ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

03/Mai/2022

China: lokcdowns levam à desaceleração econômica

Atravancada pela política de tolerância zero do governo chinês contra a Covid-19, a China está enfrentando um período de crescimento mais fraco. Os economistas já estão até usando o termo "recessão" para descrever essa fase. Uma recessão normalmente significa dois trimestres seguidos de contração, e isso continua sendo improvável na China. O país dispõe de muitas formas para garantir expansão econômica mais forte do que os Estados Unidos e a Europa este ano, incluindo a capacidade de deflagrar pesados gastos do governo. Economistas afirmam, porém, que as condições subjacentes, agravadas pelos lockdowns motivados por surtos de Covid-19 em Xangai e em outras cidades, estão começando a se parecer mais com uma recessão, problema que não assola a China há décadas. Milhões de recém-formados estão com dificuldades de encontrar emprego. Empresas estão menos confiantes. As importações despencaram e, preocupados, os chineses estão poupando mais.

PMIs oficiais mostraram contrações nos setores manufatureiro e de serviços pelo segundo mês consecutivo em abril, atingindo os menores níveis desde o início da pandemia em 2020. Em meados do mês passado, a produção de cimento estava em menos de 40% da capacidade total. Os embarques de smartphones tiveram uma queda anual de 18% no primeiro trimestre. As vendas de escavadores na China foram 61% menores em abril do que no mesmo mês do ano passado. Os desafios da China vão além dos últimos lockdowns. O impacto da guerra na Ucrânia impulsionou os custos das empresas chinesas e contribuiu para o enfraquecimento da demanda por suas exportações. Incursões regulatórias atingiram setores em franca expansão, como tecnologia e educação. A indústria imobiliária, importante catalisador da economia doméstica, entrou em queda livre no ano passado, à medida que as incorporadoras acumularam dívidas e as vendas de moradias sofreram um tombo.

Qualquer desaceleração sustentada da China será sentida em âmbito global, privando a economia de um de seus motores mais confiáveis num momento em que pressões inflacionárias e ligadas à guerra russo-ucraniana alimentam temores de recessão nos Estados Unidos e Europa este ano. No primeiro trimestre, o PIB norte-americano encolheu a uma taxa anualizada de 1,4%, de acordo com números divulgados na semana passada. A expectativa era que a China respondesse por um quarto do crescimento econômico mundial no período de cinco anos até 2026, conforme projeção anunciada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no ano passado. Países exportadores de commodities como o Brasil, que dependem da demanda chinesa por produtos como minério de ferro e outros metais, podem enfrentar um declínio na demanda. Já exportadores de componentes e máquinas para a China, caso de Taiwan, Coreia do Sul e Japão, viram suas vendas se enfraquecer após os lockdowns fecharem fábricas chinesas.

Autoridades chinesas vêm prometendo que farão a economia se recuperar, sem abandonar suas rígidas medidas de controle da Covid-19. O presidente Xi Jinping, que pretende garantir um terceiro mandato num importante encontro político que ainda ocorrerá este ano, defendeu uma abrangente campanha para impulsionar o crescimento por meio de mais investimentos em infraestrutura. Nos últimos anos, o governo chinês vinha mostrando relutância em usar esse tipo de estratégia por temer uma piora da questão do endividamento na China. Outros planos incluem a distribuição de cupons de consumo e ações para conter campanhas regulatórias que comprometeram a expansão dos setores de tecnologia e imobiliário. Muitos economistas, porém, estão decepcionados com o comportamento do governo chinês até agora. O Banco do Povo da China (PBoC) reduziu compulsórios bancários recentemente, mas vem mantendo os juros estáveis desde janeiro, receosos de que os investidores busquem retornos mais robustos em outras partes.

Pequim endureceu, no sábado (30/04), as medidas de restrições para conter o recente avanço do coronavírus na cidade, mas ainda não decretou lockdown estrito semelhante ao adotado em Xangai. Autoridades da metrópole de 21,5 milhões de habitantes anunciaram o fechamento de restaurantes para consumo interno durante o feriado do Dia do Trabalho, que se estende até esta quarta-feira (04/05). Os serviços poderão funcionar apenas para entrega aos clientes. No início da semana passada, o governo de Pequim iniciou o processo de testagem em massa de toda a população, com objetivo de identificar casos de Covid-19 e tentar conter o surto recente. Em Xangai, não foram reportados diagnósticos positivos do vírus fora das regiões de quarentena pela primeira vez desde a onda atual. O centro financeiro enfrenta um lockdown desde o mês passado, com mais de 4 milhões de pessoas impedidas de sair de casa. Outras 5,4 milhões não podem deixar as áreas em que vivem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.