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25/Mar/2022

Dólar segue caindo e tem sétima queda consecutiva

Apesar de certa instabilidade e troca de sinais, o dólar caiu pelo sétimo pregão consecutivo nesta quinta-feira (24/03), em dia marcado por relatos de fluxos estrangeiros para ativos domésticos e por nova rodada de valorização de divisas emergentes e de países exportadores de commodities ante a moeda norte-americana. O dólar chegou até a romper o piso de R$ 4,80 e tocou no patamar de R$ 4,76 (-1,63%), com zeragem de posições no mercado futuro e possíveis aportes para a renda fixa local. O Tesouro Nacional vendeu lote integral de NTN-F (R$ 415,8 milhões), o papel público preferido dos estrangeiros. Também foi colocada oferta integral de LTN (R$ 8,4 bilhões), títulos mais absorvidos por investidores domésticos, mas que podem também ter atraído capital externo. Em meio a ajustes e movimentos de realização de lucros, a divisa operou pontualmente em terreno positivo no início da tarde desta quinta-feira (24/03), tendo alcançado máxima a R$ 4,85 (+0,27%).

Logo em seguida, contudo, voltou a cair e, após passar o restante do pregão orbitando R$ 4,82, fechou a R$ 4,83, em baixa de 0,25%, o que levou as perdas acumuladas em março a 6,28%. A queda do dólar desta quinta-feira (24/03) foi em menor magnitude do que a observada nos pregões anteriores: -1,44% (23/03), -0,59% (22/03) e -1,42% (21/03). O ritmo de apreciação do Real teria sido limitado pela queda das cotações do petróleo, com o tipo brent abaixo de US$ 120,00 por barril. Houve também a sinalização do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de que o ciclo de aperto monetário provavelmente se encerrará em maio, com alta da taxa Selic em 1%, para 12,75% ao ano. Tendo acumulado uma depreciação de 6,10% entre o fechamento do pregão do dia 15 de março e o dia 23 de março, era natural também que o movimento de baixa da moeda norte-americana perdesse um pouco de fôlego.

O cenário favorável ao Real, contudo, ainda permanece: manutenção de commodities em patamares elevados, com o prolongamento da guerra na Ucrânia e as sanções do Ocidente à Rússia, e amplo diferencial entre juros internos e externos. Isso apesar da alta dos retornos dos Treasuries, diante da crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vá acelerar o passo no processo de alta dos juros. Segundo o Travelex Bank, juro real forward de 2 anos nos Estados Unidos é negativo em 2,77%, e no Brasil é positivo em 5,80%. Dá para entender o tamanho do carry do País. Há também relatos de migração de recursos de outros emergentes, inclusive da China, para o Brasil. Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 2,592 bilhões na bolsa no dia 23 de março, o que leva os aportes em março a R$ 20,972 bilhões. No acumulado do ano, a entrada de capital externo soma R$ 83,593 bilhões. Segundo a TAG Investimentos, os ativos no Brasil, em especial o câmbio e bolsa, continuam a se favorecer de um cenário de preço de commodities mais elevados e fuga de capitais dos emergentes do Leste Europeu, assim como do rebalanceamento das carteiras saindo de 'growth' para 'cíclicos'.

Para a Valor Investimentos, o Brasil está recebendo mais investimentos com essa quebra de negócios de países desenvolvidos com a Rússia. E, com a Selic elevada, o investidor estrangeiro também busca ganhos reais com a renda fixa brasileira. Monitoramento diário de alta frequência do Instituto Internacional de Finanças (IIF) mostra que desde a invasão da Ucrânia, há um mês, a China tem registrado um nível sem precedentes de fuga de capitais, enquanto outros emergentes apresentam fluxo positivo. Em relatório, a instituição afirma que ainda é cedo para concluir se a guerra é responsável por esse movimento, mas que a dimensão das saídas é grande o suficiente para pelo menos levantar a possibilidade de que o conflito esteja levando investidores a encararem o mercado chinês "sob um novo olhar". Reunidos em Bruxelas, líderes do G7 e da União Europeia anunciaram nesta quinta-feira (24/03) iniciativa para coordenar ações conjuntas de sanções à Rússia. O Comunicado do G7 divulgou acusou a Rússia de crimes de guerra na Ucrânia. Houve também ao alerta de que o grupo ficará atento à ajuda de outros países ao governo russo.

Em entrevista coletiva após reuniões com líderes aliados, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu a expulsão da Rússia do Grupo dos 20 (G20). O banco Credit Suisse afirma que, a despeito do rali recente, o Real ainda está subvalorizado e pode continuar a se apreciar. O Real apresentou a maior apreciação em relação ao dólar neste ano em um conjunto de 33 moedas. Esse desempenho, contudo, é apenas uma reversão da forte depreciação corrida nos últimos anos. Alguns modelos, baseado em diferencial de juros, de inflação, prêmio de risco e termos de troca, suportam a avaliação de que a moeda ainda tem espaço para se apreciar. A mediana das projeções dos modelos do banco aponta para uma taxa de câmbio de R$ 4,50, com uma banda entre R$ 4,10 e R$ 4,80. Entre pontos favoráveis ao Real, o Credit Suisse ressalta o fato de o diferencial entre as taxas de juros reais brasileira e norte-americana estar perto de seu pico. Outro ponto relevante é a melhoria dos termos de troca, em razão dos preços elevados das commodities, que representam 70% das exportações brasileiras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.