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08/Mar/2022

Dólar estável mesmo com a maior aversão ao risco

Uma deterioração dos mercados acionários no Brasil e no exterior, em meio à falta de avanço na terceira rodada das negociações entre Rússia e Ucrânia e ao eventual banimento do petróleo russo pelo Ocidente, fez com que o dólar encerrasse a sessão desta segunda-feira (07/03) praticamente estável. Os debates dentro do governo em torno de medidas para segurar os preços dos combustíveis, que contribuíram para a derrocada do Ibovespa, não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio, mas acabaram respingando no dólar futuro quando o mercado à vista já estava fechado. Em dia marcado por alta generalizada da moeda norte-americana no exterior, o fato de o dólar ter ficado estável no Brasil mostra a resiliência do Real, atribuída à atração de capitais para operações de carry trade e aos preços das commodities, em razão dos gargalos de ofertas provocado pela guerra. As cotações internacionais do petróleo voltaram a disparar, tendo o contrato futuro do Brent para maio se aproximado de US$ 140,00 por barril para depois se acomodar na casa de US$ 120,00 por barril, fechando a US$ 123,21 por barril (+4,32%).

No fim da tarde, a Casa Branca informou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não havia tomada sobre possível embargo ao petróleo russo. A onda inflacionária vinda do exterior reforça as expectativas de que a taxa Selic possa atingir o patamar de 13%, ao mesmo tempo em que se espera uma postura gradualista dos Bancos Centrais desenvolvidos, em especial do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), combinação que mantém um diferencial entre juros internos e externos muito elevado, dando sustentação ao Real. Apesar de todo o mau humor e volatilidade no exterior, o dólar oscilou apenas cerca de R$ 0,06 no Brasil entre a mínima R$ 5,03 e a máxima R$ 5,09. O dólar encerrou a sessão cotado a R$ 5,07 (+0,03%). Em março, a moeda já acumula desvalorização de 1,47%. Em 2022, perde 8,90%. A Western Asset vê a taxa de câmbio doméstica sob forças opostas. De um lado, o ambiente internacional de aversão ao risco, que empurra o dólar globalmente para cima. Do outro, commodities em preços elevados (que tendem a se traduzir em mais entrada de dólares via exportações) e juros domésticos muito atraentes.

Essa questão dos juros e das commodities, ajudada também pelo maior crescimento da China, vem se sobrepondo à aversão ao risco e determinando a taxa de câmbio no curto prazo. O Real pode se beneficiar também de uma realocação entre emergentes de recursos antes alocados em ativos russos. Mas, esse equilíbrio é bem instável. Se a crise continuar e houver risco de retração global, a moeda pode se depreciar. Ressalta-se sinais de deterioração dos fundamentos domésticos, dado o impacto fiscal de eventuais medidas do governo para tentar conter os preços dos combustíveis no mercado interno, a despeito da escalada do petróleo no mercado internacional. Por ora, tanto a aversão global ao risco quanto a possibilidade de piora das contas públicas estão refletidas no mercado de juros futuros, enquanto o Real segue preservado. Os fundamentos podem começar a deteriorar de novo de forma acelerada e isso pode atingir o câmbio. O Brasil não pode contar apenas com fluxo, porque é algo que não se consegue projetar.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a gestão da Petrobras, que alinha os preços do óleo no mercado doméstico à cotação internacional do petróleo, dizendo que isso "não pode continuar". Os ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil), além da técnicos do governo, teriam se reunido nesta segunda-feira (07/03) para tratar do tema. Fontes da equipe econômica disseram que, mesmo que se encontra receita para subsídio aos combustíveis, não há espaço no orçamento que abrigue as despesas necessárias para segurar os preços da gasolina e do diesel. Uma das propostas que estaria na mesa seria o congelamento temporário dos preços dos combustíveis pela Petrobras, justificado pela excepcionalidade da guerra, e bancado integralmente pela empresa. Caso os gastos com subsídios para manter os preços congelados fossem assumidos pelo Tesouro, o dólar iria para R$ 5,70. Com o mercado à vista já fechado, o dólar futuro para abril acelerou o ritmo de alta para a casa de R$ 5,14, diante da possibilidade de congelamento, enquanto o Ibovespa aprofundou as perdas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.