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15/Mar/2022

Brasileiro revê orçamento com forte alta da inflação

O aumento do preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, anunciado na quinta-feira pela Petrobras, vai apertar ainda mais o ‘cinto de quem achava ser impossível fazer novos furos’. Até porque esse reajuste vem depois de uma grande sequência de altas, só a gasolina já havia subido 43,57% de janeiro do ano passado até antes da nova mudança. Para os profissionais autônomos que dependem dos combustíveis para trabalhar, a escalada tem significado queda constante na renda e na qualidade de vida. Além de ganhar menos, alguns dobram a carga horária na tentativa de manter as contas em dia. Em casa, os hábitos também estão mudando. As famílias voltaram a economizar em alguns produtos supérfluos e jantares fora de casa. Esse quadro é resultado de uma renda disponível, depois do pagamento de despesas essenciais, cada vez mais achatada pela inflação e desemprego altos.

Nessa equação, os gastos com combustíveis têm sido um dos vilões que mais corroem a renda da população brasileira. Levantamento da Tendências Consultoria Integrada mostra que, nos últimos dez anos, as despesas das famílias com combustíveis (gasolina e etanol) cresceram quase 50%, maior do que o avanço dos gastos com alimentos. No ano passado, 3,9% da renda total foi para gastos com combustíveis. Parece pouco, mas isso tem um efeito relevante no orçamento das famílias. Trata-se do maior patamar, pelo menos, desde 2008. Em 2020, esse percentual estava em 3% e, em 2019, antes da pandemia, em 3,2%. E esse quadro tende a ficar pior. Se fosse para repassar todo o aumento do petróleo no mercado internacional, o preço da gasolina já estaria acima de R$ 10,00 por litro. Esta não é uma crise temporária, e sim uma mudança de regime no comércio internacional de energia. Não adianta pensar em congelamento de preço, cujo custo é gigantesco.

É preciso pensar um pacote com medidas para enfrentar essa crise, como amortecimento das oscilações de preços, compensação para grupos vulneráveis e aceleração da transição energética. O quadro complicado da economia brasileira, agravado pela pandemia de Covid-19, já fez o percentual de renda disponível da população cair de 43,03% para 36,36% em dez anos. É o pior resultado, pelo menos, desde 2008. Só no ano passado, o brasileiro perdeu algo em torno de R$ 100 bilhões de renda disponível. Na prática, isso significa que a sociedade poderia ter gastado esse montante a mais se a renda não tivesse encolhido. Essa queda tem feito o brasileiro trabalhar mais, segundo a Associação de Motoristas de Aplicativos. Hoje, os profissionais autônomos estão tendo de trabalhar de 12 a 14 horas por dia. Antes esse tempo era de 6 a 8 horas. Alguns aplicativos limitam o tempo de trabalho, mas o motorista desliga um e liga o outro. Ainda assim, trabalha mais e não consegue pagar as contas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.