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12/Abr/2022

Dólar recua com possibilidade de alta na taxa Selic

A volatilidade deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico na sessão desta segunda-feira (11/04), embora o sinal de baixa tenha prevalecido no fim do pregão, com o dólar fechando novamente abaixo de R$ 4,70, diante da perspectiva de extensão do ciclo de alta da taxa Selic após declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. No exterior, o dia foi marcado por temores de perda de fôlego da atividade global em meio a um quadro de inflação elevada, a chamada estagflação. Na China, que enfrenta um lockdown em Xangai, seu centro financeiro, índices de inflação ao consumidor e produtor vieram acima do esperado. Bolsas e petróleo caíram, com o tipo Brent, referência para a Petrobras, abaixo dos US$ 100,00 por barril.

Na expectativa por um ajuste mais intenso da política monetária norte-americana, em meio a discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), a taxa da T-note de 10 anos subiu a 2,78% e o índice DXY (que mede o desempenho dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) chegou a superar os 100,00 pontos na máxima. No Brasil, o dólar não conseguiu firmar tendência, apresentando trocas constantes de sinais, embora tenha oscilado apenas cerca de R$ 0,06 entre a mínima (R$ 4,67) e a máxima (R$ 4,73). Apesar do clima externo avesso ao risco, divisas emergentes pares do Real, como o peso mexicano e o rand sul-africano, se fortaleceram. Ao mau humor externo também se contrapôs a possibilidade de que o Banco Central estenda o ciclo de aperto monetário para além de maio e jogue a Selic para perto de 14%, o que contribui para manter a atratividade do carry trade (operações que exploram diferencial de juros entre países).

O presidente do Banco Central, Campos Neto, afirmou que a inflação está muito alta, incluindo os núcleos, e que o Banco Central está analisando a surpresa no IPCA para ver se muda algo na tendência, em referência a alta de 1,62% do índice em março. O Banco Central havia sinalizado anteriormente o encerramento do ciclo com alta final da Selic em 1%, para 12,75% em maio. Após idas e vindas, nas duas últimas horas da sessão, o dólar se firmou em baixa e rompeu o piso de R$ 4,70, para fechar a R$ 4,69, recuo de 0,39%. A divisa acumula queda de 1,49% em abril e de 15,88% no ano. Segundo a Planejar, a máxima do dólar na sessão pode ser atribuída às incertezas em torno de uma desaceleração da economia global, espelhada na queda das commodities. A sinalização de Campos Neto de que o aperto monetário pode se estender acabou, contudo, se sobrepondo às preocupações externas na formação da taxa de câmbio. Com esse cenário de alta adicional de juros, o mercado precificou o dólar um pouco mais para baixo. O fluxo parece que continua positivo e deve permanecer assim por conta da taxa de juros elevada.

A JF Trust observa que a queda do dólar, induzida pela perspectiva de taxa Selic mais alta, poderia ter sido maior não fosse a o ambiente adverso para commodities e a alta da moeda norte-americana. Na fala de Campos Neto, destaca-se o reconhecimento de que a inflação ficou acima do esperado e que os núcleos estão elevados. Com uma taxa Selic de 13,5% no fim do ciclo de aperto, o IPCA ainda superaria 8% neste ano. O aperto monetário deveria levar a Selic para mais de 13,75% este ano para reduzir esse risco inflacionário. No exterior, as expectativas estão voltadas a divulgação, nesta terça-feira (12/04), do CPI de março, que deve ratificar o quadro de inflação elevada nos Estados Unidos. O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, defendeu uma elevação da taxa básica em 50 pontos-base em maio. Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Evans afirmou que seria interessante chegar à faixa de juros entre 2,25% e 2,50% no fim deste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.