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06/Mai/2022

Dólar sobe com temor de estagflação global e Fed

A lua de mel dos mercados com o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não durou nem 24 horas. Depois de celebrar ontem a fala do presidente da instituição, Jerome Powell, que tirou do radar uma alta de 0,75% da taxa básica em junho, os investidores bateram em retirada de ativos de risco nesta quinta-feira (05/05) e correram para se abrigar no dólar diante do ressurgimento do fantasma da estagflação global. A combinação de aperto monetário nos Estados Unidos mesmo que ao ritmo de 0,50 ponto por reunião, aliada a dados decepcionantes da atividade na China e na Alemanha, despertam temores de desaceleração abrupta da atividade mundial em meio a uma inflação ainda em níveis elevados. O PMI composto da China, que persiste na política de lockdown para conter a Covid-19, recuou de 43,9 em março para 37,2 em abril, segunda maior queda da série histórica.

Os gargalos de oferta provocados pela guerra na Ucrânia, que parece longe de um desfecho, e os efeitos colaterais das sanções do Ocidente à Rússia também pesam. A moeda norte-americana experimentou um forte movimento global de valorização. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhou na maior parte do dia em alta superior a 1% e chegou flertar com os 104,000 pontos ao correr até a máxima de 103,942 pontos. Quem mais sofreu foi a libra, com perdas superiores a 2% ante o dólar. O Banco da Inglaterra (BoE) subiu os juros em 25 pontos-base, como esperado, mas alertou para pressões inflacionárias adicionais e passou a prever retração da economia do Reino Unido em 2023. As divisas emergentes caíram em bloco.

O rand sul-africano amargou as perdas mais pesadas, da ordem de 3%. A taxa da T-note de 10 anos, o principal ativo do mundo, voltou a se situar acima de 3%, tendo atingido 3,10% na máxima. O Banco Ourinvest, afirma que, a despeito de Powell ter afastado uma alta de 0,75% da taxa básica norte-americana em junho, o mercado se pergunta se o Fed não vai precisar em algum momento promover um ajuste monetário mais agressivo para conter a inflação. Há um movimento de correção em relação à quarta-feira (04/05). Os juros dos Treasuries estão subindo bastante e isso impacta de forma negativa as moedas emergentes. No mercado doméstico de câmbio, a corrida pela divisa começou já no início dos negócios, com o dólar abrindo em alta de quase 1%, na casa de R$ 4,95. A barreira dos R$ 5,00 foi superada rapidamente e a divisa correu até máxima a R$ 5,05 (+3,16%). No fim da sessão, com moderação do ritmo de alta da moeda norte-americana no exterior, o dólar era cotado a R$ 5,01, em alta de 2,30%.

No acumulado do ano, as perdas ainda são de dois dígitos (-10,03%). Segundo a Inv., após erros sucessivos do Fed em diagnosticar a resistência da inflação, o mercado já não tem tanta confiança de que o banco central norte-americano vai conseguir pôr os preços nos trilhos sem uma alta mais agressiva dos juros e consequente desaceleração da atividade. Essa disparada das taxas dos Treasuries é um claro sinal de que o mercado vê a necessidade de o Fed ir mais rápido. A aposta em alta da taxa em 0,75%, que havia desaparecido na quarta-feira (04/05), após a fala do Powell, voltou com força. Em meio à onda global de fuga do risco, eventuais impactos da perspectiva de continuidade do aperto monetário no Brasil, que, em tese, é benéfica para o Real, ficaram em segundo plano. Após elevar a taxa Selic na quarta-feira (04/05) em 1%, para 12,75%, o Copom deixou a porta aberta para alta adicional em junho. Algumas casas reviram a expectativa para o tamanho total do ciclo após a decisão do Copom.

O UBS BB, por exemplo, elevou a previsão da taxa Selic terminal de 12,75% para 13,25%, com alta de 0,50% em junho. A Renascença DTVM também elevou a projeção para a taxa básica de 12,75% para 13,25%. O Credit Suisse reiterou suam perspectiva de taxa Selic a 14%, com elevação de 0,75% em junho e de 0,50% em agosto. Para a Inv., com dados positivos da balança comercial, taxa de juros interna elevada e bons resultados fiscais correntes, ainda há espaço para que o dólar volte a se situar abaixo dos R$ 5,00 no curto prazo. Os mercados locais de bolsa e de renda fixa estão bem mais frágeis. O 'trade' mais atraente para os gestores ainda é de aposta na queda do dólar assim que diminuir um pouco o estresse no exterior. Entre os indicadores, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 8,148 bilhões em abril e foi o segundo melhor resultado para o mês da série histórica, atrás apenas de abril do ano passado (US$ 9,963 bilhões). Em 2022, a balança acumula superávit de US$ 19,947 bilhões, crescimento de 10,5% em relação ao ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.