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23/Mar/2022

Consumo das famílias abaixo do patamar pré-Covid

De acordo com os dados desagregados do Monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em meio às pressões inflacionárias, salários mais baixos, desemprego ainda elevado e crédito mais caro, as famílias brasileiras de mais baixa renda reduziram o consumo de bens, que está em patamar inferior ao pré-pandemia. Por outro lado, as famílias mais ricas puxaram a demanda pelo consumo de serviços, que já retornou ao nível pré-crise sanitária. A inflação elevada está corroendo o poder de compra das famílias. As pessoas estão reduzindo suas compras de bens não duráveis, semiduráveis e até de bens duráveis. O Monitor do PIB - FGV antecipa a tendência para a atividade econômica brasileira a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

Considerando a série histórica com ajuste sazonal, ou seja, que desconta os efeitos característicos de determinadas épocas do ano sobre o comportamento do consumidor, o consumo de bens semiduráveis em janeiro de 2022 ficou 12,14% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia. O consumo de produtos duráveis (que é também dependente do crédito, afetado pelas altas nas taxas de juros) está 10,28% abaixo do pré-Covid. Já a aquisição de bens não duráveis, que inclui itens essenciais como alimentos e remédios, está 3,04% abaixo do pré-pandemia. O desemprego e a informalidade afetam mais as pessoas de mais baixa renda. Essa crise é muito desumana, no sentido de que afeta mais quem é de baixa renda. Quem perdeu o emprego ficou desempregado. Quem estava atuando na informalidade ficou sem poder trabalhar na pandemia. Por outro lado, o consumo de serviços em janeiro ficou 0,10% acima do pré-crise sanitária, a despeito do avanço no mês no número de contaminações pela variante Ômicron do novo coronavírus.

Havia uma demanda reprimida por serviços entre as famílias de renda mais elevada, que conseguiram fazer uma poupança ao longo da crise sanitária. As pessoas de renda mais elevada ficaram com menos medo da pandemia. Viajaram e foram para hotéis, restaurantes. Janeiro foi um mês de férias, e neste ano essas pessoas decidiram tirar férias. Na média, o Consumo das Famílias recuou 1,3% em janeiro ante dezembro, ficando 2,86% aquém do nível pré-Covid. O consumo de serviços (que agora impulsiona a média global do consumo das famílias) demorou mais a se recuperar, por conta das restrições ao funcionamento de estabelecimentos e demais medidas sanitárias necessárias para conter a disseminação do vírus. O consumo de bens chegou a superar os patamares anteriores à pandemia, especialmente nas categorias de duráveis e de não duráveis, impulsionados por fatores como o pagamento do Auxílio Emergencial pelo governo, o isolamento social e o crescimento do trabalho remoto. Esse consumo perdeu fôlego diante de uma conjuntura atualmente mais desfavorável à aquisição de bens.

A inflação acumulada nos 12 meses encerrados em janeiro foi de 10,54%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE e usado como parâmetro para o sistema de metas de inflação seguido pelo Banco Central. A população desempregada somava 12 milhões de pessoas no País no trimestre terminado em janeiro, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE. A renda média real de quem permanecia trabalhando era de R$ 2.489,00 no trimestre até janeiro, 9,7% menor que um ano antes. A Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE, mostrou que o comércio varejista vendeu 1,9% menos em janeiro de 2022 em relação a janeiro de 2021. Se considerado o varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume vendido encolheu 1,5%. Em 2021, o Consumo das Famílias respondeu por 61,0% de todo o PIB brasileiro, sob a ótica da demanda. Em 2019, antes do choque provocado pela pandemia de Covid-19, essa participação era de 65,1%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.