ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

06/Abr/2022

Dólar sobe com exterior negativo e posição do Fed

Após três quedas consecutivas, em que acumulou desvalorização de 3,74% e esboçou romper o piso de R$ 4,60, o dólar subiu na sessão desta terça-feira (05/04), em sintonia com a valorização da moeda norte-americana no exterior. A alta firme das taxas dos Treasuries, após discursos duros de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e o ambiente externo avesso ao risco abriram espaço para um movimento de realização de lucros e ajuste de posições no mercado doméstico de câmbio. Há certa cautela em relação aos possíveis impactos econômicos de nova rodada de sanções de Estados Unidos e União Europeia à Rússia, acusada de crimes de guerra na cidade ucraniana de Bucha. O mercado também monitora o lockdown em Xangai e seus eventuais impactos nas cadeias globais de produção.

Com trocas de sinais, o petróleo tipo Brent para junho, referência para Petrobras, fechou em queda, abaixo da linha de US$ 110,00 por barril. Não houve negociação de minério de ferro em Qingdao, na China, em razão de feriado nacional. Em Singapura, a cotação do minério caiu 0,43%. As commodities agrícolas (soja, milho e trigo) subiram na Bolsa de Chicago. No exterior, as divisas ligadas a commodities, como o rand sul-africano e os pesos mexicano e chileno, perderam força. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) operou em alta e era negociado na casa de 99,400 pontos. No Brasil, afora uma queda pontual no início dos negócios, quando registrou mínima abaixo a R$ 4,58 (-0,52%), o dólar operou em alta durante toda a sessão. Com máxima a R$ 4,67, no fim do dia era cotado a R$ 4,65, avanço de 1,11%. Mesmo assim, o dólar ainda acumula baixa de 2,14% em abril. No ano, as perdas são de 16,44%.

A greve dos servidores do Banco Central, que compromete a divulgação de indicadores, gera desconforto, mas não tem influência relevante na formação da taxa de câmbio. O mercado tanto no Brasil como no exterior operou em torno da discussão de juros nos Estados Unidos. Segundo a Integral Group, as taxas dos Treasuries subiram afetando o preço do dólar frente a moedas fortes e emergentes. Já se comenta entre alocadores de recursos no exterior a possibilidade de um choque de juros nos Estados Unidos, com alta de 0,75% ou até de 1% nos Fed Funds. Ocorre uma discussão intensa sobre até que nível a taxa de juros norte-americana tem de ir para estancar o processo inflacionário. A indicada a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, falou duro em evento virtual. Brainard disse que o Fed continuará a apertar a política monetária de modo metódico, com uma série de altas nos juros.

O Fed, segundo a dirigente, está preparado para adotar ações mais fortes para domar a inflação, que está muito elevada. Mais: a redução do balanço patrimonial da instituição, que significa tirar dinheiro do sistema, deve ser feita de modo consideravelmente mais rápido agora. Já a presidente do Federal Reserve (Fed) de Kansas City, Esther George, disse que a alta de 0,50% na taxa dos Fed Funds no encontro de maio é uma opção entre outras. Ela pontuou, contudo, que é possível um ajuste monetário em ritmo mais rápido que no ciclo anterior. As falas das dirigentes alimentam a expectativa do mercado em torno da ata da mais recente reunião do Fed, que é divulgada nesta quarta-feira (06/04). Para a Integral Group, se o Fed realmente subir os juros de forma aguda e acelerar a redução de seu balanço patrimonial, pode haver uma alta da moeda norte-americana e queda dos preços das commodities induzida pela percepção de enfraquecimento da demanda, dada a desaceleração da economia dos Estados Unidos e global.

Segundo a Blue 3ª, a curva norte-americana está invertida e o mercado está começando a falar na possibilidade de recessão nos Estados Unidos. Uma alta dos Fed Funds em 0,50%, como já precificado, será bem recebida pelo mercado. Mesmo com a alta dos juros norte-americanos, o diferencial entre a taxa interna e externa segue muito aberto e estimula carry trade. A tendência é o fluxo positivo para o Brasil continuar. Na visão da JF Trust, a alta do dólar nessa terça-feira (05/04) representa um ajuste técnico escorado na aversão ao risco no exterior, e não muda a tendência de apreciação do Real no curto prazo. O fluxo cambial, a despeito da defasagem da divulgação, não apresenta pressão de saídas, com o reforço dos termos de troca e dos preços das commodities. A estimativa de suporte é de R$ 4,34 para a taxa de câmbio no curtíssimo prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.