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24/Mar/2022

Corte de impostos terá efeito limitado na inflação

A decisão do governo de zerar o imposto de importação de etanol, café, margarina, queijo, macarrão e óleo de soja e de reduzir em 10% as alíquotas de importação sobre itens de informática e bens de capital terá impacto limitado para conter a alta de preços e segurar a inflação. Mesmo com essa medida, estão mantidas as previsões para o ano do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) na faixa de 7%. Na prática, a zeragem do imposto tem muito mais um caráter populista, no sentido de o governo demonstrar preocupação com a inflação em ano eleitoral, do que equacionar a forte pressão inflacionária, que mantém os índices em 12 meses em dois dígitos. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o etanol e os alimentos, cujas alíquotas estão zeradas até o final do ano, representam menos de 3% do orçamento familiar. Eles pesam menos do que a conta de luz, que responde por 5% do IPCA. Além de o peso desse grupo de itens ser pequeno na inflação, como os preços são livres e o momento atual é de muita volatilidade, a isenção do imposto não necessariamente se traduz em preços menores ao consumidor.

A decisão pode, no máximo, impedir um aumento maior no preço final. O motivo é que as cotações das commodities, como soja, trigo, milho, petróleo, seguem muito pressionadas no mercado internacional por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. Parece que essa decisão está na conta de medidas em torno das eleições, do interesse do governo de se posicionar melhor na corrida eleitoral. O anúncio desse pacote tem um caráter populista e eleitoreiro. A desaceleração da inflação no segundo semestre já é prevista por causa de outros fatores e que o efeito da zeragem do imposto é muito pequeno. Não é isso que vai conter preços. Entre os fatores que devem levar a uma desaceleração da inflação no segundo semestre está a alta dos juros no mundo, especialmente nos Estados Unidos. A subida dos juros dos títulos do Tesouro norte-americano reduz os movimentos especulativos de fundos que apostam em commodities e impulsionam os preços. Outro fator apontado é a entrada, no segundo semestre, das safras de grãos no mercado internacional, o que amplia a oferta de produtos e segura os preços.

Além disso, a valorização do dólar em relação ao Real deve limitar a alta da inflação no Brasil. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), se o câmbio continuar se valorizando, ele terá impacto muito mais importante para segurar a inflação do que essas reduções de impostos. Toda a redução de imposto é bem-vinda, mas o problema da inflação neste momento é muito maior do que os itens nos quais o governo decidiu zerar ou reduzir o imposto de importação. A inflação está muito espalhada. No Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, o último dado disponível, 74,8% dos 377 itens que compõem o indicador registraram aumento de preços, um recorde histórico. A decisão do governo pouco vai influir na inflação. No caso do etanol, o produto importado respondeu por apenas 3,8% da oferta no mercado interno no ano passado. É muito pouco. Além disso, o etanol importado é produzido a partir do milho, que está em alta no mercado internacional. Não deve ter um efeito relevante para o preço da gasolina. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.