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25/Abr/2022

Dólar dispara em aversão ao risco e política interna

Em dia amargo para o mercado, que somou a aversão a risco externa a fatores políticos e econômicos domésticos, o dólar escalou sobre o Real. Com uma alta de 4,00%, o dólar fechou na sexta-feira (22/04) no maior patamar em quase um mês (24/03), a R$ 4,80. Entre a mínima (R$ 4,67) e a máxima (R$ 4,83), o dólar chegou a andar R$ 0,15 e preocupou o Banco Central, que atuou vendendo divisa para acalmar os ânimos e retirar pressão do Real. Ao flertar com os R$ 4,84, nas últimas horas do pregão, o comportamento do dólar levou o Banco Central a intervir, o que não acontecia desde dezembro do ano passado, trazendo a moeda de volta para próximo dos R$ 4,80. O leilão vendeu US$ 571 milhões à vista, teve taxa de corte de R$ 4,79. Foram aceitas três propostas. A intensidade da alta de sexta-feira (22/04) tem relação com o feriado do dia 21 de abril.

Foi potencializado um movimento de dois dias de força que dólar ficou em relação a outras moedas. Na semana passada, o dólar acumulou uma alta de 2,32%. No mês, sobe 0,92%. No exterior, o principal fator que abalou as moedas emergentes foi o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) na quinta-feira (21/04). A fala foi lida pelo mercado como dura, no sentido de que o aperto maior nos juros, de 50 pontos, deve vir já na próxima reunião, com possibilidade de ser seguido nos próximos encontros. Nesse cenário, contribuiu ainda entrevista concedida pela secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, admitindo que a inflação seguirá por mais um tempo. Com a sinalização de um Fed mais agressivo, o dólar se fortaleceu globalmente. Tanto que o índice DXY (que mede o dólar ante moedas fortes) ultrapassou a marca dos 101 mil na sexta-feira (22/04), marca não vista em muito tempo.

Entre emergentes, a moeda norte-americana subia generalizadamente, à exceção do rublo russo, já muito penalizado pela guerra. O dia ruim para commodities também não ajudou as moedas de países exportadores, como o Brasil, com o petróleo tendo terminado o dia em queda de 1,55% (Brent) e o minério, em baixa de 1% na China. Soja, minério de ferro, petróleo, as commodities que o Brasil exporta estão caindo e isso afeta a moeda. O ciclo aquecido de commodities no início do ano foi o grande responsável pela entrada de investidores no País e a consequente valorização do Real recente. No Brasil, o principal fator que azedou o humor do investidor foi o indulto concedido pelo presidente Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, condenado por ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), inaugurando nova crise institucional entre os dois poderes.

Segundo o Banco Ourinvest, foi uma sinalização ruim, gera crise institucional política grande que acaba refletindo nos mercados e acaba provocando ruído político e mais pressão no Real. Para a Frente Corretora, as fronteiras entre os poderes estão estremecidas, os investidores olham essa intervenção e isso gera insegurança. Para os analistas, o mercado começa agora a voltar a olhar o cenário político interno, sentindo a aproximação do processo eleitoral. Com a moeda bastante descontada pelo fluxo estrangeiro que ajudou o Real nos últimos meses, a divisa brasileira acabou sofrendo mais do que as outras. A tendência agora é gerar um pouco mais de estresse, até porque vai começar a aparecer os planos econômicos de governo. Contudo, a alta de sexta-feira (22/04) foi muito abrupta e a probabilidade maior é de que volte para um patamar mais comportado nesta semana e passe a subir mais gradualmente para algo em torno de R$ 5,00.

O dólar deve voltar para algo em torno de R$ 4,75 e depois subir mais gradualmente para um patamar mais perto de R$ 5,00. Em um ambiente de alta mais agressiva de juros norte-americanos, o mercado pesou também sinalizações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a investidores de que o ciclo de elevação de juros deve de fato terminar em breve. Com isso, há dúvidas sobre o quão interessante o diferencial de juros brasileiro ficará aos investidores. Além disso, o mercado ainda digere o pedido de vistas, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), na quarta-feira (19/04), na análise da privatização da Eletrobras. Na prática, isso inviabiliza a venda da estatal no prazo desejado pelo governo, em maio, e aumenta o mau humor do mercado. Também não ajuda o ruído fiscal em torno de possível aumento, no Congresso Nacional, do valor pago pelo Auxílio Brasil e o aperto político que o governo terá que passar para vetar um movimento nesse sentido. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.