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16/Mar/2022

Dólar avança com o recuo das commodities e Fed

O dólar fechou em alta pelo quarto pregão seguido na sessão desta terça-feira (15/03) e atingiu o patamar de R$ 5,15. Operadores atribuem a perda de fôlego do Real, que vinha exibindo o melhor desempenho entre as divisas emergentes, a uma correção técnica induzida pela baixa das commodities. Novo surto de Covid-19 na China lança dúvidas sobre a demanda global e parece se esgotar o excesso especulativo em torno dos preços das matérias-primas provocado pela eclosão da guerra na Ucrânia. O preço do minério de ferro fechou em baixa superior a 5% no Porto de Qingdao, na China. As cotações do petróleo caíram mais de 6% no mercado internacional, rompendo o piso de US$ 100,00 por barril. Nas mesas de operação, avalia-se que a parte mais expressiva do movimento de rotação global de portfólios (que resultou em forte fluxo de capitais para o Brasil nos dois primeiros meses do ano) pode ter ficado para trás. As bolsas norte-americanas voltam a exibir desempenho superior ao Ibovespa, que não encontra forças para se manter acima dos 110 mil pontos.

A expectativa em torno do tom do comunicado da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que deve anunciar nesta quarta-feira (16/03) uma alta de juros em 0,25%, e as incertezas relacionadas aos desdobramentos do conflito no Leste Europeu também contribuem para a postura mais cautelosa dos agentes. Pesa ainda contra a moeda brasileira a percepção de deterioração dos fundamentos domésticos, com alta contínua das expectativas inflação e piora da percepção fiscal diante de propostas para subsidiar combustíveis. O presidente Jair Bolsonaro provocou a direção da Petrobras ao dizer que espera que a empresa acompanhe a queda do preço do petróleo no mercado internacional nos últimos dias. Tirando uma pequena baixa nos primeiros minutos dos negócios, o dólar trabalhou em alta ao longo de todo pregão, renovando máximas à tarde, quando atingiu R$ 5,16. No fim da sessão, era cotado a R$ 5,15, avanço de 0,76%. Apenas nos dois últimos pregões, o dólar já subiu 2,08% e, assim, passou a apresentar sinal levemente positivo em março (+0,07%). No ano, ainda tem baixa de 7,48%.

As máximas do dólar coincidiram com leve aceleração da alta do DXY (que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes) para a casa dos 99,100 pontos. Na contramão do Real, a maioria das divisas emergentes ganhou força em relação ao dólar. O dólar sobe e a bolsa cai com um movimento forte de correção das commodities. Segundo a Valor Investimentos, havia a expectativa de que a China fosse recuperar a intensidade de crescimento após a Olimpíada de Inverno, mas o país enfrenta agora novo lockdown. Há também uma acomodação dos preços das commodities após a alta exponencial provocada pela guerra. Para a Vitreo, o Real passa por uma correção técnica, com investidores retomando posições defensivas às vésperas da decisão do Fed. Há apreensão em torno da possibilidade de o Fed acenar com uma postura mais agressiva daqui para frente, prejudicando o desempenho das divisas emergentes. Nesta terça-feira (15/03), foi divulgado o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos em fevereiro, que apresentou alta de 0,8%, abaixo da expectativa dos analistas (0,9%).

Já o núcleo do PPI, que exclui energia e alimentos, subiu 0,2%, ritmo bem inferior ao esperado (0,6%). Com os juros locais cada vez mais altos, o dólar tenderia a cair e até ficar abaixo de R$ 5,00, mas o momento é de correção. O mercado está buscando hedge (proteção) com essa questão do Fed e a continuidade da guerra. É um movimento mais técnico que fundamentalista. O tombo das commodities e o estresse interno em torno dos preços dos combustíveis também dão suporte aos compradores. No Brasil, a expectativa majoritária do mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncie nesta quarta-feira (16/03) uma alta da taxa Selic em 1%, para 11,75% ao ano, e deixe a porta aberta para continuidade do ciclo de aperto. Analistas avaliam que o nível expressivo da taxa Real brasileira e a manutenção de um diferencial de juros interno e externo ainda elevado tendem a amenizar eventuais movimentos de depreciação do Real. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.