ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

19/Abr/2022

Mercosul-UE: novos fatores favorecem ratificação

O governo brasileiro está mais otimista quanto às chances de ratificação, ainda este ano, do acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. Se no início de 2022 a avaliação era que isso seria muito difícil, a análise agora é que as possibilidades aumentaram por conta de dois fatores: a guerra no Leste Europeu e a vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais. Quem acompanha o tema considera que a guerra é um "game changer" para o acordo. Assinado em 2019, o entendimento entre os blocos europeu e sul-americano ainda depende do aval dos parlamentos de cada uma dessas nações. Até agora, países como França e Holanda resistem a referendar o documento com alegações relacionadas ao desmatamento e outras questões ambientais, o que o governo brasileiro taxa de protecionismo disfarçado. Com a ofensiva russa alcançando a vizinhança, a União Europeia se vê obrigada a diversificar parcerias, o que deve pesar a favor do Mercosul.

A aposta é no "friendshoring", em que fábricas e fornecedores das cadeias produtivas são localizadas em "países amigos". Depois do offshoring, quando produtos são feitos onde é mais barato a fabricação, principalmente China e outros asiáticos, a ideia de realocar as etapas produtivas para países parceiros ganhou força com a polarização mundial e os riscos de desabastecimento trazidos pela pandemia e intensificados com a guerra, assim como de deslocar as fábricas para países mais próximos (nearshoring) e repatriar empresas (reshoring). É aí que entram os amigos da América do Sul. Como cresceram as ameaças, a avaliação é que o tema ambiental ficará em segundo plano e a capacidade de fornecer alimentos, combustíveis e outros produtos do Brasil e vizinhos deve contar a favor da ratificação do acordo. Nas conversas na Europa, integrantes do governo brasileiro cobraram dos europeus a apresentação de um documento com os compromissos ambientais adicionais que os europeus consideram necessários para a finalização do processo.

Um outro argumento também é ventilado nos bastidores. Sem muito alarde, integrantes do atual governo chamam a atenção para declarações dadas pelo ex-presidente e candidato à eleição Luiz Inácio Lula da Silva durante seu próprio tour europeu no fim do ano passado. Na França, Lula defendeu que o acordo já assinado seja reaberto e disse que a conclusão foi "equivocada e precipitada". O ex-presidente deixou claro que, se reabrir as negociações, é para aumentar barreiras e mudar condições a favor do Mercosul. Ele citou a necessidade de o bloco exportar mais manufaturados e disse considerar perigoso a Europa participar nas licitações públicas no Brasil. O recado do atual governo aos europeus é: aproveitem o acordo feito com os liberais. Ou então a conclusão, a qual a Europa resiste, pode ser dificultada por objeção dos países da América do Sul no caso de um novo governo de esquerda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.