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01/Abr/2022

OCDE: Brasil tem oportunidade em energia renovável

A invasão da Ucrânia pela Rússia expôs a dependência energética europeia e fez os membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) discutirem mais sobre alternativas para os países serem mais autônomos ao mesmo em tempo que procuram soluções para as questões climáticas. Nesse ambiente, o Brasil, que luta para fazer parte da entidade tendo justamente a questão de sustentabilidade como um dos principais entraves, pode buscar um filão de negócios e simultaneamente tentar limpar a imagem ambiental no exterior. A avaliação de que o Brasil pode deixar de ser visto como um vilão e passar a ser considerado uma solução para a questão ambiental foi bem costurada por dois ministros que estiveram na sede da OCDE na França esta semana: o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Joaquim Leite relatou que a questão geopolítica fez mudar a avaliação dos membros da OCDE sobre meio ambiente. O que mudou muito nesta agenda deste ano foi a crise energética global, sobre como encontrar fornecedores de longo prazo. Foi uma mudança geopolítica muito importante e o assunto do encontro foi praticamente energia renovável. O ministro disse que aproveitou o momento para anunciar o início do mercado de crédito de metano no Brasil. O tema foi um dos mais debatidos durante a COP-26 realizada em novembro do ano passado em Glasgow, na Escócia. Foi possível que houve mudança de tratamento com o Brasil e não houve os questionamentos habituais sobre a Amazônia. Além do Brasil, outros cinco países (Peru, Argentina, Croácia, Romênia e Bulgária) também pleiteiam uma vaga na OCDE, mas a maior economia da América Latina é a mais avançada em termos de aderência aos instrumentos da Organização, tendo obtido aval a 105 dos 251 exigidos.

Se na área técnica, mudanças tributárias são vistas como o maior obstáculo para o País, no campo político é o meio ambiente que é a pedra no sapato da adesão. Para Leite, no entanto, apesar de ser um grupo volumoso de objetivos a serem conquistados, não há nenhum ponto que seja crucial para a entrada do Brasil na OCDE. Segundo ele, o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, indicou que esta deve ser a participação do Brasil para o grupo: de se colocar como uma saída para os problemas de energia no globo. Em conversas bilaterais às margens do encontro ministerial de Meio Ambiente da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Joaquim Leite percebeu o interesse de europeus na compra de hidrogênio verde, tido como o "combustível do futuro”. O ministro afirmou que o Brasil terá ‘pré-sal’ de energia off shore, só que de energias renováveis.

Assim que o Brasil regulamentar a política de produção eólica offshore, de acordo com Leite, os investidores internacionais poderão direcionar recursos que se transformem em abastecimento para seus países e que se tornem um empreendimento de retorno garantido. A Dinamarca se mostrou muito interessada e muito provavelmente vai investir no Brasil. Também houve reuniões privadas com a Colômbia e a Suíça. A Alemanha já fez vários estudos sobre a importância da produção de hidrogênio verde, mas ainda não conseguiu tirar projetos do papel. O Japão foi outro país interessado no hidrogênio brasileiro. Para o Brasil poder comercializar, é preciso ter excedente de energia renovável e no momento há falta. Todas as condições estão dadas para o Brasil se destacar nessa área e um dos principais atrativos naturais do País seriam os cerca de 10 mil quilômetros de costa nacional. Com a regulamentação da energia eólica offshore, a expectativa do Ministério do Meio Ambiente é a de que 10% da produção seja consumida no País e o restante possa ser comercializado com o exterior.

A Política Estratégica Nacional vai ampliando todos os anos a participação de energia limpa e a energia solar, por exemplo, está prestes a bater o volume de produção de Itaipu. O País precisa fazer acordos com quem queira comprar, pois é uma energia para exportação. O interessado pode fazer investimentos para consumo próprio. Nos próximos anos, essa mudança já poderá ser uma realidade. O Brasil entra nesse momento como um grande fornecedor de energia renovável. O papel do hidrogênio como combustível é visto como uma ferramenta de importância fundamental para a transição climática. A obtenção desse produto é por meio de um processo térmico. É preciso ter água para fazer a hidrólise, em que o vapor reage com o hidrocarboneto, produzindo o hidrogênio.

O ministro vem enfatizando a alternativa eólica porque pode-se obter hidrogênio por meio de outros combustíveis, como diesel e gás natural. Dessa forma, no entanto, não podem ser classificados como hidrogênio verde. O Brasil vai ser player de alimento, para crédito de carbono e de energia limpa exportável via hidrogênio verde, previu o ministro Joaquim Leite. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil poderia se tornar "a solução" para a Europa em termos de necessidades energéticas e produtos agrícolas em um momento em que todos estão recalculando os riscos geopolíticos após a guerra na Ucrânia. Nas conversas, o ministro disse que o Brasil se prepara para substituir a energia russa e a produção de grãos ucranianos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.