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08/Mar/2022

Brasil precisará combater a sua desindustrialização

Embora tenha crescido 4,5% no ano passado, a indústria está longe de ter superado a crise que se estende há pelo menos dez anos e afeta, sobretudo, o segmento de transformação. A expansão em 2021 parece expressiva, mas é menor do que a de toda a economia. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, nos dois últimos trimestres do ano passado, a indústria registrou queda. A desindustrialização, para a qual economistas e dirigentes empresariais vêm apontando há tempos, não foi interrompida. São muitos os desafios para superá-la. Governos que não conseguem ver além dos interesses imediatos e particulares de seus integrantes, como o de Jair Bolsonaro, dificilmente compreenderão a dimensão de desafios dessa natureza. Felizmente, com a possibilidade de sua substituição pelo voto, maus governantes não são eternos.

E, no setor produtivo, parece haver firme e consciente disposição de encarar os novos problemas, com base em diagnósticos realistas, e buscar soluções condizentes com as exigências contemporâneas. Pode-se ter esperança. Ao tomar posse como presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em fevereiro, o empresário Josué Gomes da Silva havia mostrado a necessidade de recuperar o dinamismo da indústria na economia nacional e debater a reindustrialização do País, num mundo em que os processos produtivos se modernizam e se modificam rapidamente. Para ele, o grande desafio da indústria de transformação é definir uma nova política industrial. Essa nova política deve estar livre dos vícios do passado, entre eles o protecionismo e a interminável determinação com que parte do setor buscava vantagens tributárias temporárias ou perenes, e ter, entre suas diretrizes, a sustentabilidade, a redução das emissões de carbono e o foco em setores de média e alta tecnologia.

Não é pouco, para um segmento já às voltas com tantos obstáculos para recuperar seu papel no crescimento econômico. Mas é necessário. Aos problemas antigos, que são conhecidos, se somam os que as transformações do sistema de produção, distribuição e comercialização em todo o mundo estão impondo a governos, empresas, trabalhadores e consumidores. São mudanças cuja compreensão será vital não apenas para o crescimento, mas até mesmo para a sobrevivência das empresas, em particular as da indústria de transformação. A reforma tributária, que simplifique o sistema e propicie alguma redução do peso dos impostos e taxas, de modo a estimular os investimentos, continua sendo uma meta prioritária que o setor produtivo não pode abandonar. Da mesma forma, a recuperação da infraestrutura, para propiciar mais confiabilidade e redução de custos para a produção, transporte e comercialização de bens e serviços, continua indispensável. Mas, políticas industriais como as que vigoraram até há poucas décadas são coisas do passado.

A preocupação deve, daqui para a frente, estar voltada para os segmentos com maior potencial de produção ambientalmente sustentável, que atenda aos objetivos resumidos no acrônimo para meio ambiente, preocupação social e governança (ESG). Trata-se de um movimento global, de que a indústria brasileira não poderá escapar, a despeito de já ter problemas internos específicos que tendem a retardar a transformação de seu processo produtivo. Só assim o Brasil poderá superar a desindustrialização, que é considerada precoce. A redução do tamanho da indústria no PIB ocorre quando as economias passam de renda média para renda alta. Outros segmentos crescem mais, daí a perda do peso relativo da indústria na economia nacional. Mas, isso ocorreu sem que o País alcançasse a condição de renda alta, daí seu caráter prematuro. A renda gerada pela indústria caiu, da mesma forma que sua produtividade. Com visão clara da imensidão do problema, é possível, ainda que muito difícil, começar a superá-lo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.