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28/Mar/2022

Países precisam repatriar a cadeia de fornecimento

Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), repatriar a cadeia de fornecimento é uma forma de impulsionar a atividade doméstica, colaborar para a economia verde e evitar a super dependência de insumos, cuja produção foi transferida a outras partes do globo nos últimos anos. A ideia é de que muitas das soluções para a América Latina e Caribe podem estar ‘em casa’. Por ser a maior economia local, o Brasil pode se tornar um dos principais beneficiários desse retorno, com a identificação de quase uma centena de oportunidades no País feita pela entidade. A expulsão de parte das fases de produção para lugares distantes foi um erro evidenciado durante a pandemia de coronavírus e, agora, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, com a escassez de insumos. É necessário que se faça agora o "nearshoring", um processo que pode ser pensado como a antítese do "off shore".

Nas últimas décadas, em busca de mão-de-obra e ambiente de negócios mais baratos, muitas empresas transferiram parte de suas produções ou optaram por contratação de terceiros para outras partes do mundo, em especial a Ásia. Além da sujeição de produtos, a prática aumentou desnecessariamente a emissão de poluentes com o trânsito dos navios. Nos dois últimos anos, com a Covid-19, começou a se observar o maior realinhamento das cadeias de fornecimento para o Ocidente. Agora, por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia, há outro massivo realinhamento, particularmente na cadeia de commodities. São dois grandes realinhamentos da cadeia de insumos. O "nearshoring" não é apenas uma questão de querer. É preciso que haja instrumentos para auxiliar a indústria no processo. No ano passado, o BID destinou quase US$ 4 bilhões para financiar o "nearshoring".

Metade dos recursos foi aplicada em desenvolvimento de ecossistemas dos países, como melhoria da logística e diminuição da burocracia. A outra parte foi investida no próprio deslocamento das atividades da China e região para locais mais próximos da produção principal. O BID fez um trabalho para identificar oportunidades nesse sentido na América Latina e Caribe. No Brasil, são 98 oportunidades, que vão de aparelhos médicos a desenvolvimento de software e turbinas eólicas. O Brasil poderia, por exemplo, passar a exportar para os Estados Unidos 50% do que a China vende atualmente para a maior potência econômica do globo. Trata-se de um incremento de US$ 10 bilhões por ano do Brasil apenas para os Estados Unidos. A maior economia da América Latina tem tudo para canalizar a produção localmente. Além do tamanho e da competitividade de custo, conta com uma ampla gama de recursos naturais.

O País conta ainda com a vantagem de fuso-horário, distâncias mais curtas e cultura similar. O Brasil é um lugar único e deve estar preparado para essas compensações de realinhamentos. Também é possível fazer isso na área de commodities, podendo preencher o gap de commodities globais que a Rússia deixou. Ao lado das commodities minerais, a área de alimentos é, sem dúvida, um destaque do País. Claro que há o problema da escassez de fertilizantes, mas o BID trabalha junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em alternativas, como Canadá e Israel antes do início da próxima safra. A comida do Brasil é a chave para lidar com a crise atual, mas tem a questão com os fertilizantes. O Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes, e importa muito da Rússia. Mas, o País está buscando novos instrumentos financeiros e preços competitivos com o Canadá para trazer a produção até setembro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.