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19/Abr/2022

Dólar cai com possível alta na Selic e commodities

O dólar abriu a semana em queda firme no mercado doméstico de câmbio, apesar do sinal predominante de alta da moeda norte-americana no exterior tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. O Real teria se beneficiado pela entrada de recursos de exportadores, em meio à alta das commodities metálicas e agrícolas, e por desmontagem de posições cambiais defensivas no mercado futuro, diante da expectativa de que o Banco Central vai ter de prolongar o aperto monetário para além da reunião do Copom em maio, na qual já está contratada uma elevação da Selic em 1%, para 12,75%. À leitura expressiva do IPCA de março (1,62%) há dez dias somou-se ao avanço de 2,48% do IGP-10 de abril, informado nesta segunda-feira (18/04). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acenou na semana passada com a possibilidade de estender o ciclo de elevação da taxa básica ao dizer que houve surpresa no último IPCA.

A avaliação é a de que uma Selic ainda maior mantém um diferencial de juros muito atraente mesmo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) acelere o ritmo de alta de juros nos Estados Unidos em maio, com elevação da taxa básica em 50 pontos-base. A resultante é um ambiente ainda muito favorável para operações de carry trade. Tirando uma alta momentânea, quando registrou a máxima a R$ 4,7088 (+0,27%), o dólar trabalhou em baixa durante todo o dia. No fim da sessão, o dólar era negociado a R$ 4,64, em queda de 1,02%, o que leva a uma desvalorização acumulada em abril para 2,37%. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes) operou em alta, acima dos 100,000 pontos. Em relação aos pares do Real, o dólar subiu frente ao rand sul-africano e ao peso chileno, mas apresentou leve queda ante o peso mexicano. O petróleo tipo Brent para junho, referência para a Petrobras, fechou a US$ 113,16 por barril, alta de 1,17%. O tombo do dólar poderia ter sido ainda maior não fosse o menor apetite externo pela Bolsa. Dados da B3 indicam que os investidores estrangeiros retiraram R$ 1,754 bilhão em abril (até dia 13 de abril).

No ano, contudo, o capital externo ainda apresenta entrada líquida de R$ 63,573 bilhões. Com a greve no Banco Central, não há dados disponíveis do fluxo cambial em abril, mas profissionais do mercado falam em uma desaceleração do ritmo de entrada, após um primeiro trimestre exuberante. O IPCA veio acima do esperado e o IGP-10 estourou. Isso abre espaço para o Banco Central ser mais agressivo e levar a Selic para mais de 13%. Para a Correparti, mesmo com a alta dos juros nos Estados Unidos, o Brasil vai ser muito atrativo para arbitragem de taxa de juros. Essa expectativa de juros mais altos levou a uma forte desmontagem de posições no mercado futuro. Além disso, o exportador está fechando câmbio e vendendo dólar futuro também. O Brasil se beneficia tanto pelo fato de ser exportador de commodities, cujos preços foram impulsionados pela guerra na Ucrânia, quanto por ter tradição em lidar com processos inflacionários e manter uma taxa real de juros elevada.

Esses fatores têm no momento peso maior na formação da taxa de câmbio do que as preocupações com as contas públicas e a eleição presidencial. O Banco Ourinvest também atribui o movimento de apreciação mais forte do Real nesta segunda-feira (18/04), enquanto outras divisas emergentes andam de lado ou perdem terreno, à expectativa de aumento mais expressivo da taxa Selic, na esteira do IPCA de março e do IGP-10 de abril. Essa expectativa de que o Banco Central estique o ciclo de aperto tem contribuído para a queda do dólar no País. Contudo, o quadro fiscal segue no radar, com o reajuste dos servidores. O mercado está em alerta com a possibilidade de novos aumentos até as eleições que acabem prejudicando as contas públicas. Isso pode gerar pressões sobre o dólar. Servidores públicos federais pressionam por reajuste maior que os 5% em estudo pelo governo e reivindicam reestruturação de carreiras. O Ministério da Economia afirmou que um reajuste de 5% já demandaria um esforço fiscal considerável em um país que não apresenta superávit primário.

Caso o aumento de 5% seja oficializado, o custo em 2023 seria de R$ 12,6 bilhões. Neste ano, a estimativa é de impacto de R$ 6,3 bilhões no segundo semestre. Além disso, medidas já aprovadas no Congresso ou em estágio avançado de discussão podem gerar uma bomba fiscal de cerca de R$ 25,5 bilhões neste ano, de acordo com o Insper. No exterior, os investidores receberam dados da economia chinesa, que sofre em meio a lockdowns para conter o avanço da Covid-19. O PIB chinês subiu 4,8% no primeiro trimestre (na comparação anual), acima do previsto (4,6%). A meta oficial para este ano, contudo, é de uma expansão de 5,5%. Já as vendas no varejo na China recuaram 3,5%, além do esperado (-2,0%). Crescem as expectativas de que o governo chinês possa lançar nova rodada de estímulos monetários para sustentar a atividade econômica. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.