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21/Mar/2022

Exportação de grãos e açúcar segue normalmente

O setor exportador de grãos do Brasil não vê, pelo menos por enquanto, impacto do conflito Rússia-Ucrânia sobre as vias de exportação da soja brasileira. Por ora, não há interrupções nas rotas. A maior parte da soja brasileira segue para a China pelo Atlântico, passando ao largo, pelo extremo sul da África (Cabo da Boa Esperança), e não houve efeito negativo no escoamento em virtude do conflito. Porém, o setor segue atento a qualquer mudança no cenário. Mesmo eventos inesperados, como a pandemia e o acidente no Canal de Suez no ano passado, quando o navio Evergreen ficou emperrado na via, bloqueando a passagem e criando uma imensa fila de embarcações, não impediram as exportações brasileiras da oleaginosa. Na época de escoamento da safra, no primeiro semestre do ano, o Brasil atrai boa parte da frota disponível no mundo de navios Panamax, que conseguem navegar no calado dos portos brasileiros.

Assim, o Canal do Panamá, que seria outra alternativa, não tem sido usada por motivos econômicos: mais caro e os navios estão sujeitos a filas. No caso do Paraná, a Portos do Paraná conta que os principais produtos exportados são soja, milho e farelo de soja, além de proteína animal e açúcar, que chegam a seus destinos por rotas distantes do Mar Negro e da zona de conflito na Ucrânia. Essas commodities têm como destino outros lugares, como Ásia, Europa, América do Norte, Oriente Médio e até mesmo a África. Mas, nenhuma dessas rotas sofre impacto da zona de conflito; as embarcações que saem dos portos do Paraná não passam pelo Mar Negro. A rota Ásia, por exemplo, é usada cruzando a Argentina, o Cabo da Boa Esperança ou o Canal do Panamá, na América Central, áreas que estão a relativa distância da Ucrânia. Já as importações de fertilizantes, como previsto, serão em breve afetadas pelo conflito no Leste Europeu. Pelos portos paranaenses, desembarcam aproximadamente 30% de todo o volume de fertilizante importado pelo Brasil.

Desse volume, 8,5% vêm da Rússia e 5,5%, de Belarus, que sofreu sanções por parte dos Estados Unidos e da União Europeia, no fim do ano passado, que proibiram o país de utilizar o Porto de Klaipeda, na Lituânia, e a ferrovia estatal lituana que tem o porto como destino. O volume restante que chega aos portos de Paranaguá (PR) e Antonina (PR) vem do Canadá e da China. Até o momento, não foi identificado problema no recebimento e abastecimento de fertilizantes porque o mercado, ciente das iminentes sanções a Belarus, desde o fim do ano passado antecipou importações de adubos. Além disso, navios russos com adubos destinados ao Brasil que deixaram a Rússia "em tese" estão sendo carregados no país e chegarão ao Brasil. No Porto de Paranaguá há vários armazéns privados com estoque de produto e capacidade estática de cerca de 3 milhões de toneladas. No ano passado, a movimentação chegou perto de 12 milhões de toneladas. Mas, esse estoque já foi comercializado.

Outra importante commodity de exportação brasileira, o açúcar, também não tem encontrado entraves para escoamento em função da guerra entre Rússia e Ucrânia. Em relação à região do Mar Negro, os embarques do Brasil para lá não são expressivos. No ano passado, o País exportou menos de 400 mil toneladas para a Rússia, que é o principal comprador da região. Para Ucrânia e Romênia, que são banhadas pelo Mar Negro foram menos de 100 mil toneladas. Os volumes representam uma parcela pequena dos mais de 27 milhões de toneladas do açúcar que o Brasil exportou em 2021. O principal importador foi a China, que comprou cerca de 4,3 milhões de toneladas, ou 15% do total. Outros destinos importantes foram Indonésia, Malásia, Canadá, Arábia Saudita e países da África, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O fluxo de navios que vão para o Mar Negro (com açúcar brasileiro) é relativamente baixo. Embora os países da região embarquem volumes expressivos de fertilizantes e outros produtos para o Brasil, o chamado "frete de retorno" (quando uma embarcação volta ao seu local de origem carregado com outro produto) não acontece majoritariamente com açúcar. Segundo a Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), as Regiões Norte e Nordeste do País, que destinam boa parte da produção de açúcar à exportação e têm cotas prioritárias para embarque aos Estados Unidos e à União Europeia, também não devem ter seus fluxos alterados. O preço do açúcar subiu no início da guerra, principalmente em razão dos preços de energia, e não tanto dos fundamentos do açúcar. A principal influência é a energia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.