ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

09/Mar/2022

Agronegócio: as emissões e mudanças climáticas

De acordo com estuda da Fundação Dom Cabral (FDC), emissões e mudanças climáticas são os temas ambientais mais relevantes para as empresas do agronegócio brasileiro. Pautas como recursos hídricos, proteção à biodiversidade e combate ao desmatamento, resíduos e efluentes e energia também estão entre as preocupações das empresas do segmento. Na área social, saúde e segurança ocupacional lideram os temas prioritários, seguidos por impactos na comunidade; ética, transparência e integridade; direitos humanos; diversidade e igualdade; e segurança alimentar. O estudo analisou a gestão das práticas socioambientais de 11 das maiores empresas com operação nacional e 11 de atuação internacional, baseadas em dados públicos. Chamado de “Benchmarking de ESG no Agronegócio”, o estudo da FDC analisou os relatórios de sustentabilidade, abas de sustentabilidade dos websites e política de responsabilidade social das maiores empresas do setor do País e de multinacionais do setor que atuam no Brasil para identificar as práticas de ESG de cada companhia.

As empresas foram selecionadas com base em uma média de rankings de “maiores empresas do agronegócio”, como o feito pela revista Exame. São elas: ADM, Amaggi, Amai Alimentos, Bayer, BRF, Bunge, Cargill, Cooperativa Agrária Agroindustrial, Copersucar, FMC, Ihara, JBS & JBS Foods, John Deere, Louis Dreyfus, Marfrig, Raízen, Suzano, Syngenta e Yara. Foram analisados os relatórios nacionais e internacionais publicados até 31 de agosto do ano passado. O levantamento não avalia as práticas propriamente ditas e, sim, a transparência e a comunicação das práticas sociais e ambientais nos relatórios de sustentabilidade. Ou seja, o objetivo é avaliar o processo de maturidade da gestão das empresas frente a temas socioambientais e se possuem compromissos públicos relacionados à gestão ESG. Há ainda muito a avançar na incorporação das práticas ESG (governança ambiental, corporativa e social) nas estratégias de gestão das empresas do agronegócio brasileiro. A maioria das organizações ainda não sabe o que realmente é sustentabilidade ou como dar transparência às práticas de ESG ou que valor quer criar com ESG.

Mas, já se percebe uma evolução na mentalidade das empresas do setor, de defensiva para maior abertura. Entre os temas pesquisados, o estudo revelou que há espaço para melhoria das práticas de gestão ESG do agronegócio nas questões de proteção da biodiversidade e combate ao desmatamento e emissões/mudança climática (no eixo ambiental), em saúde e segurança ocupacional (no viés social) e em ética e transparência (no aspecto corporativo). Em biodiversidade e mudanças climáticas, as empresas locais poderiam olhar e aprender bastante com as multinacionais, mais avançadas neste tema. Ao mesmo tempo, que o agro brasileiro possui boas práticas sociais e de engajamento de comunidades que podem nortear a agenda das companhias internacionais. Ressalta-se o fato de que as empresas terem operação local e no exterior contribui para essa troca. As empresas brasileiras do agronegócio já têm histórico sólido e práticas consolidadas em projetos e ações sociais voltados às comunidades em que estão inseridas, com espaço para crescimento nas práticas ambientais.

Há uma atenção maior à pauta ambiental das empresas internacionais. A cobrança dos investidores gera reorientação da estratégia e os projetos mudam de foco, com práticas agora mais voltadas às mudanças climáticas. Muitas vezes, a agenda ambiental vem da cobrança dos investidores e bancos. Contudo, o olhar mais atento do agronegócio brasileiro aos temas sociais é legítimo e está relacionado diretamente às próprias condições socioeconômicas do País. Isso cria para o agro um desafio de posicionamento. É preciso falar para fora que o setor entende a importância das mudanças climáticas e que vai incorporar, mas é preciso que entendam que em um País com pobreza e necessidade de desenvolvimento, a agenda de inclusão social é relevante. No aspecto de governança corporativa, ainda há atraso do agro em relação a outros segmentos econômicos e enxerga as pautas de diversidade e inclusão como agendas futuras do setor, e não iminentes. Por exemplo, agricultura familiar, defensivos agrícolas, fontes renováveis de energia e economia circular são considerados temas que podem se tornar relevantes no futuro.

A análise dos temas sociais e ambientais mostrou riscos e oportunidades ao desempenho competitivo das empresas e à reputação do setor como um todo. Entre os riscos aparecem impactos na produção por causa de secas e inundações; dificuldades no acesso a financiamentos; áreas embargadas que impossibilitam a emissão de notas fiscais; perda de talentos e de mão de obra qualificada e impactos negativos na reputação da empresa. As oportunidades identificadas foram o acesso ao mercado e clientes com demandas de ESG; custo de capital mais barato; prêmio nos preços por causa de certificações e novos negócios, como produtos biológicos substituindo químicos. O estudo identificou também as razões econômicas nas quais as empresas analisadas investem em ESG e se destacaram como motivos: eficiência operacional, gestão de riscos e atração e retenção de talentos. Para se integrar aos temas ESG, a pesquisa mostrou que as empresas buscam certificações internacionalmente conhecidas, investimentos em inovação ou a digitalização de processos, e o engajamento da cadeia de fornecedores.

O levantamento mostrou a Suzano como líder nacional na pesquisa de práticas ESG. Na sequência aparecem BRF, JBS e Raízen. No âmbito internacional, constam ADM, Bayer e Bunge com as maiores pontuações. A nota zero é atribuída a empresas que não divulgam informações socioambientais em seus sites ou não publicam relatório de sustentabilidade. Para a pontuação, foram levados em conta os seguintes temas: impactos na comunidade; emissões e mudanças climáticas; proteção a biodiversidade e combate ao desmatamento; saúde e segurança ocupacional; segurança alimentar; ética, transparência e integridade; bem-estar animal; recursos hídricos; direitos humanos, diversidade e igualdade; energia; resíduos e efluentes. A pontuação considerou a abordagem da empresa ao tema, apresentação de dados, apresentação de histórico de indicadores de desempenho; a melhoria de desempenho com relação ao tema ou o fato de a empresa abordar o desafio em seu relatório de sustentabilidade, existência de metas estratégicas e seu desempenho dentro do seu setor em relação a cada tema. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.