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04/Mai/2022

Dólar recua com exterior e leilão do Banco Central

Após dois pregões seguidos de alta, em que subiu 2,68% e voltou a superar barreira de R$ 5,00, o dólar recuou na sessão desta terça-feira (03/04), véspera de decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos. O enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior, aliada à venda de US$ 1 bilhão em contratos extras de swap cambial pelo Banco Central, abriu espaço para um movimento de ajuste de posições e realização de lucros. Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar rompeu o piso de R$ 5,00 ainda pela manhã. Ao longo da tarde, a divisa ampliou as perdas e chegou a tocar pontualmente o nível de R$ 4,95. No fim da sessão, o dólar recuava 2,15%, a R$ 4,96. Divisas emergentes subiram em bloco ante a moeda norte-americana, com o Real e o rand sul-africano exibindo os maiores ganhos. Após a escalada recente, em que atingiu o maior patamar em 20 anos, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes) trabalhou em queda, registrando mínima aos 103,029 pontos.

O euro, que vinha apanhando, se recuperou, na esteira resultado acima do esperado da inflação ao produtor na zona do euro em março e declarações da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christiane Lagarde. A taxa da T-note de 10 anos, que tocou 3% na máxima, descia para a casa de 2,97% no fim da tarde desta terça-feira (03/05). Após a forte deterioração dos ativos de risco, investidores recalibram posições para a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), seguida de entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. Segundo o Banco Ourinvest, na segunda-feira (02/05), o mercado teve uma postura de forte cautela, já precificando um discurso mais duro do Fed. Nesta terça-feira (03/05), esse movimento foi reajustado. O dólar subiu 2,63% na segunda-feira (02/05). O Real, por ser mais líquido, tem um movimento mais intenso que outras moedas emergentes. O ambiente é de extrema volatilidade. É dada como certa uma alta da taxa básica norte-americana em 50 pontos-base.

Há dúvidas, porém, se o Fed deixará a porta aberta para acelerar o passo em junho, com eventual alta de 75 pontos-base, e se sinalizará a necessidade de pôr a política monetária em campo restritivo para controlar a inflação. No Brasil, é consensual que o Banco Central vai seguir o script e promover uma alta da taxa Selic em 1%, para 12,75% ao ano. O mercado quer mais e espera pelo menos uma alta adicional de 0,50% em junho, mas não se sabe se o Banco Central está disposto a estender o ciclo de aperto. Para a Commcor DTVM, o mercado pode estar aparando excessos e montando posições para a eventualidade de o Fed surpreender com um tom "não tão hawkish" quanto se esperava na semana passada. Se isso acontecer, pode haver uma recuperação dos ativos de risco e nova queda do dólar. O fortalecimento do Real foi atribuído, sobretudo, à perda de força da moeda norte-americana no exterior. A atuação do Banco Central, com colocação de US$ 1 bilhão em swap (o que significa venda de dólar futuro), pode ter contribuído para acentuar o tombo do dólar, mas não teria poder de ditar a tendência. O Banco Central deu hedge para quem queria se proteger e uma saída para quem queria desmontar posição no futuro.

O movimento do dólar nos últimos dias está muito mais ligado ao cenário global do que ao local. No nível de R$ 5,00 o dólar já embute a perspectiva atual de estreitamento do diferencial de juros interno e externo. Além do leilão extra de swap, o Banco Central vendeu 15 mil contratos de swap (US$ 750 milhões) em rolagem dos vencimentos programados para junho. Ao todo, o Banco Central fez três injeções de recursos novos no mercado neste ano: US$ 1 bilhão em swaps nesta terça-feira (03/05), US$ 500 milhões em swaps no dia 26 de abril e US$ 571 milhões à vista no dia 22 de abril. Em relatório, o Citi afirma que a depreciação recente do Real, que levou o dólar a atingir R$ 5,00 na segunda-feira (02/05), teve como gatilho um cenário global mais adverso, com fortalecimento da moeda norte-americana. Para a decisão do Copom desta quarta-feira (04/05), o Citi reitera aposta em alta da Selic em 1%, para 12,75% ao ano. O ciclo de aperto se encerraria em junho, com uma elevação final da taxa em 0,50 ponto, para 13,25%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.