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18/Mar/2022

Dólar recua com commodities e o apetite ao risco

Nesta quinta-feira (17/03), após uma manhã volátil, em que trocou de sinal algumas vezes, o dólar se firmou em forte baixa ao longo da tarde e fechou na casa de R$ 5,03, na esteira de uma melhora do apetite ao risco no exterior e do enfraquecimento global da moeda norte-americana. O Real e demais moedas emergentes ganharam força com a expectativa de sustentação dos preços das commodities em níveis elevados, após o governo da China prometer nesta semana medidas para estimular a economia. As cotações internacionais do petróleo voltaram a se firmar acima de US$ 100,00 por barril em meio a declarações de autoridade russas de que, diferentemente do que foi ventilado, não houve avanço nas tratativas de cessar-fogo com a Ucrânia.

O dólar encerrou o pregão a R$ 5,03, em queda de 1,16%, o que leva as perdas acumuladas em março para 2,35%. Em 2022, a desvalorização é de 9,71%. Em baixa em relação à maioria de divisas emergentes e de exportadores de commodities, o dólar também cai frente a moedas fortes, em especial o euro. O Banco Central Europeu (BCE) afirmou que serão tomadas as medidas necessárias para lidar com as consequências da guerra. Além disso, a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, amenizou o tom duro do comunicado do Banco Central norte-americano, que trouxe revisão para cima das expectativas de inflação e juros. Powell prometeu elevações da taxa básica em todas as reuniões do Fed neste ano e acenou com redução do balanço patrimonial da instituição. Segundo a JF Trust, a questão da China reforçar que vai utilizar instrumentos de estímulo para sustentar a economia puxa as commodities e joga o dólar para baixo.

Além disso, apesar de acenar com altas sucessivas dos juros, Powell deu a entender que não vai haver um choque monetário agressivo. O Banco Fator observa que, embora tenha dito que vai dispor de todos os mecanismos para trazer a inflação à meta, Powell sinalizou que adotará uma postura moderada. Ele passou tranquilidade ao mercado dizendo que não vai fazer dada diferente do combinado e que o passo vai ser de 0,25%. Mesmo a redução do balanço patrimonial da instituição (que significa tirar dinheiro do sistema) se dará de uma maneira comedida. Ele deixou claro que não vai usar uma arma muito poderosa sem uma avaliar a situação muito bem antes. No Brasil, o comunicado controverso do Copom, que elevou a Selic em 1%, para 11,75% ao ano, e prometeu repetir a dose em maio não chegou a ser determinante na formação da taxa de câmbio.

Mesmo tido como "dovish" por parte dos analistas e ensejado algumas revisões para baixo a magnitude do ciclo de aperto monetário, a Selic terminal deve ficar por volta de 13%. Isso garante uma taxa de juros projetada 12 meses a frente muito atraente e um diferencial entre juros externos e internos elevado, o que estimula entrada de capital estrangeiro. Para o Banco Fator, o movimento mais forte de rotação global de carteiras, que resultou em entrada expressiva de recursos estrangeiros em janeiro e fevereiro, ficou para trás, o que diminui em muito a probabilidade de o dólar furar de forma consistente o piso de R$ 5,00. De outro lado, a tendência de alta dos preços das commodities e o diferencial de juros elevado servem de "barreiras" que protegem a moeda brasileira. Teria que haver algo extraordinário para uma desvalorização muito grande do Real.

A alta de 1% da Selic prometida pelo Copom para a próxima reunião equivale a boa parte de todo aumento de juros nos Estados Unidos ao longo deste ano. A JF Trust, observa que o ambiente continua muito positivo para operações de "carry trade" (que exploram o diferencial de juros entre países), o que, ao lado da alta das commodities, dá sustentação ao Real. Contudo, é improvável uma entrada tão grande de recursos como a vista no primeiro bimestre. A expectativa de juro perto de 13% ajuda a segurar o dólar. Mas, não se espera nenhuma novidade positiva dos fundamentos da economia que faça entrar mais capital. Ainda existe preocupação de fiscal com mais benesses sociais do governo. E isso deve aumentar com as eleições se aproximando. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.