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11/Mar/2022

Dólar sobe após pacote de combustíveis aprovado

Em dia marcado por fortalecimento da moeda norte-americana no exterior, na esteira da frustração com as negociações para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e da divulgação da inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos, o dólar esboçou uma alta forte no mercado doméstico de câmbio, operando a maior parte do dia ao redor R$ 5,05, tendo atingido máxima a R$ 5,07 no início da tarde. A moeda, contudo, perdeu força na última hora de negócios e chegou até a flertar com uma virada para o lado negativo, após alívio com a aprovação pelo Senado de projeto para amenizar a alta dos combustíveis. A proposta traz a criação de uma conta de estabilização de preços, auxílio para motoristas de baixa renda e a ampliação do vale-gás para famílias carentes. O dólar fechou a R$ 5,01, em leve alta de 0,11%.

A moeda acumula perda de 1,23% na semana e de 2,71% em março. Preços de commodities em níveis elevados e taxa de juros local elevada (e em ascensão) servem de anteparo para o Real. Além do ambiente externo desfavorável, havia certa cautela diante da possibilidade de soluções mais heterodoxas com intervenção direta na formação de preços, sobretudo após a Petrobras anunciar alta de 18,7% na gasolina, de 24,9% no diesel e de 16% no gás de cozinha. Quase no fechamento do mercado de câmbio, o Senado também aprovou o teto base do projeto que altera a cobrança do ICMS sobre combustíveis. A aprovação do projeto no Senado ajudou nesse movimento de recuo do câmbio. Não que seja exatamente positiva. Ainda existe um problema fiscal.

Mas, é um ponto a menos de incerteza e mostra que estão buscando um acordo. O Banco Ourinvest prevê um ambiente de grande volatilidade para os ativos, em razão da guerra no Leste Europeu. Ainda existe fluxo de capital para o Brasil que está contendo uma aceleração da taxa de câmbio. Mas, essa taxa vai ficar baixa se vier uma piora no conflito entre Rússia e Ucrânia. Aprovado pelo Senado, o projeto dos combustíveis ainda precisa ser apreciado pela Câmara dos Deputados. Fontes da equipe econômica afirmaram que a criação da conta de estabilização de preço é "inócua", já que não há espaço no teto de gastos para sua adoção. Não haveria folga fiscal nem mesmo para a criação do auxílio-gasolina no valor de até R$ 3 bilhões.

No exterior, o índice DXY (que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes) subiu novamente para a casa de 98,500 pontos, com fortes ganhos em relação ao euro, na esteira o tom moderado da presidente do Banco Central Europeu (BCE), após a instituição, como esperado, manter as taxas de juros inalteradas. Frente a divisas emergentes, as maiores altas do dólar foram em relação ao peso colombiano, a lira turca, zloty polonês e o florim húngaro. O fortalecimento do dólar teve como gatilhos a frustração com a falta de um entendimento para um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e o índice de inflação ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em fevereiro. A inflação norte-americana está no maior nível em 40 anos (e pode ser ainda mais pressionada pela escalada recentes do petróleo), o que aumenta a expectativa para a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na quarta-feira (16/03).

Embora permaneça a aposta majoritária em elevação inicial de 0,25% dos juros nos Estados Unidos, volta à baila a possibilidade de um tom mais duro do Fed e possível alta de 0,50%. O CPI subiu 0,8% em fevereiro, levemente acima do esperado (0,7%), enquanto o núcleo avançou 0,5%, em linha com as expectativas. Na comparação anual, o índice atingiu 7,9% (ante projeção de 7,8%), enquanto o núcleo subiu 6,4%, ambos no maior nível desde 1982. Ao observar o comportamento da inflação implícita nos títulos de dois anos indexados à inflação nos Estados Unidos, o Travelex Bank observa que, se não vier uma recessão causada pela alta das commodities (principalmente o petróleo), é bem provável que o Fed suba a taxa de juros bem acima do que o mercado está precificando hoje.

A Armor Capital afirma que, diante dos impactos inflacionários da guerra no Leste Europeu, a tarefa das autoridades monetárias se tornou ainda mais complexa, uma vez que podem ficar atrasadas com relação às expectativas dos demais agentes econômicos e contribuírem para a disseminação da escalada de preços. No caso do Brasil, os juros deverão ir mais para perto de 13% e prevê que a taxa Selic, hoje em 10,75% ao ano, atinja 12,25%. Como o Fed, o Copom anuncia sua decisão de política monetária na quarta-feira (16/03). Com a perspectiva de aumento da entrada de recursos para o Brasil, em razão da melhora dos termos de troca provocada pela forte elevação das commodities, a Armor revisou sua projeção para taxa de câmbio no fim deste ano de R$ 5,75 para R$ 5,40. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.