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06/Mai/2022

Economia pode desacelerar com aumento de juros

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cumpriu a promessa de elevar a taxa Selic em 1%, de 11,75% para 12,75% ao ano, e sacramentou o mais longo ciclo de aperto monetário ininterrupto da história do comitê, após 10 aumentos seguidos. O Copom, porém, abriu mão de finalizar o ciclo neste mês, diante de uma inflação que não para de surpreender e de notícias preocupantes no cenário internacional. A decisão foi tomada horas depois de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), também preocupado com as pressões sobre os preços, elevar a taxa básica de juros para o intervalo entre 0,75% e 1%, uma alta de 0,5%. O Fed não fazia uma elevação dessa magnitude desde maio de 2000. Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, um aumento dos juros encarece o crédito e o custo da dívida pública, elevando o risco de uma desaceleração maior da economia. Com financiamento mais caro, empresas podem segurar investimentos, com impacto no emprego e na renda.

Juros mais altos nos Estados Unidos tendem ainda a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo e, consequentemente, valorizar o dólar frente a outras moedas, afetando economias emergentes como a brasileira. No Brasil, o Copom sinalizou que pode fazer um novo movimento de alta, mas em menor escala, na próxima reunião, em junho. O mercado financeiro aposta em um aumento de 0,5%. Citando mais de uma vez a conjuntura econômica incerta, o Banco Central preferiu, desta vez, não cravar sua atuação para um período maior de tempo, como fez nas comunicações do Copom de março. Para a próxima reunião, o comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação.

A menção ao cenário incerto também esteve presente quando o Banco Central apresentou suas novas projeções de inflação, destacando que a incerteza em torno de suas premissas e estimativas atualmente é maior do que o usual. Desta vez, o colegiado considerou no cenário de referência do petróleo terminando o ano em US$ 100,00 por barril. No último Copom, em março, o Banco Central tinha usado essa premissa do petróleo no cenário alternativo, mas, desta vez, passou a usá-la como único cenário. O Banco Central prevê agora um IPCA (índice oficial de inflação) de 7,3% para 2022, acima do teto da meta (de 5%), e de 3,4% para 2023, superando o centro da meta no ano (de 3,25%). As estimativas, contudo, estão muito abaixo do que o mercado projeta (7,9% e 4,1%, respectivamente, conforme o Boletim Focus). Em relação aos riscos do cenário de inflação, o Banco Central continuou a prever fatores em ambas as direções, mas deixou de citar que via uma assimetria altista, ou seja, maior probabilidade de inflação mais alta.

Porém, pregou cautela na avaliação com a conjuntura particularmente incerta e volátil que requer serenidade na avaliação dos riscos. O colegiado também passou a incluir de maneira mais direta entre os riscos a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País, embora tenha repetido que essa incerteza já estaria parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos. A advertência vem num momento em que o presidente Jair Bolsonaro, que vai tentar a reeleição, indica a aprovação de novas despesas que podem pesar nos gastos do próximo governo. Além disso, existe no Congresso movimento para flexibilizar o teto de gastos, mecanismo que atrela as despesas públicas à variação da inflação. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Selic pode chegar a 14% ao ano, exigindo novos apertos do Copom nas duas próximas reuniões. A aposta é em alta de 0,75% em julho e, dada a pressão inflacionária, para realmente conseguir jogar a inflação para dentro das bandas da meta do próximo ano, vão precisar mais 0,5%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.