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08/Mar/2022

Combustíveis: risco de desabastecimento no País

A demora por uma solução para o preço dos combustíveis no mercado interno coloca o Brasil em risco de um possível desabastecimento, principalmente de diesel, produto que depende de importação. Anualmente, cerca de 300 navios com óleo diesel chegam aos portos brasileiros, com uma média de 1,5 bilhão de litros por mês. Sem poder repassar a alta do preço internacional para os postos de abastecimento, as importações podem ser suspensas, até que o mercado se normalize. O governo sentiu a gravidade do problema e nesta segunda-feira (07/03) houve reunião de técnicos de três ministérios (Economia, Minas e Energia e Casa Civil) para tentar achar uma solução que permita à Petrobras aumentar os preços sem repassar toda essa volatilidade para o consumidor final. A decisão ficou para esta terça-feira (08/03), em outra reunião no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, que tem criticado abertamente a política de preços da estatal.

A Petrobras está há 54 dias sem fazer reajustes, em um contexto em que o valor do petróleo subiu 47% desde o último aumento da companhia, em 12 de janeiro. A atitude da empresa contraria declarações do próprio presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, que no ano passado, após 86 dias com o preço congelado, justificou o aumento como forma de manter o mercado abastecido. Se a Petrobras mantiver os preços muito abaixo da paridade, ninguém consegue importar combustível e as refinarias não são suficientes para atender toda a demanda. Porém, se a economia estivesse aquecida o problema já teria ocorrido, mas hoje o risco é mais baixo. O governo está demorando muito a tomar alguma decisão que reduza a volatilidade dos preços que, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia, atingiram outro patamar (bem mais elevado).

Nesta segunda-feira (07/03), por alguns segundos, a commodity chegou a bater os US$ 139,13 por barril do tipo Brent, cedendo para US$ 123,21 por barril no fechamento dos contratos para maio. Somente de sexta-feira (04/03) até esta segunda-feira (07/03), a estatal já perdeu R$ 22 bilhões em valor de mercado na bolsa de valores de São Paulo (B3) com as especulações sobre possíveis subsídios que o governo estaria negociando para aliviar o aumento. A defasagem entre os preços praticados pela Petrobras nas refinarias para o diesel e gasolina já passam de 30%, ou seja, a estatal teria que fazer reajustes dessa ordem para equiparar seus preços ao mercado internacional. O estoque da Petrobras com preço de dois meses atrás termina em março, o que joga o problema do desabastecimento para o mês de abril, se o preço do petróleo continuar nos patamares atuais. A aposta é de que não haverá desabastecimento, mesmo com a atratividade claramente baixa em se importar combustíveis no momento.

Tal ideia se baseia na experiência de outubro/2021, quando os grandes importadores continuaram ativos apesar da diferença de preços (uma referência ao congelamento de preços por 86 dias no ano passado, que chegou a acumular defasagem de R$ 0,60 a R$ 0,70 por litro no diesel). Hoje, a defasagem supera R$ 1,00 por litro. No entanto, os preços ao consumidor podem subir fortemente, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste, que têm uma maior presença de produtos importados devido à falta de refinarias. O que há de contraponto é o caso de que haja alguma mudança na tributação ou formação de um fundo estabilizador de preços, que estão sendo discutidos no Congresso. Daí, seria preciso avaliar como seria o plano do governo para tentar entender o impacto líquido no preço na bomba. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.