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23/Mar/2022

Guerra: países temem uma crise alimentar global

Os países estão se dando conta da ameaça de uma crise alimentar global e estão tomando medidas para garantir seus próprios suprimentos. A guerra entre Rússia e Ucrânia, duas potências na produção de grãos, causou pânico de desabastecimento, alta de preços e potencial escassez de fertilizantes. Isso desencadeou restrições de exportação da Ásia às Américas. A União Europeia (UE) sinalizou que mudará completamente a abordagem de sua política agrícola para garantir segurança alimentar. A invasão da Ucrânia, conhecida como celeiro da Europa, abalou os mercados de commodities e os países responderam acumulando grãos e óleo de cozinha, ou incentivando colheitas maiores.

O G7 (grupo das sete maiores economias ricas) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) pedem aos líderes que mantenham os fluxos comerciais abertos, alertando que o protecionismo pode elevar preços e levar a prateleiras vazias em países dependentes de importações. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar, qualquer estabilidade obtida no país que está proibindo as exportações é uma instabilidade exportada para o resto do mundo. Isso tem um efeito cascata.

Autoridades da União Europeia se reuniram ontem para discutir formas de tornar o fornecimento de alimentos mais seguro. As propostas em discussão incluem permitir que terras que estão em pousio sejam utilizadas para o plantio de safras ricas em proteína e assim oferecer apoio ao setor de carne suína.

Alguns países estão tomando medidas por conta própria. A Bulgária, uma grande exportadora, destinou recursos governamentais para aumentar sua reserva nacional de grãos, com o objetivo de adquirir 1,5 milhão de toneladas.

Na França, uma associação de produtores de ração animal quer que o governo armazene as 800 mil toneladas de grãos de que precisa mensalmente, temendo que o apetite global por cereais possa esgotar a oferta doméstica. Moldávia e Sérvia, dois fornecedores menores, restringiram vendas de produtos agrícolas como trigo e açúcar. Para o Programa Mundial de Alimentos, esse é o tipo de situação desnecessária quando já existe um choque no mercado. O programa da ONU tem como meta atender pelo menos 140 milhões de pessoas neste ano, mas só tem metade dos US$ 20 bilhões de que precisa.

A Indonésia, maior produtora de óleo de palma, aumentou o imposto sobre exportação de US$ 375,00 por tonelada para US$ 675,00 por tonelada com base nos preços atuais. Impostos mais altos tornam o abastecimento do mercado interno mais lucrativo, afirmou o Ministério de Comércio do país. A Argentina, maior exportadora de farelo e óleo de soja, está impedindo operadores de registrarem carregamentos para exportação, uma medida que geralmente indica que um aumento de tarifas está por vir. Também está subsidiando sua indústria de processamento de trigo e ameaçando proibir as exportações de carne bovina. O país também está entre os maiores exportadores desses dois produtos.

Até o Egito proibiu a exportação de produtos básicos como farinha, lentilha e trigo por três meses. A nação árabe mais populosa é a maior importadora de trigo, usado para fazer massa e suprir um programa de subsídio ao pão que alimenta dezenas de milhões de pessoas. O protecionismo também está se espalhando pelo segmento de produtos frescos. O Marrocos está reduzindo suas exportações de tomate para a Europa para garantir as próximas ceias do Ramadã por causa da guerra na Ucrânia e uma seca histórica que está prejudicando a produção local. Fonte: Valor Econômico/Bloomberg. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.