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08/Abr/2022

Inflação global: impactos da pandemia e da guerra

Uma nova pandemia, com preços em disparada e mais desarranjos nos mercados, assola o mundo capitalista e espalha o temor de entraves maiores ao consumo, à produção e ao emprego. A expectativa de um rápido aumento de juros nos Estados Unidos assusta os investidores e afeta os negócios em bolsas. A inflação pode ser uma doença devastadora, mas o remédio mais comum, o aperto monetário, também amedronta e pode doer muito. O Brasil, um dos países mais afetados pelo desajuste dos preços, já enfrenta o desconforto de uma terapia severa, mas sem perspectiva, por enquanto, de uma firme recuperação. A inflação anual chegou a 7,7% em fevereiro, no conjunto de 39 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Foi a taxa mais alta desde dezembro de 1990.

Essa taxa foi em grande parte puxada pela alta de preços na Turquia, de 54,4%. Mas, o conjunto tem sido afetado também pela inflação nos Estados Unidos, onde a alta anual dos preços ao consumidor bateu em 7,9%, a maior variação desde janeiro de 1982. Alimentos e energia são os itens mais vistosos no painel inflacionário, mas, descontados esses componentes, as taxas de inflação continuam elevadas: 6,4% nos Estados Unidos, 4,6% no Reino Unido, 4,4% nos sete maiores países capitalistas e 5,5% na OCDE. Não há mistério nesses números. A onda inflacionária decorre, em grande parte, de dois desastres. O primeiro, a pandemia de Covid-19, prejudicou a oferta de matérias-primas e de insumos de origem industrial, como os semicondutores, e desarranjou os transportes.

O segundo, a invasão da Ucrânia, afetou os mercados de petróleo, gás, fertilizantes e de trigo e milho. Além disso, o mundo sofre os efeitos de uma enorme expansão monetária no mundo rico, especialmente nos Estados Unidos. Essa inundação de dinheiro, com forte efeito inflacionário, começou como reação à crise financeira de 2008 e cresceu a partir da retração econômica deflagrada pela pandemia de Covid-19. O Brasil enfrenta os efeitos de todos esses fatores, além das consequências dos problemas climáticos internos e, em qualquer circunstância, da insegurança econômica e da instabilidade cambial causadas pelos arroubos e arranjos do presidente Jair Bolsonaro. Ativos baratos para os estrangeiros e juros muito altos têm atraído dinheiro de fora.

Por isso, o dólar se depreciou em relação ao Real nos últimos meses, mas o câmbio continuará sujeito, nos próximos tempos, ao comportamento do presidente Bolsonaro, empenhado na busca da reeleição e vulnerável aos interesses do Centrão. Os juros básicos devem subir de 11,75% para 12,75% na reunião de maio do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, e deverão continuar muito altos por longo tempo. Se os juros nos Estados Unidos subirem mais velozmente, como têm sinalizado autoridades monetárias norte-americanas, as possibilidades de afrouxamento no Brasil ficarão mais limitadas. O País continuará afetado, por um bom período, tanto pela pandemia da inflação quanto pela terapia desconfortável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.