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31/Mar/2022

Dólar sobe com movimento de realização de lucros

Apesar da queda do dólar no exterior e do avanço das cotações do petróleo e de commodities agrícolas, o dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (30/03) em alta no mercado doméstico de câmbio, flertando nos momentos de maior pressão com o patamar de R$ 4,80. Analistas atribuem o tropeço do Real a um movimento natural de realização de lucros (a moeda brasileira é a grande vencedora entre divisas emergentes neste mês) e a ajustes técnicos, em meio à expectativa pela disputa, nesta quinta-feira (31/03), pela formação da última taxa Ptax do mês. Indicadores como o IGP-M de março e o resultado do Governo Central (Tesouro Banco Central e INSS) em fevereiro foram monitorados, mas não tiveram impacto relevante nas cotações. Vindo de baixas em nove dos últimos dez pregões, o dólar teve uma manhã instável, alternando altas e quedas. Na mínima, desceu para R$ 4,72.

Operadores relataram entrada de fluxo estrangeiro em meio ao pico do petróleo no dia, com o tipo Brent tendo atingido o patamar de US$ 114,00 por barril. Após o otimismo de terça-feira (29/03), houve recuo na percepção da possibilidade de um acordo iminente de paz entre Ucrânia e Rússia. A informação de que a Rússia pretende diminuir atividade militares na capital da Ucrânia é vista com descrença no Ocidente. A pressão vendedora rapidamente perdeu força e o dólar já trabalhava em alta no fim da manhã, na contramão do observado no exterior. À tarde, tocou pontualmente o patamar de R$ 4,79 (+0,72%). No fim do pregão, era cotado a R$ 4,78, em alta de 0,62%. Em março, o dólar ainda perde 7,15%, praticamente metade de toda a desvalorização em 2022 (-14,14%). Segundo a Frente Corretora, o dólar até chegou a recuar com as commodities para cima, mas depois houve descolamento do exterior, com o mercado começando a realizar lucros.

Após ser muito castigado no ano passado, o Real apresenta ganhos expressivos em 2022 em meio à arrancada das commodities. O dólar tende a apresentar um pouco de volatilidade no fim do mês, com a disputa da formação da taxa Ptax e rolagem de posições. A taxa Ptax desta quinta-feira (31/03) será utilizada para ajustes de contratos futuros e servirá de referência para confecção de balanços e demonstrações financeiras do primeiro trimestre. No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) operou em queda, abaixo dos 98,000 pontos, sobretudo em razão das perdas da moeda norte-americana frente ao iene japonês e ao euro. A inflação ao consumidor na Alemanha subiu 7,3% em março (na comparação anual), bem acima da previsão dos analistas, o que reforça a perspectiva de postura mais ativa do Banco Central Europeu (BCE).

No Brasil, o mercado recebeu sem sobressaltos os indicadores do dia. Do lado da inflação, após subir 1,83% em fevereiro, o IGP-M desacelerou para +1,74%, ficando, porém, acima do teto das estimativas, que iam de 0,52% a 1,70%. Em 12 meses, o IGP-M acumula variação de 14,77%. No campo fiscal, o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e INSS) registrou déficit de R$ 20,619 bilhões em fevereiro, acima da mediana de projeções (-R$ 16,20 bilhões). Além disso, o governo estuda um reajuste de 5% para todo o funcionalismo público a partir de julho, o que demandaria corte de outras despesas em razão dos limites impostos pelo teto de gastos. Para a Frente Corretora, o dólar já chegou ao seu piso no mercado doméstico de câmbio e não tem espaço para uma nova rodada de queda. À medida que se aproxima o pleito presidencial e aumentam as pressões por gastos, o mercado deve adotar uma postura mais defensiva.

O cenário interno é ruim, com PIB muito fraco, inflação alta e as eleições. O dólar não deve se manter nesses patamares. Deve voltar para a casa dos R$ 5,00. A Western Asset vê o dólar atualmente bem precificado, espelhando a alta forte das commodities, os juros locais elevados, que atraem capital, e o retorno de capitais de brasileiros que estavam no exterior para ativos domésticos a partir de fevereiro. Pode ter mais apreciação do Real, se pressão das commodities continuar. No sentido contrário, tem a política monetária norte-americana, com o Federação Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sinalizando que vai agir de forma mais rápida. Isso pode alterar um pouco a dinâmica do dólar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.