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07/Mar/2022

Como a guerra afeta exportação do Brasil à Rússia

A venda de produtos brasileiros para a Rússia ainda não foi afetada pelas consequências da invasão da Ucrânia. Mas, empresários do agronegócio, setor que se destaca na pauta de exportações para o mercado russo, temem que problemas na logística e nos pagamentos atrapalhem os negócios. A participação das compras da Rússia no total exportado pelo Brasil vem caindo desde 2008, e fechou 2021 com uma fatia inferior a 1%. Apesar dessa participação pequena, uma menor importação da Rússia afetaria os negócios de exportadores de carnes, soja, amendoim, café e açúcar. Os exportadores aguardam orientações do governo brasileiro sobre adesão ou não do Brasil ao bloco dos países que lançaram sanções contra o governo de Vladimir Putin. O conflito entre Rússia e Ucrânia está acontecendo apenas no território ucraniano, que foi invadido, sem afetar, portanto, a infraestrutura ou logística dos mercados russos. Mas, as exportações brasileiras para a Rússia podem ser afetadas por causa das sanções econômicas anunciadas por diversos países do Ocidente, em movimento liderado pelos Estados Unidos.

Entre as sanções adotadas está a suspensão de vendas e compras de produtos para e do mercado russo e o bloqueio de contas e financiamentos bancários para empresas russas. Por enquanto, nenhuma orientação foi dada pelo governo brasileiro aos exportadores que vendem para a Rússia. O Ministério da Economia ainda não tomou uma posição oficial. O Ministério da Economia afirmou que acompanha atentamente os desdobramentos da crise na Ucrânia e, neste momento, não irá se pronunciar sobre o assunto. Segundo o Ministério da Economia, exportadores brasileiros ainda não relataram dificuldades de exportação à Rússia. Além disso, ainda não foram observados movimentos atípicos nos dados de exportação para a região. A participação da Rússia nas exportações brasileiras está caindo ao longo dos últimos anos. Após bater um pico de US$ 4,6 bilhões, em 2008, as vendas de produtos brasileiros para o mercado russo oscilaram nos anos seguintes, mas com tendência predominante de retração, até chegar a 2021 somando US$ 1,6 bilhão, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Ao longo de todo o ano passado, a Rússia comprou US$ 1,7 bilhão do Brasil e foi apenas o 36º país na lista de mercados consumidores do Brasil, respondendo por 0,6% das exportações brasileiras. Para comparar, em 2008 a Rússia comprou 2,4% das vendas externas do Brasil. Os produtos mais vendidos pelo Brasil para a Rússia em 2021 foram: soja, carnes de aves, carne bovina, amendoim, café não torrado, açúcares e melaço. Apesar dessa participação marginal nas exportações brasileiras, uma redução da demanda russa afetaria alguns negócios, em especial dos segmentos de carnes e grãos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Rússia aparece entre os dez maiores compradores de carnes do Brasil e vem ganhando relevância na pauta de exportação, na medida em que algumas barreiras comerciais e sanitárias estão sendo retiradas. A Sociedade Nacional da Agricultura (SNA) afirmou que, tanto empresários como o governo do Brasil, vêm fazendo um esforço nos últimos anos para abrir o mercado russo aos produtos brasileiros.

Por isso, não faria sentido um alinhamento precipitado às sanções contra a Rússia. Empresários e especialistas em comércio exterior e relações internacionais dizem que não enxergam no radar a possibilidade de uma adesão do Brasil aos países que vão impor sanções comerciais contra a Rússia. Mas, o Brasil ainda deve enfrentar problemas para manter as exportações para a Rússia. Há duas fontes importantes de risco: transportes e pagamentos. As sanções impostas pelos Estados Unidos e outros países incluem medidas que suspendem a atuação de bancos russos e de companhias internacionais de transportes internacionais que fazem todas as etapas da logística entre Brasil e Rússia. Os exportadores brasileiros poderão, então, enfrentar problemas para receber pagamentos relacionados às vendas feitas para Rússia. Os exportadores brasileiros dizem que a cadeia de produção também deve ser afetada pelo encarecimento de insumos por causa do conflito na Ucrânia, algo que já está ocorrendo. O aumento dos preços do trigo e do milho, por exemplo, eleva os custos dos produtores de aves e suínos. Esse impacto terá que ser repassado aos consumidores, no exterior e no Brasil.

Mas, a maior preocupação do setor neste momento é com fertilizantes, já que o Brasil importa da Rússia, por exemplo, 27% dos fertilizantes de potássio e 21% dos fertilizantes de nitrogênio que utiliza na agricultura. Segundo a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), ainda é cedo para analisar os impactos para o setor e para toda a cadeia alimentar diante das sanções internacionais. Mas, há risco de desabastecimento desses insumos. Por outo lado, o conflito entre Ucrânia e Rússia também deve abrir oportunidades para os exportadores brasileiros. Rússia e Ucrânia também exportam carnes e grãos para outros países e uma redução da oferta desses itens por parte da Rússia e da Ucrânia vai abrir espaço para o Brasil atender a demanda. Rússia e Ucrânia também são exportadores de carnes. Não tão grandes como o Brasil, mas têm seus mercados específicos. A Ucrânia, por exemplo, exporta para Europa e Arábia Saudita, dois mercados em que o Brasil é ativo e, portanto, pode ser chamado a suprir uma menor oferta. Já se percebe aumentos de preço e de procura. Fonte: UOL. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.