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19/Abr/2022

Brasil: inflação dos mais pobres dispara em março

No Brasil, a inflação das famílias mais pobres cresceu em março em ritmo mais acelerado do que para as famílias de maior rendimento. O principal motivo foi a alta dos alimentos mais relevantes na cesta dos mais pobres. Em março, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou alta de 1,74% para as famílias de renda muito baixa e 1,72% para as de renda baixa. Nos últimos 12 meses, a inflação para as famílias de renda muito baixa foi de 12% e para as de baixa renda, de 11,6%. Já as famílias ricas acumulam inflação de 10% em 12 meses e de 1,24% em março. Ruim para todos, a inflação é especialmente nociva aos pobres, mais dependentes de cada Real para sobreviver e menos capazes, portanto, de ajustar seus gastos sem grandes sacrifícios. No Brasil, os números mostram os pobres em dupla desvantagem diante do aumento do custo de vida.

Em primeiro lugar, os preços ao consumidor subiram mais para os menos abonados nos 12 meses terminados em março, variando entre 12,04% para as famílias de renda muito baixa e 9,97% para as de renda alta. Em segundo, as famílias mais necessitadas foram atingidas principalmente pelo encarecimento de itens essenciais, como alimentos, eletricidade e gás de cozinha. Entre os extremos de 12,04% e 9,97%, os aumentos acumulados no período de um ano foram decrescentes ao longo de uma escala de seis classes de renda, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A desigualdade econômica, já muito ampla no Brasil, foi agravada pelos impactos, claramente desiguais, da variação geral dos preços, como se a pobreza atraísse mais dificuldades. Além disso, cada faixa social foi afetada de forma diferente pelo encarecimento de cada grupo de bens e serviços. As altas de preços de comida e habitação (onde se incluem eletricidade e gás) compuseram mais de metade da inflação das duas classes de renda mais baixas.

A televisão mostrou em várias ocasiões, nos últimos meses, donas de casa improvisando, com pedaços de pau ou montes de carvão, meios de cozinhar a modesta e escassa alimentação de cada dia, numa síntese visual das estatísticas do Ipea. Na classe mais pobre, alimentos (3,21%) e habitação (4,01%) produziram, somados, um impacto inflacionário de 7,22% em 12 meses. O custo dos transportes causou, nesse período, o maior impacto inflacionário, superior a 4%, para as classes de renda média, média-alta e alta. Os gastos foram afetados pelos aumentos de preços da gasolina, do etanol, do diesel e dos serviços por aplicativo. Além das três classes de rendas mais altas (aquelas com maior poder vocal), foram afetados diretamente os caminhoneiros, tratados com especial consideração por Bolsonaro desde 2018, quando bloquearam estradas e dificultaram, por meio da força, o transporte de mercadorias.

Em atenção a esses aliados, ou supostos aliados, o presidente da República pressionou e derrubou chefes da Petrobrás. Os mais afetados pela inflação, os consumidores pobres, têm recebido, por meio de auxílios, algum apoio do governo, empenhado em conquistar votos nos grupos mais pobres. Mas, o presidente da República tem contribuído, ao mesmo tempo, para desarranjar os preços, promovendo gastos excessivos, dificultando o planejamento dos negócios e, em muitas ocasiões, provocando instabilidade cambial. Além disso, o desemprego se mantém muito acima dos níveis observados internacionalmente, a economia pouco se move e o aumento da pobreza se confirma, no dia a dia, como um dos efeitos mais notáveis do desgoverno instalado em 2019. A inflação acelerada é uma perfeita cereja no alto desse bolo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.