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22/Mar/2022

Preços de alimentos avançam nos supermercados

Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem por 30% das exportações mundiais de trigo, começam a chegar às prateleiras dos supermercados. Os preços ao consumidor da farinha de trigo, do macarrão, dos biscoitos e até do óleo de soja tiveram forte alta no início do mês, superando de longe reajustes de fevereiro. Entre os dias 1º e 12 de março, nos supermercados, a farinha de trigo ficou, em média, 4,46% mais cara, o preço do macarrão com ovos subiu 4,24%, o de biscoitos, 2,62% e o do óleo de soja, 5,79%, em comparação com igual período de fevereiro, aponta um levantamento da startup Varejo 360. Especializada em pesquisa de mercado, a empresa coletou os preços desses itens nos tíquetes de compra de 150 mil clientes de supermercados no estado de São Paulo.

O levantamento mostra que, entre 1º e 12 fevereiro, antes da guerra, que começou no dia 24 de fevereiro, os preços desses itens tiveram aumentos bem mais moderados ante igual período de janeiro. A farinha de trigo, por exemplo, tinha subido 0,24%, os biscoitos, 1,64%, e o óleo de soja, 1,46%. E o macarrão até ficou 0,97% mais barato. Muito provavelmente os aumentos mais acentuados em março devem ser reflexo da disparada do trigo por causa da guerra. Nos últimos 30 dias, até 17 de março, o preço do trigo subiu quase 20% no Rio Grande do Sul e beirou R$ 2.000,00 por tonelada, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A maior parte dos reajustes de preços feitos pelos varejistas se concentrou no dia 12 de março (sábado). Sábado geralmente é o dia da semana no qual os supermercados costumam ser mais agressivos nas promoções.

Isso pode indicar que a pressão de custos das matérias-primas pesa mais neste momento do que a estratégia para alavancar as vendas. Os aumentos são confirmados pelos supermercados. A Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro conta que pães, biscoitos e todos os derivados de trigo e soja (grão que é um substituto do trigo) estão sendo comprados pelos supermercados com preços mais altos. O quadro se agravou com o início da guerra. Os supermercadistas brigam por centavos nas negociações com fornecedores para reduzir repasses para o preço ao consumidor. Os aumentos ficarão mais visíveis ao consumidor na última semana. A Associação Paulista de Supermercados recebeu relatos de aumentos da farinha de trigo da ordem de 15% na primeira quinzena do mês, com indicações de novos reajustes. No caso do óleo de soja, a majoração do preço teria sido de 20%.

A disparada da inflação esvaziou o carrinho de compras de supermercado dos brasileiros no ano passado, e as novas pressões de preços das commodities, como trigo, soja, petróleo, provocadas pela guerra, devem piorar a situação. Pesquisa da consultoria global Kantar mostra que, em 2021, com IPCA a 10,06%, o brasileiro levou para casa um volume 5,6% menor de produtos de uma cesta com 120 categorias, entre alimentos, bebidas, higiene e limpeza, na comparação com o ano anterior. Em número de unidades, o recuo foi de 2,6%. Mesmo comprando menos, o consumidor gastou 8,6% a mais do que em 2020. Em 2022, a alta de preços não deu trégua, pelo contrário (em 12 meses, até fevereiro, subiu para 10,54%). Esse cenário de bolso apertado com compras menores se consolidou no final de 2021, especialmente no caso das commodities e dos produtos perecíveis, que inclui carnes.

Mensalmente, a Kantar tira uma fotografia da despensa de 11 mil domicílios para projetar as compras de 58,8 milhões de lares existentes no País. No último trimestre do ano passado, o consumo dessa cesta de produtos caiu ainda mais em unidades, 5% em relação a igual período de 2020. No caso das commodities, que incluem farinha, arroz, óleo de soja, a retração foi de 7,7%. E o desembolso em reais pela cesta como um todo aumentou 5,5%. A cesta de commodities já sofreu muito no fim de 2021 e deve ter um primeiro trimestre mais impactado pela alta de preço por conta da guerra. Diante do aperto no orçamento que deve piorar em razão de novas pressões inflacionárias, a alternativa para o consumidor é intensificar o que ele já vinha fazendo ao longo de 2021.

Isto é, buscar promoções, trocar marcas caras por econômicas, substituir carne por proteínas mais baratas, como ovo e empanados. A pesquisa mostra que a disparada da inflação a partir do segundo semestre do ano passado provocou um aumento da participação das marcas econômicas, aquelas cujos preços estão 20% abaixo da média do mercado, no carrinho de compras. Até meados de 2021, respondiam por 14% da cesta total e fecharam o ano em 16%. A perspectiva é de que a fatia das marcas econômicas, especialmente as regionais, avance e represente 18% da cesta. Essa foi a participação na época da hiperinflação, antes da estabilização com o Plano Real.

Para economizar, os brasileiros tiram as marcas da sua lista de supermercado e compram muitos produtos a granel, como cereais, arroz, feijão, e itens de limpeza, como sabão líquido, lustra móveis, por exemplo. Na compra a granel de produtos sem uma marca específica, o consumidor tem a possibilidade de levar para casa a quantidade exata que precisa e não paga pela embalagem. Ao optar por esse tipo de compra, é reduzida a participação do supermercado como canal de abastecimento de produtos básicos e entram as lojas de bairro. Em itens nos quais não é possível comprar a granel, o consumidor continua se abastecendo no supermercado, mas troca de marca para economizar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.