ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

01/Abr/2022

Dólar encerra 1º trimestre com forte desvalorização

O dólar voltou a perder força no mercado doméstico de câmbio na sessão desta quinta-feira (31/03), último pregão de março. Nem mesmo a alta da moeda norte-americana no exterior, em dia marcado por baixo apetite ao risco e perdas das bolsas em Nova York, tirou o brilho do Real. Operadores voltaram a relatar fluxo de recursos para ativos domésticos e destacar a busca dos estrangeiros por ganhos com o chamado "carry trade" (operação que explora diferencial de juros entre países). A entrada de capital externo teria levado à desmontagem de posições defensivas no mercado futuro, em meio à disputa pela formação da última taxa Ptax de março, referencial para liquidação de contratos futuros e confecção de balanços corporativos. A queda do petróleo no mercado internacional para menos de US$ 110,00 por barril com liberação de parte de reservas estratégicas dos Estados Unidos, e dados fracos da atividade industrial na China não abalaram a expectativa de que os preços das commodities sigam em níveis elevados, dado o prolongamento da guerra na Ucrânia.

Há a perspectiva de que a China adote novas medidas de estímulo monetário para evitar uma desaceleração econômica provocada pelos lockdowns para combater a Covid-19. O minério de ferro negociado em Qingdao, na China, subiu 3,2% nesta quinta-feira (31/03). Em queda desde a abertura dos negócios, o dólar registrou mínima de R$ 4,72. Passada a formação da Ptax (que encerrou março a R$ 4,73, com perda 7,81% no mês e de 15,10% ano) e diante da aceleração dos ganhos da moeda norte-americana no exterior, o dólar desacelerou o ritmo de baixa no Brasil e voltou a ultrapassar a linha de R$ 4,75. No fim da sessão, era cotado a R$ 4,76, em queda de 0,54%, o que levou as perdas em março a 7,65%, a maior desvalorização mensal desde outubro de 2018 (-7,97%). A divisa fechou o primeiro trimestre de 2022 em baixa de 14,61%. Embora divisas emergentes pares do Real, como o rand sul-africano e os pesos chileno, colombiano e mexicano, também tenham se valorizado em relação ao dólar no primeiro trimestre, a moeda brasileira teve a melhor performance, apresentando ganhos de dois dígitos.

Segundo o Instituto Finanças internacionais (IIF), o Real tem o melhor desempenho do trimestre. Isso se deve ao aumento dos preços das commodities, mas também a uma recuperação há muito atrasada de uma grande subvalorizacão. A dobradinha formada por commodities nas alturas e taxa Selic em patamares elevados, com pelo menos mais uma alta de 1% em maio, para 12,75% ao ano, dá sustentação ao Real. Mesmo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) acelere o ritmo de alta da taxa básica nos Estados Unidos em maio, o diferencial de juros continuará ainda elevado no curto prazo. Nesta quinta-feira (31/03), foi divulgado que o índice de preços de gastos ao consumo (PCE) nos Estados Unidos subiu 0,6% em fevereiro, com alta de 0,4% no núcleo, ambos em linha com o esperado. Na comparação anual, o PCE subiu 6,4% e seu núcleo, 5,4%. Segundo monitoramento do CME Group, as apostas em alta de 0,50% da taxa básica norte-americana em maio estão próximas de 70%. Para o Banco Ourinvest, caso o Fed adote uma postura de aumentos mais agressivos da taxa de juros, o dólar pode subir pontualmente no mercado doméstico.

Outro ponto de eventual pressão sobre a taxa de câmbio seria o processo eleitoral, já que há sempre um grau de incerteza em torno de um novo governo. Deve haver volatilidade. Mas, passada a eleição, o Real pode continuar com um comportamento mais benéfico até o fim do ano. Há um fluxo forte de curto prazo para o Brasil, em meio à explosão dos preços das commodities provocada pela guerra na Ucrânia e ao diferencial de juros elevados. No campo político, o dia foi agitado. O ex-ministro Sérgio Moro trocou de partido, migrando do Podemos para o União Brasil, e afirmou que está abrindo mão de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), teria informado a correligionários que desistiria de concorrer à Presidência e permaneceria à frente do governo paulista. O tucano, contudo, voltou atrás e anunciou que segue na pré-campanha. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.