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07/Abr/2022

Dólar tem alta com o tom mais firme da ata do Fed

O dólar emendou, na sessão desta quarta-feira (06/04), seu segundo pregão consecutivo de alta e voltou a se situar acima de R$ 4,70, alinhado à tendência de fortalecimento da moeda norte-americana no exterior, em dia marcado pela divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Afora uma queda pontual na abertura, o dólar trabalhou em alta ao longo de todo o pregão, tendo superado o teto de R$ 4,70 e tocado a linha de R$ 4,71, em meio a perdas de ativos de risco. Além da expectativa pela ata do Fed, o mercado digeria dados fracos da economia chinesa e nova rodada de sanções à Rússia. A divulgação do documento do Fed provocou uma volatilidade momentânea. Em um primeiro momento, o dólar perdeu força e tocou pontualmente o nível de R$ 4,67.

Mas, se recuperou logo em seguida e correu até a máxima a R$ 4,72 (+1,36%). Com uma acomodação na reta final, acabou encerrando a quarta-feira (06/04) cotado a R$ 4,71, em alta de 1,19%. Apesar de ter avançado, o dólar ainda acumula perda de 0,98% em abril e de 15,45% no ano. Como esperado e já em boa parte antecipado pelo mercado, o Fed adotou uma postura mais dura. Revelou-se que muitos dirigentes que votaram por 0,25% em março julgavam uma elevação de 0,50% mais apropriada. Preferiram, contudo, dar um passo inicial menor, em razão das incertezas provocadas pela guerra na Ucrânia. Os dirigentes julgaram que seria apropriado mudar rapidamente a política monetária para uma postura mais neutra e, a depender da evolução econômica, para uma política mais restritiva. Isso significa levar os Fed Funds, hoje na faixa de 0,25% a 0,50%, para além de 2,5% ao ano, considerado o nível neutro.

Monitoramento do CME Group mostra um aumento das apostas de que os juros subiram neste ano para a faixa entre 2,75% e 3,00%. O Fed também falou de forma mais explícita sobre a redução de seu balanço patrimonial, que significa, na prática, retirar dinheiro do sistema. Esse processo começaria em maio. Dirigentes do Fed concordaram que limites mensais de cerca de US$ 60 bilhões para títulos do Tesouro e cerca de US$ 35 bilhões para MBS seriam apropriados. A JF Trust observa que, dadas as últimas declarações de dirigentes do Fed, o mercado já havia incorporado nos preços dos ativos a perspectiva de uma ata mais dura. O documento reforça a probabilidade de altas seguidas dos Fed Funds em 0,50%. O Fed deve antecipar a elevação dos juros para nível acima do neutro, que é de 2,5%, para antes do fim do ano.

A alta de commodities e o choque de oferta em meio à guerra na Ucrânia pressionam ainda mais a inflação. Ainda mais impactante do que a alta mais rápida dos juros, é a redução do balanço patrimonial, que tira liquidez do sistema. No exterior, o índice DXY (termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas) ampliou a alta após a divulgação da ata e tocou máxima aos 99,769 pontos. Quando o mercado local fechou, era cotado na casa de 99,600, ainda no maior nível desde maio de 2022. A taxa da T-note de 10 anos subiu para casa de 2,60%. Já o yield do papel de 2 anos, mais influenciado pela expectativa em torno do ritmo de alta de juros, caiu para o nível de 2,48%. As divisas emergentes, que vinham pressionadas, aprofundaram a queda, com o peso chileno, o Real e o peso mexicano liderando as perdas.

A ata do Fed reforçou a preocupação do mercado com os efeitos inflacionários da guerra na Ucrânia. Os membros mencionaram redução do balanço patrimonial, o que, ao lado do aumento dos Fed Funds, gera mais pressão nas moedas de países emergentes. Para o Banco Ourinvest, o Real se destaca por ser mais volátil. Segundo a Inv., a ata soou hawk. O Fed deu números para redução do balanço patrimonial. Além disso, foi bem negativo em relação às consequências da guerra na Ucrânia sobre a inflação e a economia. Para a JF Trust, a perspectiva de ajuste mais rápido da política monetária norte-americana pode limitar pontualmente o fôlego do Real, que vem de um processo forte de apreciação.

O efeito da alta dos juros nos Estados Unidos seria contrabalançado no curto prazo, contudo, pela possibilidade de que o Copom leve a taxa Selic para mais de 13%, dada a pressão inflacionária provocada pela alta das commodities. O Banco Central vai ter que admitir que não poderá encerrar o aperto com a Selic em 12,25%. Com o carry trade atrativo e a alta das commodities, o Real pode se apreciar um pouco mais no curtíssimo prazo. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou que o IGP-DI acelerou de 1,50% em fevereiro para 2,37% em março. Nesta quinta-feira (07/04), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o IPCA de março. As projeções indicam que deve ser de 1,35%, uma aceleração frente ao resultado de fevereiro (1,01%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.