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30/Mar/2022

Dólar recua e acumula forte queda no mês de março

O dólar encerrou a sessão desta terça-feira (29/03) em leve baixa, na casa de R$ 5,75. Analistas identificaram forças opostas na formação da taxa de câmbio no mercado doméstico. A queda da moeda norte-americana no exterior em dia de apetite ao risco, na esteira de sinais de avanço nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, jogava o dólar para baixo no Brasil. Na contramão, a perda de fôlego das commodities, aliada a movimentos de rebalanceamento e realização de lucros típicos de fim de mês, limitavam a alta do Real. Em meio a esse jogo de forças, o dólar acabou encerrando a R$ 4,75, em baixa de 0,31%. No mês, perde 7,72%. A divisa fechou em queda em nove dos últimos dez pregões, saindo do patamar de R$ 5,15 para operar abaixo de R$ 4,80. Para se ter uma ideia da magnitude do ajuste da taxa de câmbio, as perdas em março respondem por cerca de metade da queda acumulada em 2022 (14,67%).

Segundo a Alphatree Capital, o Real tem sido visto como um porto seguro, por conta da narrativa das commodities, mas elas estão caindo com as notícias positivas sobre as negociações para terminar a guerra. Pode haver também um rebalanceamento de fundos estrangeiros no fim do mês, com tomada de lucros, já que o Real foi a moeda que mais se valorizou. Eles reduzem as posições um pouco agora e voltam para o jogo depois. Autoridades russas e ucranianas deram acenos de que as negociações de paz progrediram em encontro em Istambul, na Turquia. A Ucrânia teria concordado em assumir uma postura neutra no jogo geopolítico, comprometendo-se a não admitir bases militares estrangeiros em seu território. O representante russo disse que as conversas foram construtivas e informou que o país estava reduzindo atividades militares nos arredores de Kiev.

Os Estados Unidos afirmaram não acreditar em mudança de estratégia por parte da Rússia, que, em vez de retirar forças da Ucrânia, estaria apenas reagrupando tropas. No exterior, o dólar perdeu força em relação a praticamente todas as divisas de países emergentes, com queda de cerca de 1% frente a pares do Real como o peso mexicano e o rand sul-africano. O índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes) trabalhou com sinal negativo ao longo do dia, abaixo do patamar de 98,500 pontos. No Brasil, depois de furar as barreiras de R$ 4,80 e R$ 4,75, o dólar agora busca uma acomodação e parece sem espaço para se situar abaixo de R$ 4,70 no curto prazo. Na mínima do dia, registrada no início da sessão, a divisa desceu até R$ 4,71. A máxima, no foi de R$ 4,78. Em todo caso, o cenário favorável ao Real permanece. A perspectiva é que as cotações das commodities permaneçam em patamares elevados mesmo com eventual fim do conflito no Leste Europeu.

O diferencial entre juros interno e externo, que atrai capitais para operações de carry trade, continuará elevado, a despeito da possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) acelerar o ritmo de alta dos juros. Dirigentes do Fed trouxeram mensagens distintas. O presidente do Fed da Filadélfia, Patrick Harker, disse que é preciso cautela para não aumentar os juros além do necessário. Harker não se comprometeu com uma alta de 0,50% dos Fed Funds em maio, mas também não descartou essa possibilidade. Já o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que advoga um ajuste monetário mais intenso, com elevação da taxa para 3% até o fim do ano. Ele também afirmou que é hora de implementar um plano para reduzir rapidamente o tamanho do balanço patrimonial do Fed, o que, na prática, significa tirar dinheiro do sistema.

Para a Alphatree, a fase mais aguda do movimento de queda do dólar no Brasil já passou, mas ainda há espaço para uma apreciação adicional da moeda brasileira, em torno de 5%. Além do apetite externo pelos juros domésticos, os investidores brasileiros, que correram para ativos estrangeiros no ano passado, agora retornam ao mercado local. Para o dólar voltar a subir com força, é preciso uma surpresa interna muito negativa ou o Fed "carregar na mão". O Banco Fibra observa que, enquanto o juro real de 1 ano no Brasil está em torno de 6,6%, a taxa real equivalente nos Estados Unidos é de -4,50%. Além da melhora dos termos de troca, com alta das commodities, essa diferença de 11,1% entre taxas interna e externa também ajuda a explicar a valorização recente do Real. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.