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22/Mar/2022

Brasil: superávit em petróleo alivia efeito da guerra

A invasão da Ucrânia pela Rússia deflagrou um novo choque de preços de petróleo, com potencial de espalhar novas rodadas de pressões inflacionárias e minar o crescimento da economia global. Mas, desta vez, o Brasil tem um amortecedor que não tinha em outras crises deste tipo. Desde 2016, o País é exportador líquido de petróleo e combustíveis, mostram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No ano passado, a balança comercial de petróleo e derivados teve superávit recorde de US$ 19 bilhões, conforme cálculos do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), que representa as empresas de petróleo e gás. As exportações de petróleo bruto somaram US$ 30,6 bilhões em 2021, salto de 56% ante 2020, quando as cotações do barril despencaram, no início da pandemia, e derrubaram o valor exportado. Em 2021, o volume até registrou queda, mas os preços dispararam.

Considerando apenas a balança comercial de petróleo e óleos combustíveis, e não de todos os derivados, o superávit de 2021 foi de US$ 20,4 bilhões. Em 2016, o saldo positivo foi de US$ 1,02 bilhão. Esse colchão não é suficiente para impedir impactos da guerra na Ucrânia sobre o Brasil. No fim das contas, o saldo da nova crise é negativo. Mesmo assim, a condição de grande exportador de matérias-primas, incluindo agora a balança de petróleo e derivados, evita efeitos mais dramáticos, vistos em outras crises causadas por choques do petróleo, nos anos 1970 e 1990. O sinal mais imediato aparece no câmbio. O salto nas cotações de petróleo (o tipo Brent chegou a encostar em US$ 140,00 por barril no início do mês) tende a aumentar o fluxo de dólares para países exportadores. Assim, mesmo que o petróleo mais caro pressione ainda mais a inflação para cima e atrapalhe o crescimento econômico, a queda da taxa de câmbio, ou uma alta abaixo do que se esperaria em tempos de guerra, pode suavizar as novas pressões inflacionárias. E isso tem acontecido no Brasil.

O Brasil, historicamente, sempre foi importador líquido de combustível e derivados. Quando o petróleo subia, resultava em mais inflação e menos crescimento econômico. Agora, o Brasil está em um momento em que a alta do preço do petróleo melhora as receitas de exportação e favorece a valorização do câmbio. Esse processo conta com o auxílio de juros altos. Em 2021, as exportações de matérias-primas como soja, petróleo e minério de ferro já tinham garantido superávit comercial recorde, mas o câmbio não deu o alívio esperado. Ao explicar o descolamento, destacam-se os riscos políticos e fiscais. Em março de 2021, a taxa básica de juros estava em 2% ao ano. Hoje, é de 11,75%. O Brasil exporta duas coisas: commodities e juros (referência figurada à atração de investidores financeiros globais que buscam ganhos superiores aos de mercados mundo afora). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.