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06/Abr/2022

Efeitos da guerra já começam a chegar no Brasil

As principais instituições financeiras estão revendo, para cima, suas projeções para o comércio exterior brasileiro. Já há previsões de superávit de US$ 75 bilhões em 2022, bem maior do que os US$ 61,4 bilhões do ano passado. Não há, porém, razões para comemorar esse desempenho. A alimentar essas projeções está a guerra da Ucrânia, que provocou mudanças expressivas e imediatas no mercado mundial de alguns dos produtos mais comercializados. Seus impactos, embora positivos para a balança comercial, são muito mais amplos e, na maior parte dos casos, negativos.

Além dos riscos para a paz mundial e dos dramas humanos expressos nas mortes, sobretudo de civis, e na existência de mais de 4 milhões de ucranianos refugiados, a criminosa invasão da Ucrânia decidida pelo governo russo chefiado por Vladimir Putin resultou em altas de muitos produtos e dificultou o fornecimento ou o fluxo de vários outros. O mundo enfrenta, simultaneamente, pressões inflacionárias e o risco de redução do ritmo de muitas atividades, por escassez de itens como fertilizantes e componentes industriais. Essas consequências chegaram ou estão chegando ao Brasil. Os números recentes mais do que explicam as projeções para o comércio exterior.

Em março, o Brasil exportou US$ 7,383 bilhões mais do que importou. Por causa da alta das commodities, o saldo comercial no mês foi 19,3% maior do que o de um ano antes. No trimestre, o superávit chegou a US$ 11,313 bilhões, 37,6% maior do que o dos três primeiros meses de 2021. Novos choques de oferta em razão da guerra ou de novas ondas de Covid-19 na China não estão descartados. Altas expressivas nas cotações de petróleo, gás natural, trigo, níquel, soja, milho e minério de ferro, entre outros produtos de grande peso no comércio mundial, não dão indicações de que poderão arrefecer no curto prazo.

A balança comercial, assim, continuará a registrar resultados muito favoráveis. Mas, outros efeitos da guerra já preocupam setores produtivos no Brasil e ameaçam algumas atividades. O Brasil importa, por exemplo, 85% dos fertilizantes consumidos internamente e que estão na base da produtividade e do bom desempenho do campo nos últimos anos. Do total importado, 25% são de origem russa. A alta das commodities, de sua parte, pressiona também os preços internos, o que tende a manter o custo da alimentação como um dos itens que pressionam a inflação já alta no Brasil, o que prejudica mais as camadas mais pobres da população.

Trigo mais caro implica alta do preço do pão e das massas. A alta do petróleo tem impacto no preço dos combustíveis, o que pressiona o orçamento das famílias e os custos de produção e transporte de mercadorias. A alta das matérias-primas já preocupa um terço das indústrias de São Paulo. Além disso, a guerra fez ressurgir dificuldades de suprimento, que a pandemia havia criado, mas estavam sendo superadas. Nada disso parece preocupar o governo brasileiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.