ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

14/Mar/2022

Dólar sobe com postura defensiva de investidores

A cautela deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico na sexta-feira (11/03), com investidores remontando posições defensivas às vésperas do fim de semana diante das incertezas sobre o desenrolar da guerra na Ucrânia e eventuais impactos de novas sanções econômicas à Rússia, além de risco de greve de caminheiros no Brasil. As variações da taxa de câmbio se deram em sintonia com o apetite ao risco e o comportamento da moeda norte-americana no exterior. Pela manhã, na esteira de declarações do presidente russo, Vladimir Putin, de mudanças positivas nas negociações com a Ucrânia, investidores saíram às compras. No Brasil, o dólar rompeu o piso de R$ 5,00 e desceu até a mínima de R$ 4,98, com operadores relatando fluxo estrangeiro. À tarde, um pacote de informações que apontam para um recrudescimento das tensões entre Ocidente e Rússia jogou o petróleo para cima e fez a moeda norte-americana acelerar os ganhos no exterior.

Em conjunto com líderes do G7, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou novas medidas contra a Rússia e houve alertas na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre possível uso de armas químicas pelos russos na Ucrânia, rebatidos por representantes chineses. Com piora do humor, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) superou a barreira dos 99 mil pontos e atingiu máxima aos 99,140 pontos, sobretudo graças ao avanço ante o euro. A moeda norte-americana também ganhava força em relação à ampla maioria de países emergentes, com raras exceções do peso colombiano e da lira turca, além do rublo. No Brasil, o dólar não apenas voltou a ser negociado acima de R$ 5,00 e fechou a R$ 5,05, em alta de 0,76%. Apesar disso, a divisa ainda terminou a semana com desvalorização de 0,48%, o que leva as perdas acumuladas em março a 1,97%.

Com o mercado à vista já fechado, surgiu a informação de que transportadores de carros e de combustíveis decidiram parar e não fazer novas viagens a partir de sexta-feira (11/03), sob alegação de que a alta dos preços dos combustíveis anunciada na quinta-feira (10/03) pela Petrobrás. inviabilizou o frete. O dólar futuro para abril fechou a R$ 5,10, em alta de 1,16%, depois de ter atingido máxima a R$ 5,11. O giro foi de US$ 11,36 bilhões. O dólar já caiu bastante neste ano. Há as incertezas da guerra e ninguém quer passar o fim de semana descoberto. Há também expectativa de que o Fed (banco central norte-americano) pode adotar nesta semana um tom mais duro contra a inflação, o que favorece o dólar. Após a rodada recente de apreciação, o Real experimenta um período de acomodação. Não haveria apetite para apostas mais contundentes a favor da moeda brasileira, tendo em vista as incertezas no exterior. Mas, também não há espaço para montagem de posições mais fortes compradas em dólar (que ganham quando a moeda sobe), já que os juros locais são extremamente elevados e pode haver nova leva de entrada de recursos externos em ambiente de preços elevados das commodities.

Isso faz o dólar ficar sem uma direção clara. Não tem força para subir até R$ 5,10 e, quando cai abaixo de R$ 5,00 já entra comprador. Além dos desdobramentos da guerra, a taxa de câmbio pode começar a sentir mais a influência da elevação de juros nos países desenvolvidos e da corrida eleitoral doméstica. A alta de 1,01% IPCA de fevereiro realimenta as expectativas de taxa Selic terminal acima de 13%, o que amplia o diferencial de juros e interno e, em tese, aumenta a atratividade das operações de carry trade. Por outro lado, a taxa de câmbio nominal tende a se ajustar para cima com inflação pressionada e o aperto monetário mais intenso ameaça derrubar a economia, o que pode desestimular a entrada de capitais. Diversos departamentos econômicos de instituições financeiras, como Banco Fibra, Necton, Barclays e Citi, revisaram para cima as projeções para o IPCA deste ano, que se fixam acima de 6%.

A expectativa é que, diante das pressões da inflação corrente, o Copom opte por uma alta de 1% da taxa Selic, para 11,75% ao ano. A curva de juros está ‘estressada’. Essa inflação ainda não reflete o reajuste dos combustíveis. Para a Renova Invest, a expectativa é que o processo de alta juros seja mais longo. A inflação é ruim, mas as taxas de juros são muito atraentes. É muito difícil o estrangeiro deixar de colocar dinheiro no Brasil. Modelos econométricos apontam para um valor justo do dólar entre R$ 4,80 e R$ 4,85, mas a taxa de câmbio resiste a fechar abaixo do piso psicológico de R$ 5,00 muito por conta das incertezas externas, tanto relacionadas à guerra quanto ao ritmo de alta de juros nos Estados Unidos. O Fed já sinalizou com a alta de 0,25%. O comunicado é mais importante para se saber se haverá aceleração para 0,50% na próxima reunião e qual a alta da taxa contratada para o ano. É preciso ver como o dólar se comporta se o Fed for mais duro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.