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21/Mar/2022

Dólar sofreu recuo pela terceira sessão consecutiva

Após uma forte alta nos pregões dos dias 14 e 15 de março, quando atingiu o patamar de R$ 5,15, o dólar emendou na sessão de sexta-feira (18/03) seu terceiro dia seguido de queda e encerrou a semana com desvalorização de 0,76%. A moeda chegou até a esboçar um fechamento abaixo do piso psicológico de R$ 5,00, ao descer até a mínima de R$ 4,99 (-0,81%), mas recuperou parte do fôlego logo em seguida e terminou cotada a R$ 5,01, em queda de 0,37%. O dólar apresentou comportamento mais instável na primeira etapa de negócios, quando chegou a romper o teto de R$ 5,05 e atingiu máxima a R$ 5,07. Com o sinal predominante de alta da moeda norte-americana no exterior, investidores remontavam posições defensivas no mercado doméstico de câmbio. Pela tarde, em meio à recuperação do apetite ao risco, com as Bolsas em Novo York se firmando em terreno positivo e o Ibovespa renovando máximas, o dólar recuou e passou o restante do pregão orbitando em R$ 5,00.

Operadores notaram fluxo de recursos estrangeiro na esteira de nova onda de otimismo em torno de acordo para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, após conversa entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o chinês, Xi Jinping, que, segundo relato da mídia estatal chinesa, teria dito que o conflito no Leste Europeu "não atende o interesse de ninguém". Embora a guerra ainda seja relevante na trajetória do dólar, pesaram mais sobre a formação da taxa de câmbio na semana passada dois fatores. O primeiro é a perspectiva de sustentação dos preços das commodities em níveis elevados, após o governo chinês acenar com medidas de estímulo à economia, cuja dinâmica parecia ameaçada pelo novo surto do coronavírus. O segundo fator é a taxa real de juros brasileira muito atraente, inferior apenas à da Rússia, e o diferencial de juros interno e externo, que estimula as operações de carry trade. O comportamento do dólar está muito ligado aos preços das commodities, que seguem em alta no mercado internacional.

Segundo o Banco Ourinvest, a expectativa de mais juros no Brasil também acaba atraindo fluxo de capital, ainda que de forma especulativa. Por ora, o início do processo de elevação dos juros nos Estados Unidos, com a alta de 0,25% da taxa básica anunciada no dia 16 de março, e o tom duro do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que elevou as projeções de inflação, não castigam as divisas emergentes, sobretudo de países exportadores de commodities. No Brasil, o Banco Central prometeu, ao menos, mais uma elevação da taxa Selic em 1%, para 12,75% ao ano. Para a Amor Capital, o Real se beneficiou da retomada do apetite por ativos de risco e moedas emergentes, até esboçando novamente com o rompimento do piso de R$ 5,00. Esse rali ocorreu apesar da indefinição sobre o desfecho da guerra e do início de elevação de juros nos Estados Unidos, além de novo surto do coronavírus na Ásia. O investidor estrangeiro continua "agressivo" na bolsa doméstica, com compras diárias na casa de R$ 2 bilhões.

Segundo dados da B3, os estrangeiros ingressaram com R$ 1,497 bilhão, levando os aportes acumulados em março para R$ 10,930 bilhões. O estrangeiro continua comprando basicamente porque o Brasil tem uma bolsa muito correlacionada a commodities e diversificada entre setores, como petróleo, mineração, celulose, agrícolas e carnes. Nem todo dinheiro de estrangeiro para compra de ações significa fluxo financeiro novo. As commodities não estão mais no pico, mas os preços têm tendência altista depois da guerra. Em relação ao Federal Reserve, a Armor destaca que o Fed trouxe uma revisão relevante para o patamar da das taxas de juros neste e nos próximos dois anos, com a mediana para os Fed Funds em 2023 em 2,8%, em patamar, portanto, levemente contracionista. Mas, o fato de não ter vindo uma alta mais forte e de o Fed ter telegrafado bastante esse ajuste fizeram com que o mercado reagisse razoavelmente bem. No caso brasileiro, a aposta é de encerramento do ciclo de aperto na próxima reunião do Copom, com Selic em 12,25%.

No exterior, o índice DXY (que mede o dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) operou em alta e, quando o mercado de câmbio doméstico fechou, trabalhava na casa dos 98,200 pontos. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, a moeda norte-americana tinha comportamento misto. Quem mais apanhava era o rublo (perda superior a 3%) e as moedas do Leste Europeu, como o florim húngaro e o zloty polonês. Na liderança, figuravam o peso mexicano e o Real. Dirigentes do Fed mantiveram o tom duro na sexta-feira (18/03). O presidente do Fed de St. Louis, que destoou ao votar por uma alta inicial dos juros em 0,50%, disse que a combinação de forte desempenho econômico real e inflação inesperadamente baixa significa que a taxa de juros está atualmente muito baixa. O presidente de Richmond afirmou que é hora de normalizar as taxas e que, se necessário, o Fed pode optar por uma alta de 0,50% em seu próximo encontro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.