ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Abr/2022

Dólar avança com exterior e postura firme do Fed

Nesta terça-feira (19/04), o dólar se firmou em alta e encerrou os negócios acima da linha de R$ 4,65. Esse movimento se deu em sintonia com o fortalecimento global da moeda norte-americana e o avanço das taxas dos Treasuries, em meio a especulações de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pode promover um ajuste monetário mais rápido e intenso. Até mesmo uma alta de 0,75% da taxa básica americana (Fed Funds) em maio entrou no radar, embora de forma minoritária, na esteira de declarações do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) operou em alta, tendo ultrapassado os 101,000 pontos na máxima. As divisas emergentes caíram em bloco, com o rand sul africano perdendo mais de 2% e o peso mexicano com queda superior a 1%, ambos considerados os dois principais pares do Real.

Apesar do recrudescimento do conflito na Ucrânia, as cotações do petróleo caíram mais de 5%, com o tipo Brent, referência para a Petrobras, voltando a ser negociado abaixo dos US$ 110,00 por barril. Commodities agrícolas e minério de ferro apresentaram leve queda, em dia em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou a estimativa para o crescimento global neste ano de 4,4% para 3,6%, sobretudo em razão dos efeitos na guerra na Ucrânia. A projeção para o PIB brasileiro em 2022 subiu de 0,3% para 0,8%. Para 2023, contudo, a expectativa caiu de 1,6% para 1,4%. Além do cenário externo adverso para o Real, houve um movimento de recomposição de posições cambiais defensivas, com investidores já se preparando para o feriado de Tiradentes (21/04), já que não haverá negócios e a liquidez na sexta-feira (22/04) tende a ser reduzida.

Com oscilação de apenas R$ 0,04 entre a mínima (R$ 4,64) e a máxima (R$ 4,68), o dólar fechou a R$ 4,66, em alta de 0,43%. A divisa ainda acumula queda de 1,95% em abril e perde 16,28% em 2022. Para a Treviso Corretora, o mercado de câmbio local está em um período de acomodação, com o dólar rodando em uma faixa entre R$ 4,60 e R$ 4,80, mais perto do piso ou do teto dependendo do ambiente no exterior, que nesta terça-feira (19/04) não foi favorável à moeda brasileira. Claramente, a taxa não tem força para superar R$ 4,80. Mas, como já caiu bastante e com um fluxo menor, também não recua muito mais. Nesta terça-feira (19/04), o dólar subiu no mundo inteiro com a expectativa pela alta de juros nos Estados Unidos. Mas, mesmo que a taxa chegue a 3% nos Estados Unidos, o diferencial de juros a favor do Brasil vai continuar enorme. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, voltou a defender uma política monetária mais dura contra a inflação e não descartou a possibilidade de uma alta da taxa básica em 0,75% no encontro de política monetária do Fed em maio.

Já o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, afirmou não ver necessidade de aumento dos juros em ritmo maior que 0,50%. Para Evans, mesmo com a alta dos juros, para combater uma inflação que está elevada, a economia norte-americana deve ter bom desempenho. A JF Trust observa que a curva de juros norte-americana já precifica taxa básica acima de 3% até o fim deste ano. O mais provável é que o Fed promova três altas seguidas dos juros em 0,50%, o que aumenta as chances de que de Fed Funds acima do nível neutro (2,75%) e de taxa de juros real positiva (considerando projeção de inflação 12 meses à frente) no fim deste ano. Dado esse cenário, são grandes as chances de o dólar se situar, ao longo dos próximos meses, acima da faixa entre R$ 4,64 e R$ 4,68, embora não esteja descartada a possibilidade de uma descida pontual da taxa de câmbio para o suporte estimado de R$ 4,52, em função de fluxos pontuais do comércio exterior.

O movimento mais expressivo de ingressos de recursos pela conta de capital já teria ocorrido neste semestre. Seria pouco provável um câmbio inferior a R$ 4,52 de forma sustentável. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a apreciação do Real se deve principalmente ao fundamento fiscal, já que o País voltou a ter superávit primário. A força do fundamento fiscal de um lado e o Banco Central atuante do outro, mais o aumento dos preços de commodities, derrubaram o câmbio. Ele acredita que esse movimento não vai se alterar. Questionado se o dólar pode recuar ainda mais e se encaminhar para o patamar de R$ 5,50, Guedes afirmou que a taxa de câmbio não vai cair de repente, mas não será mais um fator de preocupação como foi por muito tempo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.