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09/Mar/2022

Dólar sofre recuo sob influência de fatores opostos

O vaivém da percepção de risco no exterior, em meio aos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia e ao anúncio de sanções econômicas, fez com que o dólar tivesse um pregão instável nesta terça-feira (08/03), com várias trocas de sinais. A margem de oscilação, contudo, foi modesta, com o dólar correndo apenas cerca de R$ 0,06 entre a mínima (R$ 5,04) e a máxima (R$ 5,10). No fim da sessão, o dólar fechou a R$ 5,05, em queda de 0,52%, o que levou a desvalorização acumulada em fevereiro a 1,99%. O dólar futuro para abril, que havia subido com força no fim da sessão da B3 na segunda-feira (07/03), quando o mercado à vista já havia fechado, operou em queda firme nesta terça-feira (08/03), com giro forte, acima de US$ 17 bilhões.

O pregão foi marcado por muita cautela, dado o grau de incerteza em relação à duração do conflito militar e à magnitude dos impactos das sanções à Rússia sobre a economia mundial. O petróleo subiu mais uma vez, com o contrato tipo Brent para maio fechando a US$ 127,98 por barril (+3,87), depois de tocado US$ 133,15 por barril na máxima. Como esperado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a proibição de importação de petróleo e gás da Rússia. Biden disse que a decisão foi tomada em conjunto com aliados, mas admitiu que países europeus, mas dependentes das fontes energéticas russas, não podem ir pelo mesmo caminho. O Reino Unido pretende acabar com a dependência do petróleo da Rússia ao longo de 2022. A taxa de câmbio estaria sob forças opostas.

Temores de desaceleração da atividade econômica global com inflação elevada, que resultariam na temida estagflação, e aversão ao risco externa tendem a pressionar o dólar. De outro lado, a alta das commodities, que favorece exportações brasileiras, e os juros reais elevados estimulam a entrada de moeda estrangeira. Segundo o Banco Ourinvest, as restrições ao petróleo russo pelo Estados Unidos tendem a adicionar ainda mais pressão sobre a inflação global. No Brasil, o Banco Central precisará ajustar ainda mais para cima os juros para conter a escalada dos preços. Isso pode acabar trazendo mais fluxo para o País, porque o diferencial de juros aumenta, beneficiando o Real. As incertezas relacionadas à guerra mantêm a volatilidade elevada. Casas como XP, Bradesco, BNP Paribas e Bank of America revisaram para cima projeções para o IPCA neste ano.

No caso do Bradesco, por exemplo, a expectativa para o índice oficial de inflação em 2022 subiu de 5,4% para 6%, ao passo que a projeção para a taxa Selic, hoje em 10,75% ao ano, passou de 11,75% para 12,75%. Nas mesas de operação, há também quem já aponte para eventual reação da taxa de câmbio ao aumento da percepção de nova guinada populista do governo Jair Bolsonaro, em meio a iniciativas do governo para tentar impedir que a alta do petróleo no mercado internacional se traduza em aumento dos preços dos combustíveis no mercado interno. A reunião de ministros para tratar do tema terminou sem resolução. Na avaliação do BTG Pactual, o aperto das condições monetárias nos países desenvolvidos e ações do governo que podem ter impacto fiscal tendem a limitar a entrada de dólares para a busca de ativos de valor no mercado de ações e para a realização de trades de carrego.

Além disso, a corrida eleitoral doméstica e possível crescimento da incerteza a partir de conflito na Europa sugerem que o Real perca força nos próximos meses. O piso de R$ 5,00 do câmbio, impulsionado pelo forte fluxo financeiro estrangeiro, parece ter ficado no passado, mas isto não significa que o Real ainda não encontrará patamares favoráveis neste ano. A expectativa é de que a moeda siga com uma cotação média próxima de R$ 5,20 até o final do segundo trimestre, quando o fortalecimento do dólar e o quadro eleitoral devem conduzir a moeda para R$ 5,40. A HCI Invest trabalha com um suporte forte do dólar entre R$ 4,99 e R$ 5,00, patamares que, se rompidos, abriram espaço para taxa de câmbio operar de forma sustentada abaixo de R$ 5,00 e descer até perto de R$ 4,80. A resistência está entre R$ 5,20 e R$ 5,25. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.