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14/Mar/2022

Inflação: índice mais alto em fevereiro desde 2015

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro com alta de 1,01%, ante um avanço de 0,54% em janeiro. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 1,56%. O resultado acumulado em 12 meses foi de 10,54%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 1,00% em fevereiro, após um avanço de 0,67% em janeiro. Como resultado, o índice acumulou uma elevação de 1,68% no ano. A taxa em 12 meses foi de 10,80%. Em fevereiro de 2021, o INPC tinha sido de 0,82%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. A alta de 1,01% registrada pelo IPCA em fevereiro foi a variação mais acentuada para o mês desde 2015, quando subiu 1,22%. No mês de fevereiro de 2021, o IPCA tinha sido de 0,86%. O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 1,11% em janeiro para uma elevação de 1,28% em fevereiro.

O grupo contribuiu com 0,27% para a taxa de 1,01% do IPCA do último mês. A alimentação no domicílio aumentou 1,65% em fevereiro. As famílias pagaram mais pela batata-inglesa (23,49%) e cenoura (55,41%), que contribuíram conjuntamente com cerca de 0,08% para a inflação de fevereiro. Na direção oposta, houve recuos nos preços do frango inteiro (-2,29%) e do frango em pedaços (-1,35%). A alimentação fora do domicílio subiu 0,30% em fevereiro. O lanche fora de casa teve alta de 0,85%, enquanto a refeição fora subiu 0,02%. A alta nos alimentos em fevereiro teve influência de problemas climáticos que impactaram algumas lavouras. O excesso de chuva na Região Sudeste e a estiagem na Região Sul do País prejudicaram a colheita e a oferta nos mercados, afetando preços. Os gastos das famílias com transportes passaram de uma queda de 0,11% em janeiro para alta de 0,46% em fevereiro, um impacto de 0,10% sobre a taxa de 1,01% no último mês.

Os automóveis novos subiram 1,68% em fevereiro, o 18º mês consecutivo de altas. O item deu a segunda maior contribuição para a inflação do mês, 0,05%. Os automóveis novos já acumulam uma alta de 22,94% desde setembro de 2020. A explicação por trás é exatamente a mesma dos meses anteriores. O setor automotivo tem sido um dos mais impactados pelo desarranjo das cadeias produtivas que se iniciou com a pandemia. Teve uma alta muito grande no preço dos insumos. Um movimento semelhante de altas nos preços ocorre nos automóveis usados e motocicletas. Em fevereiro, os automóveis usados subiram 1,51%, e as motocicletas, 1,72%. Outros destaques foram as elevações em seguro voluntário de veículo (3,24%), conserto de automóvel (0,92%) e ônibus urbano (0,45%, devido aos reajustes nas passagens aplicados em capitais como Fortaleza, Recife, Campo Grande e Vitória). Houve aumentos também nos ônibus intermunicipais (0,38%) e interestaduais (1,36%). O táxi ficou 0,88% mais caro, como resultado do reajuste de 9,75% nas corridas no Rio de Janeiro. Por outro lado, os combustíveis recuaram 0,92%, com queda pelo terceiro mês consecutivo.

O etanol caiu 5,04%, e o preço da gasolina recuou 0,47%. O óleo diesel subiu 1,65% em fevereiro, e o gás veicular teve alta de 2,77%. As famílias brasileiras gastaram 0,54% a mais com habitação em fevereiro, uma contribuição de 0,09% para a taxa de 1,01% do mês passado. As maiores pressões partiram dos aumentos no aluguel residencial (0,98%) e condomínio (0,83%), com impactos de 0,04% e 0,02%, respectivamente. A energia elétrica subiu 0,15%, após a queda de 1,07% observada em janeiro. Desde setembro, permanece em vigor a bandeira tarifária de Escassez Hídrica, que acrescenta uma cobrança extra de R$ 14,20 à conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Houve reajustes ainda na taxa de água e esgoto (0,65%) e no gás encanado (0,45%). No mês de fevereiro, houve alta de preços em todos os nove grupos que integram o IPCA. As famílias gastaram mais com Alimentação e bebidas (1,28%), Saúde e cuidados pessoais (0,47%), Habitação (0,54%), Artigos de residência (1,76%) Vestuário (0,88%), Transportes (0,46%), Despesas pessoais (0,64%), Comunicação (0,29%) e Educação (5,61%).

Entre os Artigos de residência, grupo com a segunda maior variação no mês, houve altas de eletrodomésticos e equipamentos (3,18%) e de mobiliário (2,43%), que contribuíram com 0,03% cada um para a inflação. Nos últimos 12 meses, esses itens acumulam elevações de preços de 17,85% e 18,31%, respectivamente. No mês de fevereiro, houve alta de preços em todas as 16 regiões que integram o IPCA. A taxa menos acentuada ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre (0,43%), enquanto a mais elevada foi a do município de São Luís (1,33%). A inflação de serviços (usada como termômetro de pressões de demanda sobre a inflação) passou de uma alta de 0,39% em janeiro para elevação de 1,36% em fevereiro. Esse avanço está muito relacionado ao avanço na educação. A aceleração dos serviços em fevereiro é considerada pontual, sob pressão dos reajustes do grupo educação, especialmente dos itens cursos regulares e cursos diversos, ainda sem influência de um eventual aumento de demanda na economia.

O IPCA do ano passado ficou acima de 10%, e os reajustes de mensalidades escolares costumam ter como base a inflação do ano anterior. Há em curso um processo de recuperação da economia e da demanda, mas que não resultou em pressão no IPCA de fevereiro. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de um recuo de 0,35% em janeiro para elevação de 0,12% em fevereiro. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,09% em janeiro para 5,94% em fevereiro, o maior patamar desde abril de 2017, quando estava em 5,96%. A inflação de monitorados em 12 meses saiu de 16,83% em janeiro para 15,02% em fevereiro. As elevações nos preços de combustíveis costumam se espalhar por outros produtos e serviços da economia, contaminando a inflação como um todo.

Quando há uma alta tanto da gasolina quanto do diesel, acaba tendo um efeito disseminado na economia como um todo, como frete, serviços. Os combustíveis acabam impactando os preços dos bens e serviços que compõem o IPCA. A Petrobras anunciou, na quinta-feira (10/03), um reajuste nas refinarias, a partir de hoje, de 24,9% no preço do óleo diesel, de 18,7% da gasolina e de 16% do gás de botijão. É muito provável que o impacto desse aumento dos combustíveis se reflita no IPCA de março. Mas, é preciso aguardar, pois o reajuste nas refinarias não significa que chegue na mesma magnitude às bombas de postos de gasolina em diferentes regiões do País. A gasolina é o item de maior peso no IPCA, 6,47%. O etanol tem participação direta de 0,93% no orçamento das famílias; o óleo diesel, 0,25%; o gás veicular, 0,08%; e o gás de botijão, 1,37%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.