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18/Abr/2022

Mercado de Carbono da UE tem bom desempenho

O mercado de carbono mais antigo e maior do mundo finalmente atingiu a maioridade. Depois de um começo difícil de vida, o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (ETS) provou o seu valor. Os créditos de emissão de dióxido de carbono da União Europeia agora são negociados em torno de 80 euros por tonelada, o equivalente a US$ 87,00 por tonelada. Desde o início de 2020, seus preços atingiram uma baixa de 15 euros por tonelada e uma alta de 96 euros por tonelada. Trata-se de uma variação ampla, mas tem sido um momento de teste para os mercados de energia em geral, tendo em vista a pandemia, a crise energética europeia e a invasão da Ucrânia pela Rússia. O mercado de carbono e seus órgãos reguladores têm resistido a tudo isso com desenvoltura. Levou um tempo para este experimento econômico ousado superar as dores do crescimento. A contração econômica após a crise financeira global criou uma onda de subsídios de carbono que manteve os preços estagnados até a reforma de 2018.

Desde então, os créditos de carbono têm sido continuamente valorizados, exceto por duas quedas bastante dramáticas, uma em torno do início da pandemia, e outra quando as forças russas invadiram a Ucrânia. Ambos os eventos levantaram questões sobre a quantidade de energia que a Europa poderia usar e quais emissões seriam geradas. O preço é desafio e isso levou a uma variedade de opiniões sobre quais deveriam ser os preços do crédito de carbono. Assim como em todos os bons mercados, compradores e vendedores levaram algum tempo para chegar a um novo preço de mercado. À margem dessas duas quedas, os créditos de carbono da União Europeia têm ficado mais caros, pois o bloco aumentou suas ambições de descarbonização e cortou o número de subsídios livres que concede. O ETS da União Europeia é um mercado regulamentado, criado para apoiar as políticas de ações climáticas do bloco. Para isso, a emissão de carbono precisa ser mais cara, criando uma aposta unidirecional bastante segura para os investidores.

A intervenção política, caso os preços começassem a aumentar, sempre foi um risco chave do investimento. Recentemente, isso foi posto à prova. No outono, os preços europeus do carbono atingiram novos recordes, ao mesmo tempo em que as contas locais de energia subiam. Por sinal, muitos políticos exigiram que a União Europeia interviesse para baixar os preços do ETS. Não foi o que aconteceu. As contas de energia e de aquecimento estavam caras, principalmente porque a Rússia enviou muito menos gás para o bloco no outono passado, forçando a União Europeia a competir no concorrido mercado global de gás natural liquefeito. Houve também acusações de especuladores financeiros manipulando o mercado de carbono, o que levou a uma investigação do órgão regulador. Um relatório final emitido no mês passado não encontrou evidências que corroborassem as reivindicações e concluiu que o mercado estava funcionando bem, concentrando suas recomendações no aumento de divulgações e de transparência.

Os eventos geram a confiança de que os créditos da União Europeia são um ativo digno de ser investido, o que não significa que nunca haverá intervenção ou mudança: as reformas de 2018 estabeleceram mecanismos para ajustar a oferta de créditos em situações extremas, mas os eventos recentes sugerem que a intervenção será previsível. Outras reformas do ETS estão a caminho, mas elas serão divulgadas bem antes de serem implementadas, dando aos investidores tempo para se ajustarem. A Europa liderou os mercados de carbono e parece ter finalmente projetado um mercado robusto, que atrai investimentos. Trata-se de uma boa notícia para os investidores, já que outras nações, incluindo a China, o usaram como modelo. Embora um mercado global de carbono ainda pareça uma utopia, o ETS da União Europeia oferece um modelo para o desenvolvimento de alguns mercados nacionais bem projetados. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.