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22/Mar/2022

Diesel: os riscos de desabastecimento no Brasil

A guerra entre Rússia e Ucrânia deixou o mercado internacional de diesel mais apertado, com menos volume disponível e preço mais alto, o que inviabiliza a importação por médias e pequenas empresas brasileiras e dificulta a operação até mesmo de gigantes, como a Petrobrás. O conflito mudou o fluxo do comércio do combustível no mundo, com a Europa buscando fazer estoques com o produto norte-americano para evitar um apagão no caso de um corte de gás mais intenso da Rússia, já que o diesel pode ser um substituto para o gás. Para trazer diesel para o Brasil, o importador hoje tem que pagar caro, e já aconteceu de nem assim encontrar o produto, segundo a da Greenenergy, maior distribuidora de combustíveis do Reino Unido que tem escritório no Brasil. A Europa está comprando diesel do mundo todo. Mais de 50% do diesel consumido na Europa tem origem russa. O momento atual é de um problema sério de abastecimento de diesel. A maioria do diesel importado pelo Brasil vem do Golfo do México, que com a guerra tem destinado o combustível para a Europa e cobrado um prêmio alto por isso.

Há cerca de 15 dias o diesel estava com desconto, mas com a guerra passou a cobrar um prêmio de US$ 0,30 acima do preço. O galão de diesel que estava US$ 3,20 agora está entre US$ 3,50 e 3,60. Para o Brasil, a notícia é ainda mais grave, levando em conta que a safra da cana-de-açúcar, que movimenta bilhões de litros de diesel todo ano, começa no final de março e entrará em abril. Mesmo com os recentes incentivos anunciados pelo governo para o diesel, como isenção de impostos federais e mudanças no ICMS, o preço deve permanecer alto para os caminhoneiros brasileiros, que já começam a se movimentar para uma possível greve, a exemplo do que ocorreu em 2018. A situação da importação deve se agravar. O Brasil precisa importar 25% da demanda, e a Petrobras deixou o preço tão defasado no passado recente, que ninguém trazia o produto do exterior, nem a própria Petrobras trouxe diesel. A defasagem do diesel chegou a R$ 2,50 antes do aumento anunciado pela estatal no dia 11 de março, o que impediu a formação de estoques.

Os estoques de diesel nos Estados Unidos estão próximos das mínimas históricas, e a situação na Europa pode estar ainda pior, apesar de não haver estatística aberta como no mercado norte-americano. A questão é que a Rússia é uma grande fornecedora de diesel para Europa, e agora as tradings europeias estão reduzindo a importação de produto russo e aumentando a importação de produto norte-americano. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) também avalia que o mercado de diesel está cada vez mais apertado por causa da guerra, e apesar do preço do petróleo estar cedendo no mercado internacional, o diesel não tem registrado recuo. A janela de importação está completamente fechada no momento. Agentes do mercado relatam que não está fácil negociar óleo diesel para o Brasil: está caro e escasso. A defasagem entre os preços do diesel vendido pela Petrobras nas suas refinarias brasileiras em relação ao mercado internacional saiu de uma diferença de 24% no dia 10 de março para 4% no dia 11 de março, após o aumento. Após quase dois meses de preços congelados, a Petrobras aumentou o diesel em 24,9%, a gasolina em 18,7% e o gás de cozinha em 16%.

Com a piora na oferta de diesel no mercado externo, a defasagem voltou a subir e já registrava7% nesta segunda-feira (21/03). Até mesmo os grandes importadores do País estão com dificuldade de importar diesel pela baixa oferta, o que pode comprometer o abastecimento no País. Mesmo com preço alto, o número de ofertas a cada anúncio de compra do combustível foi fortemente reduzido. Normalmente, quando era feito o pedido de compra de diesel aparecia oferta de mais de 20 navios, agora no máximo 2 ou 3 navios ofertam. Para tentar compensar a escassez do mercado, tanto Petrobras como Acelen, controladora da Refinaria de Mataripe, na Bahia, estão aumentando ao máximo a produção das suas refinarias. Segundo a Acelen, o fator de utilização da Refinaria de Mataripe está em 97%, comparado aos cerca de 70% de antes da privatização. A Petrobras está operando em março com média de 88% nas suas refinarias, depois de registrar fator de utilização de 86% em janeiro e 87% em fevereiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.