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05/Mai/2022

Dólar sofre recuo com ajuste mais suave do Fed

A perspectiva de que o processo de ajuste da política monetária norte-americana não será tão intenso e rápido como se esperava, após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, nesta quarta-feira (04/05), levou a uma rodada de enfraquecimento global da moeda norte-americana. Isso abriu espaço para o dólar voltar a ser negociado na casa de R$ 4,90 no mercado doméstico de câmbio. Como esperado, o Fed subiu a taxa básica em 0,50%, para a faixa entre 0,75% e 1% ao ano, em um comunicado que suscitou reações tímidas nos preços dos ativos. O dólar, que vinha em leve alta, na casa de R$ 5,00, pouco se moveu. A virada do mercado veio quando Powell, durante entrevista coletiva, praticamente tirou a possibilidade de acelerar o passo de alta de juros em junho, ao dizer que 0,75% não é algo que o comitê está ativamente considerando.

O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) desceu do nível de 103,600 pontos para a casa de 102,600 pontos, e a taxa da Treasury de 2 anos, mais ligada à expectativa em torno dos juros neste ano, caiu mais de 4%. A maioria das divisas emergentes, que já ganhava espaço, acelerou a alta em relação à moeda norte-americana. No mercado doméstico, o dólar não apenas trocou de sinal como chegou a furar pontualmente o piso de R$ 4,90, ao descer até a mínima de R$ 4,89 (-1,30%). No fim da sessão, a divisa recuava 1,21%, cotada a R$ 4,90. Com isso, o dólar passa a acumular queda de 0,79% no mês e perda de 12,06% em 2022. Segundo o Banco Fibra, o Real sentiu bastante o efeito da tensão pré-Fomc (comitê de política monetária do Fed). Mas, agora, ocorre uma volta desse movimento com a postura mais suave do Fed.

O mercado de juros norte-americano embutia grande probabilidade de alta de 0,75% da taxa básica em junho. Isso agora está fora da mesa. Obviamente, o dólar perde valor em relação a moedas de mercados desenvolvidos e moedas de commodities. Antes de responder perguntas de jornalistas em coletiva de imprensa, Jerome Powell se dirigiu diretamente à população norte-americana, em uma mensagem reconhecendo que a inflação está elevada, em meio a um mercado de trabalho apertado, demanda interna forte e gargalos na cadeia produtiva. Ele afirmou que a inflação está muito elevada e que o Fed vai atuar para baixá-la. Essas declarações mais duras foram ofuscadas logo em seguida pelo próprio Powell, ao descartar a possibilidade de alta de 0,75% dos Fed funds em junho, reforçando que há uma ampla avaliação entre dirigentes do Fed de que novos aumentos de 0,50% estão na mesa para as próximas reuniões.

No plano da instituição, a inflação vai arrefecer e a economia terá um "pouso suave". Há, segundo Powell, uma boa chance de o Fed restaurar a estabilidade de preços sem provocar uma recessão e aumento de desemprego nos Estados Unidos. O Banco Ourinvest avalia que as declarações de Jerome Powell, à exceção da fala sobre novas altas de 0,50%, foram bastante duras, alertando o mercado de trabalho apertado e a demanda aquecida. A alta de juros e a redução do balanço já estavam precificados. O mercado viu a fala de Powell como dovish e, por isso, houve queda da taxa de câmbio. Não está descartada uma reversão dessa tendência de baixa do dólar no curto prazo. Há possibilidade de o mercado voltar a cogitar alta de 0,75% da taxa básica nos Estados Unidos em razão da inflação pressionada. O Fibra ressalta que a tendência para as moedas emergentes e o Real é de apreciação nos próximos meses, uma vez que os preços das commodities devem continuar em níveis elevados.

As divisas emergentes vão sofrer não com uma ou duas altas dos Fed Funds, mas com o efeito cumulativo do ajuste da política monetária norte-americana, que ainda vai demorar a se manifestar. Além da alta dos juros, há também o impacto da redução do balanço patrimonial, que vai começar em junho, na ordem de US$ 47,5 bilhões ao mês nos três primeiros meses. No ano que vem, as commodities devem sofrer com o aperto monetário cumulativo nos Estados Unidos. Não haverá efeitos agora. Para esse semestre, o cenário ainda é de valorização das moedas emergentes. E o real vai seguir esse movimento no curto prazo", diz Oliveira, que não descarta a possibilidade de a taxa de câmbio voltar ao nível de R$ 4,80. Antes do veredicto do Fed, operadores comentavam que, caso o Banco Central sacramente o fim do ciclo de aperto monetário, o dólar poderia se firmar acima de R$ 5,00 e até emendar uma alta mais substancial. Um discurso mais firme do Copom, com aceno de elevação adicional da Selic em junho, daria fôlego extra ao Real. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.