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29/Mar/2022

Dólar avança após oito sessões seguidas de baixa

Após oito pregões consecutivos de baixa, em que acumulou desvalorização de 7,98%, o dólar subiu nesta segunda-feira (28/03) no mercado doméstico, com investidores aproveitado a alta da moeda norte-americana no exterior e o tombo do petróleo para ajustar posições e realizar lucros. O tipo Brent, referência para a Petrobras, caiu mais de 9% e voltou a ser negociado abaixo da marca de US$ 110,00 por barril. Além da perspectiva de uma aceleração de ritmo de alta dos juros nos Estados Unidos, que fortalece o dólar no exterior, contribuem para a pausa no movimento de apreciação do Real medidas restritivas em Xangai, na China, para conter novo surto de Covid-19, embora o minério de ferro tenha subido 3,53% no porto chinês de Qingdao.

Alta de juros nos países desenvolvidos, sobretudo nos Estados Unidos, e uma eventual piora da atividade na China avivam temores de desaceleração da economia global. O mercado também mostra cautela diante do desenrolar da guerra na Ucrânia, com negociações de paz programadas para esta terça-feira (30/03), na Turquia. No Brasil, o mercado absorve declarações do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterando que o Copom está pronto para encerrar o ciclo de alta dos juros com elevação da Selic em 1% em maio, para 12,75% ao ano, um nível que, segundo ele, seria capaz de levar a inflação à meta no horizonte relevante da política monetária. Mesmo se o Banco Central decidir estacionar a taxa Selic em 12,75% e o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) acelerar o passo, o diferencial de juros interno e externo será enorme, estimulando o carry trade.

O juro real doméstico elevado tende a servir de anteparo à moeda brasileira, ao encarecer operações de hedge e posições compradas em dólar (que ganham quando a moeda norte-americana sobe). Com pressão compradora, o dólar chegou a superar a barreira de R$ 4,80 e correr até a máxima de R$ 4,81(+,1,39%). Em seguida, a divisa desacelerava os ganhos, para a casa de R$ 4,78. No fim dos negócios, estava cotada a R$ 4,77, alta de 0,53%. No mês, o dólar ainda acumula queda de 7,43%. Em 2022, a baixa é de 14,41%. No exterior, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) subia cerca de 0,40%, na casa dos 99,100 pontos, com ganhos de mais de 1% frente ao iene, após recompra de títulos pelo Banco Central japonês. Em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, os maiores ganhos eram em relação ao rand sul-africano e o Real.

Para a Renova Invest, o pregão desta segunda-feira (28/03) foi marcado por uma realização natural de lucros, após uma sequência forte de queda da moeda norte-americana. A alta do dólar no exterior tem uma relação grande com a inversão da curva de juros norte-americana, que deixa o mercado com menor tolerância ao risco. A inflação elevada pode levar a juros maiores nos Estados Unidos, o que aumenta a atratividade do dólar, uma referência ao fato do retorno da T-note 10 anos estarem abaixo da taxa do título de 5 anos. A Armor Capital observa que dados recentes de manufatura e serviços nos Estados Unidos mostram que possivelmente a guerra na Ucrânia terá mais impacto sobre a inflação do que a atividade. A expectativa é de quatro altas dos juros norte-americanos em 0,5%, o que levaria a taxa rapidamente para o nível neutro.

Em seguida, o Fed poderia reduzir o ritmo para 0,25% para calibrar o quão restritiva será a política monetária. Os juros terminais devem ser de, no mínimo, 3,5% nos Estados Unidos, dado o enorme desafio imposto pelo processo de desinflação com salários e preços de commodities elevados. A Armor vê a entrada de fluxos externos para a Bolsa doméstica e possivelmente para a renda fixa, dado o diferencial de juros, como vetores predominantes da alta recente do Real. Modelos que buscam estabelecer o preço justo da moeda no curto prazo sugerem patamares ainda mais apreciados que o atual. Porém, a convergência plena para o preço justo de forma consistente e perene depende do endereçamento do equilíbrio fiscal de médio prazo por meio de regras fiscais confiáveis e reformas macro e microeconômicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.