas e coloca o Brasil cada vez mais perto de um ponto de não retorno na Amazônia. O Brasil corre alto risco de desestabilização do clima, com consequências graves para o sistema energético nacional e o agronegócio.

Se o País quiser continuar com uma economia competitiva, precisa acabar com o desmatamento. A Coalizão é um movimento que reúne mais de 280 empresas e instituições representantes do agronegócio, meio ambiente, setor financeiro e pesquisadores. Ponto de não retorno é quando a devastação chega a um estágio irreversível e a floresta perde a capacidade de retomar um estado saudável. A WWF-Brasil destaca ainda o cenário global agravado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Com a guerra, a escassez de produtos aumenta o valor das commodities e vigora a falsa ideia de que é necessário desmatar mais para produzir mais, o que é um equívoco.

Para o Observatório do Código Florestal, a explicação para os atuais níveis de desmatamento na Amazônia está na falta de fiscalização. Se houvesse expectativa de punição pelo descumprimento da lei, certamente não haveria a destruição da floresta para abertura de novas áreas para lavoura e pecuária. A expectativa de impunidade é um vetor crucial de destruição da Amazônia que pode ser revertido, pois temos a legislação para todos. É preciso que a lei seja cumprida. Estudo realizado pelo MapBiomas apontou que apenas 2,17% dos alertas de desmatamento no Brasil, de janeiro de 2019 a março deste ano, têm algum registro de autorização ou de ação de fiscalização. Isso representa 13,1% da área total desmatada no período.

As análises derivam da criação de uma nova ferramenta, o Monitor da Fiscalização, que será atualizado periodicamente com os dados da União e dos Estados. O MapBiomas é uma plataforma que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia. Apesar de não ser um órgão governamental, tem entre suas fontes dados de sistemas oficiais, como o Deter e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ou seja, as informações que coleta e usa para gerar alertas são de conhecimento do próprio governo federal. Os dados abrangem todo o período de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República.

A atual gestão federal tem sido marcada por recordes nos índices de desmatamento, aumento de focos de incêndio florestal e críticas da comunidade internacional em relação à atuação do País na área. Após uma série de compromissos assumidos pelo governo na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26), em Glasgow, o embaixador britânico no Brasil chegou a afirmar que o País teria de provar que protege efetivamente o meio ambiente para conseguir atrair investimentos estrangeiros, incluindo o do Reino Unido. Segundo ele, o Brasil quer mais investimento em sua economia, mas, no futuro, não vai ser possível atrair os fundos maiores sem uma política ambiental clara nos níveis federal e estaduais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.