ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Mai/2022

Dólar tem nova alta e acumula valorização em maio

O dólar emendou o segundo dia de alta firme no mercado doméstico na sessão de sexta-feira (06/05), superando a barreira de R$ 5,10 nos momentos de maior pressão, e encerrou a primeira semana de maio com valorização de 2,68%, vindo de uma escalada de 3,81% em abril. Operadores voltaram a relatar fluxo de saída de ativos locais, com investidores dando continuidade a movimentos de ajustes e realização de lucros acumulados ao longo do primeiro trimestre para cobrir prejuízos em outros mercados. Dados da B3 mostram que os estrangeiros retiraram R$ 2,309 bilhões da bolsa na quarta-feira (04/05), levando os saques em maio a R$ 5,667 bilhões, mais da metade das retiradas líquidas em abril (R$ 7,6 bilhões). Com isso, o saldo positivo acumulado no ano, que chegou a superar R$ 60 bilhões, passou a ser de R$ 51,983 bilhões. Não há números atualizados sobre o fluxo cambial, dada a paralisação dos servidores do Banco Central, mas analistas acreditam que houve saídas expressivas pelo canal financeiro em abril e neste início de maio.

A busca pela moeda norte-americana se dá em meio à inflação elevada e a temores de desaceleração da economia global, em razão da perspectiva de aperto monetário mais intenso nos Estados Unidos e da perda de fôlego da atividade na China, que passa por lockdowns para conter a Covid-19. Há também preocupações com impacto inflacionário provocado pela continuidade da guerra na Ucrânia e pelas sanções do Ocidente à Rússia. A União Europeia debate um embargo completo ao petróleo russo. Dados do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) em abril, divulgados na sexta-feira (06/05), ajudaram a encorpar a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá que acelerar a alta de juros para domar a inflação. Monitoramento da CME Group mostra que as apostas de elevação da taxa básica norte-americana em 75 pontos-base em junho chegaram a ultrapassar 90%. Isso a despeito de o presidente do Fed, Jerome Powell, ter dito na quarta-feira (04/05), após a decisão de subir a taxa em 50 pontos-base, para a faixa entre 0,75% e 1%, que uma alta dos juros em 75 pontos-base não é algo que o Fed esteja ativamente considerando.

O Fed também ratificou o início da redução do balanço patrimonial a partir de junho, o que significa redução da liquidez. No exterior, o dólar subiu em relação à maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora recuado frente a alguns pares do Real, como peso mexicano e chileno. As bolsas em Nova York tombaram e a taxa da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, subiu mais de 2%, atingindo 3,12% na máxima. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) chegou a ensaiar um ajuste maior de baixa, em razão da recuperação do euro após declarações em tom duro do Banco Central Europeu (BCE). Quando o mercado local fechou, porém, já operava com queda moderada, na casa dos 103,600 pontos, nível mais elevado em 20 anos. No Brasil, o dólar trabalhou em alta ao longo de toda a sessão e superou a casa de R$ 5,10, correndo até a máxima de R$ 5,11 (+1,96%), com investidores digerindo dados do emprego nos Estados Unidos. Depois, a divisa moderou os ganhos e operou abaixo de R$ 5,10.

No fim da sessão, o dólar era cotado a R$ 5,07, em alta de 1,17%, fechando a semana passada com valorização de 2,68%. Com a arrancada dos últimos dias, a baixa acumulada em 2022 passou a ficar abaixo de dois dígitos (-8,98%). Principal indicador do dia, o payroll mostrou criação de 428 mil vagas de emprego nos Estados Unidos em abril, acima do esperado (400 mil). Houve revisão para baixo nos dados de março (de 431 mil para 428 mil) e de fevereiro (de 750 mil para 714 mil). A taxa de desemprego permaneceu em 3,6%, levemente acima do esperado (3,5%). Já o salário por hora subiu 0,3% em abril, ante previsão de 0,4%, mas teve alta de 5,5% na comparação anual de abril, em linha com as expectativas. Segundo a Blue3, o mercado já não acredita que altas de 50 pontos-base vão conseguir conter a inflação. O Fed vai ter que aumentar mais os juros e isso terá impacto no crescimento da economia. Isso fez o dólar subir no mundo inteiro. Não há dados do fluxo cambial, mas o mercado já começa a enxergar uma reversão da postura do estrangeiro neste segundo trimestre.

Para o BTG Pactual, o Fed vai promover mais quatro elevações da taxa básica em 50 pontos-base nas próximas reuniões, com uma alta de 25 pontos no último encontro do ano, para a faixa entre 3% e 3,25%. O quadro de juros nos Estados Unidos é um dos vetores contrários para o Real e as demais moedas emergentes. Para o Brasil, o BTG Pactual aposta em fim do ciclo aperto monetário em junho, com uma alta final da taxa Selic em 0,50%, para 13,25% ao ano, patamar atrativo para investidores estrangeiros. Contudo, os riscos fiscais voltam a ter protagonismo no debate econômico doméstico, dada a indefinição em torno do reajuste salarial dos servidores. Apesar da depreciação do Real em abril e neste início de maio, o BTG Pactual mantém a projeção de dólar no fim de 2022 a R$ 4,80. A perspectiva é que o aperto monetário norte-americano, que traz um movimento de depreciação ao Real, deve ser contrabalançado, a partir de novembro, pela redução das incertezas domésticas e pelo preço elevado das commodities, em linha com a estimativa de superávit comercial de US$ 76 bilhões neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.