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13/Abr/2022

Dólar em queda limitada pela postura firme do Fed

Uma piora dos ativos de risco e o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior, na esteira de discurso duro de dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), fizeram o dólar reduzir bastante o ritmo de queda nesta terça-feira (12/04) e tocar pontualmente o terreno positivo. Mas, o sinal de baixa acabou prevalecendo e a divisa emendou o segundo pregão seguido de perdas ante o Real. Operadores voltaram a relatar entrada de fluxo estrangeiro, dada a atratividade das taxas de juros locais, e fechamento de câmbio por exportadores. Os negócios no mercado de câmbio foram pautados pelas especulações em torno do grau e da intensidade do ajuste monetário nos Estados Unidos, em meio ao prolongamento da guerra na Ucrânia e a dúvidas sobre o ritmo de crescimento e inflação na China, que enfrenta novo surto de Covid-19.

Na esteira da divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em março, o apetite ao risco falou mais alto e empurrou o dólar para a mínima da sessão, a R$ 4,62 (-1,44%). O CPI subiu 1,2% em março, acima das expectativas (1,1%), levando a variação anual a 8,5%, a maior desde 1981. Mas, o mercado se apegou a leitura de 0,3% do núcleo (que exclui energia e alimentos), abaixo do consenso (0,5%). Seria um sinal de que o processo inflacionário estaria no pico e, portanto, começaria a arrefecer. O mercado se posicionou de forma muito defensiva à espera do CPI e, dado o alívio do núcleo, tratou de ajustar posições. O Real também estaria sendo favorecido pela alta dos preços das commodities, que se recuperaram após flexibilização do lockdown em Xangai. Além disso, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, pediu senso de urgência para implementar medidas de estímulo à economia já anunciadas pelo governo.

Mas, o bom momento dos ativos de risco começou a reverter à medida que investidores digeriam discurso da diretora do Federal Reserve Lael Brainard, que adotou uma postura mais dura. Embora tenha afirmado que a desaceleração do núcleo do CPI é "digna de nota", a dirigente ressaltou que a inflação continua muito elevada. O Fed vai promover um aperto monetário metódico, com uma série de altas de juros, e pode bater o martelo sobre a redução do balanço (a partir de junho) no encontro do Fed em maio (dias 3 e 4). Para a Blue3, o mercado viu no núcleo do CPI uma perspectiva positiva de que a inflação tenha atingido o teto. Mas, a inflação ainda é muito alta nos Estados Unidos, no patamar de 8%. Foi reforçada a postura que o Fed mostrou na ata na semana passada, de subir os juros de forma mais rápida e começar a reduzir o balanço patrimonial. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) tocou nova máxima, aos 100,332 pontos.

As divisas emergentes pares do Real, como o peso mexicano e o rand sul-africano, desaceleraram os ganhos frente à moeda norte-americana. No Brasil, o dólar chegou a tocar o terreno positivo, na casa de R$ 4,69, mas logo em seguida voltou a cair e fechou a R$ 4,67, em baixa de 0,29%, o que leva as perdas em abril para 1,77%. No ano, a desvalorização acumulada é agora de 16,13%. A Fair Corretora notou entrada de fluxo estrangeiro, além de operações de exportadores. Isso teria levado à zeragem de posições no mercado futuro e potencializado a queda da moeda norte-americana após a divulgação do CPI nos Estados Unidos. O diferencial de juros (interno e externo) continua muito alto e não dá para carregar posição comprada (que ganha com a alta do dólar). No decorrer da sessão, o dólar se alinhou mais à tendência externa, operando perto de R$ 4,68.

A Blue3 vê continuidade do fluxo de estrangeiros para o Brasil, tendo em vista a atratividade de operações de carry trade. O diferencial de juros deve continuar elevado mesmo que o Fed acelere o ritmo de alta de juros, dado que o Banco Central brasileiro ainda deve elevar a taxa Selic. A leitura acima das expectativas do IPCA de março (1,62%), no dia 8 de abril, e a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na segunda-feira (11/04) indicando que está analisando a surpresa no IPCA para ver se muda a tendência, alimentaram a expectativa de que o Banco Central não vai encerrar o ciclo de aperto monetário, com uma alta final da Selic em 1%, para 12,75%, em maio, como sinalizado anteriormente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.