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03/Mai/2022

Dólar dispara com o efeito China e a espera do Fed

O dólar disparou neste início de semana e fechou acima de R$ 5,00 pela primeira vez desde 18 de março, em meio à onda de fortalecimento global da moeda norte-americana. À cautela em torno da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira (05/05), que pode trazer um tom mais duro, somaram-se temores de desaceleração da economia mundial em momento de inflação elevada, a chamada estagflação. Dados de atividade industrial abaixo do esperado nos Estados Unidos e, sobretudo, na China assustaram os investidores. Os lockdonws prescritos pela política de Covid zero no gigante asiático traçam um cenário ruim para commodities, levando a uma queda em bloco das divisas emergentes. No Brasil, a moeda operou com sinal positivo desde a abertura e superou a barreira dos R$ 5,00 já na primeira hora de negócios. A onda compradora se acentuou ao longo da tarde com a piora do ambiente externo.

A taxa da T-note de 10 anos atingiu 3% pela primeira vez desde 2018 e o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) escalou até os 103,747 pontos. Com renovação sucessiva de máximas, o dólar correu até R$ 5,08. No fim do dia, com a virada das bolsas norte-americanas para o positivo e a diminuição das perdas do Ibovespa, o dólar desacelerou os ganhos e encerrou o primeiro pregão de maio em alta de 2,63%, a R$ 5,07, o maior valor de fechamento desde 17 de março (R$ 5,03). A desvalorização da moeda norte-americana no ano, que chegou a superar 17%, voltou a ser de um dígito (-9,02%). Nesta segunda-feira (02/05), o Real liderou as perdas entre divisas emergentes, seguido pelo rand sul-africano, com baixa na casa de 2%, e pelo peso chileno e colombiano, que caíram mais de 1%. Apesar da escalada do dólar, o Banco Central não esteve presente no mercado, talvez porque o movimento de valorização da moeda norte-americana tenha sido global e não tenha havido disfuncionalidade na formação da taxa de câmbio.

As duas últimas intervenções do Banco Central foram no dia 22 de abril (venda de US$ 571 milhões em leilão à vista) e no dia 26 de abril (venda de US$ 500 milhões em contratos de swap cambial). Já está na conta do mercado que o Copom anuncie uma alta de 1% da taxa Selic, para 12,75%, na quarta-feira (05/05). Espera-se que o Banco Central deixe a porta aberta para uma elevação residual em junho, talvez de 0,50%. Embora a taxa real doméstica seja a maior do mundo (à exceção da Rússia) e o diferencial de juros interno e externo tenda a se manter ainda em níveis elevados, os investidores se mostram cautelosos e evitam aumentar exposição à moeda brasileira no curto prazo, dada a incerteza no ambiente externo. No exterior, além da provável elevação da taxa básica em 50 pontos-base, o Fed pode acenar um ajuste monetário rápido e intenso. Já é grande a especulação de uma elevação dos Fed Funds em 75 pontos-base em junho.

Além de caminhar para pôr a taxa básica rapidamente no nível neutro (talvez até acima dele), o Fed deve começar a reduzir seu balanço patrimonial, o que significa tirar dinheiro do sistema. Segundo a Planejar, o dólar segue bastante pressionado, principalmente por conta da reunião do Fed nesta semana. Dados de renda e consumo nos Estados Unidos ainda estão em alta, gerando pressão inflacionária. O rendimento dos Treasuries continua a subir e o fluxo estrangeiro para a bolsa brasileira mostra reversão. Entre os indicadores desta segunda-feira (02/05), o índice de gerentes de compras (PMI) da indústria dos Estados Unidos, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), recuou de 57,1 em março a 55,4 em abril. O resultado contrariou a previsão de alta a 57,8 dos analistas. Apesar de vir abaixo do esperado, o dado mostra atividade em expansão. A Armor Capital afirma que, com a economia norte-americana aquecida e a inflação elevada, o Fed deve promover pelo menos quatro altas de 0,50% nos juros nas próximas reuniões.

Em seguida, deve desacelerar o ritmo para 0,25%, levando os Fed Funds a 4% no fim do ciclo, tendo em vista a necessidade de juros restritivos para combater a alta da inflação. Na China, às voltas com medidas de restrição para combater a Covid-19, o índice de gerente de compras (PMI) industrial caiu de 48,1 para 46 em abril o nível mais baixo desde fevereiro de 2020, momento em que a pandemia do coronavírus tomava o mundo. O PMI da China foi muito fraco. A política chinesa de Covid zero está comprometendo as cadeias de suprimento. É mais um fator de aversão ao risco que favorece o dólar. Segundo a Venice Investimentos, existe uma busca de proteção no mundo que gira muito entorno do ambiente inflacionário global. O mercado quer pistas de como os bancos centrais vão atuar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.