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28/Mar/2022

Dólar acumula forte queda na semana e em 2022

Em queda pelo oitavo pregão consecutivo, o dólar rompeu o piso de R$ 4,80 na sessão de sexta-feira (25/03) e fechou em baixa de 1,75%, a R$ 4,74, no menor valor desde 11 de março de 2020. Nos cinco dias úteis da semana passada, a moeda norte-americana acumula perda de 5,35%, a maior desvalorização semanal desde a primeira semana de novembro de 2020 (-6%). E acumula uma baixa de 13,1% em 2022. O fortalecimento expressivo do Real, que lidera os ganhos entre as divisas emergentes neste ano, se deve a dois fatores: perspectiva de superávits comerciais robustos, na esteira da aposta de que as commodities seguirão em patamares elevados com o prolongamento da guerra na Ucrânia, e amplo diferencial de juros doméstico e externo, a despeito de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já ter sinalizado elevações sucessivas da básica norte-americana. Apesar da alta do IPCA-15 de 0,95% em março, os juros futuros recuaram.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o plano do Banco Central é encerrar o aperto monetário em maio, com alta final da Selic em 1%, para 12,75%. Como é de praxe, Campos Neto também deixou a porta aberta para alta residual em junho, dado que há uma grande incerteza sobre a extensão da crise. Mesmo sem superar os 13%, como preveem casas como Credit Suisse e Citi, a taxa básica vai estacionar em níveis elevados e proporcionar um juro real que atrai o chamado "smart money". Dados do fluxo cambial na semana entre 14 e 18 de março mostraram saldo negativo de US$ 1,037 bilhão, com saída líquida de US$ 1,575 bilhão pelo canal financeiro e entrada de US$ 538 milhões via comércio exterior. Nos últimos dias, contudo, os operadores voltaram a relatar forte entrada de recursos externos, além de postura mais ativa dos exportadores, que estariam antecipando fechamento de câmbio. O fluxo cambial total é positivo em US$ 1,612 bilhão em março e em US$ 9,466 bilhões no acumulado do ano.

Argumenta-se também que, com a taxa real de juros elevada, é muito caro fazer hedge (proteção) ou apostar contra a moeda brasileira, o que tem levado a um desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro. Segundo a Valor Investimentos, o cenário é de juros altos e câmbio baixo. Esses juros atraem muitos investidores para o carry trade. Observou-se fortes investimento nos leilões do Tesouro na semana passada. A guerra também coloca o Brasil como uma boa opção entre emergentes, já que a Rússia sai do cenário. O Brasil é um dos emergentes grandes produtores de commodities. Nos últimos oito pregões, o dólar saiu do patamar de R$ 5,15 para R$ 4,74, garantindo um recuo de 7,92% para a divisa em março e levando as perdas no ano para 14,86%. Em 2021, marcado por forte debate em torno da deterioração das condições fiscais, a divisa havia subido 7,36%. Segundo a Armor Capital, houve uma explosão nos termos de troca por causa da guerra, favorecendo os produtores de commodities. Além disso, a Selic próxima de 13% favorece o carrego e encarece o hedge.

O movimento de alta das commodities não deve ser permanente e, por isso, a aposta é em um dólar de equilíbrio mais elevado. Há uma enxurrada de 'smart money' ainda no Brasil. Para a JF Trust, o movimento de apreciação do Real deve persistir. O suporte do dólar foi reestimado em R$ 4,57. Os ingressos externos para a bolsa já superam R$ 22 bilhões em março. Para a RB Investimentos, além da valorização das commodities e da taxa Selic, o desfecho da eleição presidencial não assusta os investidores, pois o mercado já conhece bem os dois favoritos: o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma eleição em que é possível traçar como seriam os governos. O estrangeiro consegue trabalhar com a continuidade do governo Bolsonaro ou volta do presidente Lula. Por isso, está tendo esse fluxo forte para o Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.